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O mais recente trabalho de Sylvaine abre com “Dagsenns Auga Sloknae Ut”, cantado em norueguês, sendo a voz acompanhada apenas por um órgão, antes de entrarem os instrumentos de cordas. O cântico acompanhado de forma parca ao nível instrumental relembrando os temas de abertura e encerramento de Nova, o seu lançamento anterior.
Estamos perante um lançamento atípico por parte da cantora, dado que os anteriores eram sempre pautados por uma sonoridade que misturava black metal e shoegaze, à semelhança dos franceses Alcest. Este registo é mais folk em termos de sonoridade e instrumentação, sendo que a agressividade dá lugar à inquietação e calma, um paradoxo que dá o mote para este lançamento. Este paradoxo é gritante no primeiro tema que começa relaxado com a voz mas a melodia arpejada introduzida pelo órgão cria o efeito oposto.
“Arvesttykker” segue-se, começando apenas com voz e teclas, sendo que os coros vão-se tornando cada vez mais intensas até ao crescendo final. A guitarra eléctrica só surge no terceiro tema, sendo seguida aos poucos por instrumentos tradicionais de uma forma lúgubre; a voz cristalina entra quase como um canto fúnebre.
A utilização do silêncio é bastante importante na forma como os temas se vão desenvolvendo e seguindo uns aos outros. A ausência de percussão na maior parte dos temas é algo propositado e que chama a atenção quando surge, nomeadamente em “Livets Dans”, fá-lo pontualmente, marcando a melodia entoada.
O penúltimo tema retoma a melodia arpejada do primeiro, o que torna este álbum num conceito único que deve ser experienciado como se de uma música única se tratasse. O tema-título que fecha o disco é apenas cantado, sem qualquer instrumentação que a acompanhe, dando destaque ao instrumento que se encontra no centro do disco: a voz de Kathrine Shepard.
Concluindo, este EP pode ser visto como o lançamento mais imersivo da cantora, sendo que cada tema tem uma atmosfera própria, mas que se vai diluindo no seguinte, à medida que o disco avança, de uma forma quase conceptual. A sonoridade em si pode designar-se folk, mas há um lado que segue a lógica de música contemporânea, dada a enfâse nas vozes e coros.
As aproximações aos primeiros lançamentos de Myrkur (nomeadamente o auto-intitulado EP de estreia e Mausoleum) são bastante claras, mas há uma enfâse neste lançamento apenas na utilização de instrumentos sem qualquer distorção o que distingue aqui Sylvaine daquela artista, aproximando-a dos Heilung e, especialmente, dos Wardruna. No entanto, falta-lhe só um pouco de maior diferenciação entre os temas, e especialmente um tema que sobressaia face aos demais, o que o impede de se destacar de lançamentos dos artistas acima mencionados.
Nota: 8/10
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Review por Raúl Avelar