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Reportagem: Trivium; Bullet For My Valentine; Orbit Culture @ Sagres, Campo Pequeno, Lisboa – 26.02.2025



Foi um verdadeiro encontro de gigantes. Dois dos maiores pesos pesados dentro daquilo que se faz no heavy metal uniram esforços e montaram uma grandiosa tour. O vigésimo aniversário de The Poison e de Ascendancy, dois álbuns icónicos dos Bullet For My Valentine (BFMV) e Trivium, respetivamente, foram o mote para esta digressão que arrancou a 2 de fevereiro em Dusseldorf. Como se não bastasse, o cartaz contava ainda com a emergente banda sueca, Orbit Culture.

Há já algum tempo que não via uma sala tão bem composta a aguardar pela primeira banda. Os Orbit Culture tiveram essa calorosa receção, feita por um Campo Pequeno muito bem preenchido por todos aqueles que quiseram assistir à estreia dos suecos e comprovar ao vivo toda a sua qualidade. Não saíram defraudados, certamente. O quarteto aproveitou bem a meia hora de atuação a que teve direito e logo ao segundo tema surgiu o inevitável circle pit. “From the Inside” era a música mais esperada da banda de death metal melódico e ficou comprovado ao vivo a grande malha que é. A porta ficou aberta para um possível regresso dos Orbit Culture a Portugal, se possível na condição de banda principal.
Faltou apenas “Spit You Out” para que The Poison tivesse sido tocado na integra neste concerto. 

O álbum de estreia dos BFMV é considerado um marco dentro do rock/heavy e continua bem vivo 20 anos após a data do seu lançamento. Isso ficou comprovado nesta noite, pela forma como cada tema era recebido pelo publico que quase esgotou o Sagres Campo Pequeno. O espetáculo começou, no entanto, com um vídeo referente ao início de carreira da banda galesa, enquanto os elementos tomavam o seu lugar no palco. Aos primeiros acordes de “Her Voice Resides”, toda a energia da sala se libertou de forma contagiante, ao ponto de Matthew Tuck prometer desde logo um regresso a Portugal em 2026, com um álbum novo. Esta digressão é a hipótese perfeita para a banda interpretar temas que não são habitualmente incluídos nos seus concertos, o que faz as delícias dos verdadeiros fans. “All This Things I Hate (Revolve Around Me) foi um dos momentos altos da atuação dos BFMV, que ainda dedicaram “the Poison” aos Orbit Culture e aos Trivium. Terminada a missão The Poison, o final fez-se com “Knives” e “Waking the Demon” com Matthew a fazer crowd surfing.

Os Trivium não quiseram ficar atrás dos seus amigos galeses e Ascendancy foi tocado de ponta a ponta. É claro que nos concertos dos Trivium em Portugal há sempre uma surpresa, que até já não é assim um verdadeiro motivo de admiração. Falamos de Toy, é claro. Depois de uma intro com “the End of Everything” a banda dou início à sua atuação com “Rain”. Num palco repleto de microfones, Matt Heafy tinha liberdade para o percorrer em toda a sua largura, algo que não deixou de fazer. Se os Maiden têm em Eddie a sua mascote, os Trivium têm Monte e ele surgiu por trás da bateria de Alex Bent aquando do seu solo. Sensivelmente a meio do concerto, eis que Toy é convidado a juntar-se aos Trivium. O público aplaude e o cantor português ajuda Matt a cantar “Dying in Your Arms”. De seguida um tema novo, cujo nome não vamos mencionar (muito possivelmente escrito naquela mesma tarde, logo após o almoço) e para terminar, a incontornável “Coração Não Tem Idade”. Toy deixou o palco conforme entrou: sob fortes aplausos. Muito satisfeito com o público, Matt referiu que este era sem dúvida o melhor público desta digressão. Elogios a que os portugueses começam a estar habituados. De seguida, dois pedidos: um circle pit gigantesco para “the Deceived” e que todos acendessem as luzes dos seus telemóveis para “Departure”, o que criou um ambiente muito belo no recinto. Como tudo tem de ter um fim, os Trivium também tinham de partir. Desta vez a escolhida para a despedida foi “In Waves”.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Paulo Pereira Tavares
Agradecimentos: Prime Artists