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Reportagem: Obscura, Skeletal Remains e Gorod @ L.A.V., Lisboa – 10.02.2025


Mais de uma década depois, os Obscura regressaram a Portugal. A curiosidade pela atuação da banda alemã teve o condão de encher o LAV, num evento que contava ainda com os Skeletal Remains e os Gorod. Muito death metal de cariz técnico/progressivo, como se percebe, género que tem um número significativo de fãs no nosso país.

Talvez por isso a sala já se encontrasse bem composta logo pelas 20h30, quando os Gorod entraram em palco. Apesar de se ter perdido metade do tema inicial devido a problemas técnicos, logo que o som voltou na sua plenitude e deixamos de ouvir apenas baixo e bateria, sentiu-se o impacto da sonoridade do quinteto francês. Esta era uma noite que ficaria marcada pela passagem de grandes executantes em palco e os Gorod aproveitaram bem os 30 minutos a que tiveram direito para mostrar os dotes técnicos de todos os seus integrantes, sobretudo o seu baterista, que recolheu fortes aplausos após um extraordinário solo. O novo material foi muito apreciado, mas foram as velhinhas “The Axe of God” e “Disavow Your God” a fazerem as delícias da audiência. Foi com esta última que os Gorod concluíram a sua atuação, tal como é habitual nos seus concertos.

Apesar de o seu death metal ser mais cru, isso não significa que os Skeletal Remains não sejam também eles bons músicos. A banda americana tocou um ou outro tema que fazia lembrar Obituary, mas o seu som tem mais rotação, muito por culpa do seu baterista, um autêntico animal atrás do kit. A banda americana focou-se muito no seu mais recente trabalho, Fragments of the Ageless e curiosamente, foi mesmo desse álbum que executaram uma das melhores malhas da noite, a instrumental “…Evocation (the Rebirth)”. Boa estreia a deste quarteto que ao terceiro tema já tinha criado um mosh pit que durou até ao final da sua atuação.

Lançado há apenas três dias, A Sonication, o álbum que dá o mote para esta Silver Linings Europe Tour era um autêntico recém-nascido. Recheado de músicas fortes, como ficámos logo a saber, embora os Obscura tenham optado por “Forsaken” para o início do seu concerto. A receita passou por intercalar os temas novos com os clássicos que ajudaram a construir a carreira do quarteto alemão e o resultado foi do agrado do público. Que o digam todos aqueles que participaram incansavelmente no pit que esteve sempre em movimento, assim como os que se dedicaram ao crowdsurfing durante a atuação dos Obscura. Houve também quem preferisse não desviar o olhar do palco. Na verdade, era quase um crime perder os solos feitos pelos guitarristas Steffen e Kevin, sempre ao despique, quando não os faziam mesmo em simultâneo. A banda não se esqueceu da sua última passagem por Portugal e a aventura que foi, deixando o recado de que voltará em breve. A avaliar pelo público presente e pela percetível satisfação do mesmo, parece um bom plano. Não sei se podemos falar em encore, pois, a banda não abandonou por completo o palco, mas a última música da noite foi “Septuagint” que sucedeu a “When Stars Collide”, talvez a mais calma de todo o setlist desta noite.
Os apaixonados pelo death metal deixaram a sala do LAV de barriguinha cheia. Foi uma noite em grande, com boas bandas e bastante público, o que é de salutar. Principalmente se nos lembrarmos que estamos a falar de uma noite de segunda-feira.

Texto por António Rodrigues
Agradecimentos: Prime Artists