
O quinto álbum de originais desta banda belga traz-nos uma sonoridade refrescante, logo com o tema de abertura “In A Haze”, que mistura um riff de guitarra ritmo reminiscente dos Bathory com a alternância de vozes semelhante aos Dimmu Borgir da fase em que contavam com ICS Vortex na segunda voz. O riff de guitarra em si remete para bandas de black metal com inspiração folk como os Saor.
O baixo presente de Boris Iolis ao longo do disco é um dos pontos altos, assim como a troca de versos entre o vocalista Arne Vandenhoek e Boris Iolis traz uma dinâmica ao nível das vozes (limpa e ríspida) que os aproxima dos supra referidos Dimmu Borgir, e também dos Mastodon. Por exemplo, “Palace of Broken Dreams” traz-nos uma bridge em que a voz limpa quase se aproxima da de Ian Gillian dos Deep Purple, enunciando uma letra lúgubre a capella. Esta pausa no tema prende a atenção do ouvinte e é um dos pontos altos do disco.
“Devoid of Empathy” aproxima os Marche Funébre dos Paradise Lost, nomeadamente no tom das guitarras de Kurt Blommé e Peter Egberghs (sendo este o disco de despedida deste último). A voz aqui relembra a de Nick Holmes dos Paradise Lost.
Segue-se “Enter Emptiness”, com uma introdução negra que lembra o disco de estreia dos portugueses Oak, o extraordinário Lone. Trata-se de doom, sim, mas há um raio de luz que penetra através da música lúgubre, nomeadamente cortesia da guitarra solo. A voz é gutural, pesada na enunciação das letras ao contrário dos temas precedentes. Aqui a influência dos Paradise Lost, seja propositada ou não é evidente, tanto na estrutura dos temas, como na dinâmica estabelecida entre os registos de voz.
“Stranded” é um tema mais hard rock, ainda com a voz ríspida, mas com um groove mais solto e animado, aproximando-os dos Seventh Void de Kenny Hickey e Jonnhy Kelly. No entanto, continuando a aproximação ao trabalho dos Type O Negative, neste tema o registo vocal aproxima-se mais de Peter Steele, nomeadamente da fase Kisses Bloody Kisses. O último tema, que dá o título ao disco, segue este lado mais luminoso, mantendo uma toada negra mas com uma abertura para a luz entrar no ouvinte (“There is a crack in everything, that’s how the light gets in”, como dizia Leonard Cohen).
Concluindo, “After the Storm” é um disco eclético com variadas sonoridades que, ainda que assentes num estilo muito estanque, o doom, trazem uma lufada de ar fresco ao género. É um disco que beneficia de várias audições para que o ouvinte possa apreciar as suas variadas camadas e influências. É um lançamento único e interessante de explorar, destacando-se os temas “Stranded” e “After the Storm”.
Nota: 8/10
Review por Raúl Avelar