Se o nome de Geoff Tate era por si só motivo suficiente para tirar de casa muitos metalheads da chamada “velha guarda”, o facto de esta digressão ter como mote reviver alguns dos clássicos dos Queensrÿche parece ter convencido os indecisos e assim, tivemos um RCA praticamente cheio. Ivory Lake na primeira parte, num concerto no mínimo, diferente.
Ter sido baterista de Geoff Tate parece ter sido suficiente para que Josh Watts fosse convidado com o seu projeto Ivory Lake, para abrir os concertos ibéricos. O multi-instrumentalista britânico viu-se, no entanto, obrigado a atuar sozinho, consequência da ausência forçada do seu baterista. Tivemos assim uma atuação acústica, com Josh a fazer-se acompanhar apenas da sua viola de caixa. Não era isto que o público certamente esperava, mas verdade seja dita, a coragem e o esforço de Josh foram recompensadas com aplausos no final de todos os temas que interpretou, ficando feito o convite a todos para que ouvissem os temas na sua versão original.
Desde a sua última passagem pelo nosso país, naquela mesma sala, o único resistente da banda de Geoff Tate é o seu baixista Jack Ross, numa formação bastante internacional que conta agora com três guitarristas. Geoff surgiu em palco bastante enérgico e desde logo conquistou a sala com a sua simpatia, mas sobretudo com a coleção de malhas que foi interpretando. Esta viagem aos anos de ouro dos Queensrÿche teve início com “Empire” e prometia algumas surpresas. Como por exemplo podermos assistir ao vocalista fazendo uso de um saxofone durante “the Thin Line” e, embora não seja nenhum John Coltrane, deu bem conta do recado. Geoff esteve também muito comunicativo, confessando o seu gosto por tecnologia após os temas: “NM 156” e “Screaming in Digital”. Num concerto onde não podiam faltar malhas como: “Operation: Mindcrime” e “I Don´t Believe in Love”, chegámos rapidamente a “Jet City Woman” que foi talvez aquela em que o público mais participou com a sua voz. O tema seguinte merecia introdução e Geoff explicou que ao longo da sua vida, já tinha ouvido várias histórias acerca dele e da sua importância na vida de tantas pessoas. Falamos de “Silent Lucidity”, é claro, e este foi o ponto mais alto de uma noite em que eles abundaram. Teria sido a despedida perfeita, mas Geoff voltou e depois de apresentar a sua fantástica banda foi feita uma viagem a Take Cover, com “Welcome to the Machine”, original dos Pink Floyd. O encore terminou com “Take Hold of the Flame” e finalmente “Queen of the Reich”, original de 1983.
Foram praticamente 90 minutos daquilo a que podemos apelidar de um ótimo concerto. Excelentes músicos a acompanharem um vocalista que, apesar dos seus 66 anos, mantém-se em grande forma, conseguindo transportar toda a sala até àquela tão especial década de 80.
Reportagem por António Rodrigues
Agradecimentos: Metals Aliance