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Reportagem: Carcass, Brujeria e Rotten Sound @ Music Station, Lisboa – 28.01.2025


A oportunidade de assistir a um concerto dos Carcass em nome próprio foi um chamamento a que muitos não souberam dizer que não. Bastava atentar na multidão que encheu a sala lisboeta, Music Station, para o comprovar. O cartaz era bastante apetecível, pois nele também constavam, para além dos Rotten Sound, os enigmáticos Brujeria.

Pura descarga de grindcore dada pelos Rotten Sound a todos os que marcaram presença cedo, para assistir à atuação dos finlandeses. Com mais de três décadas de existência, esta era mesmo uma noite old school onde se iriam ouvir muitos temas clássicos. Os Rotten Sound também os têm, mas ao contrário das outras bandas, o seu set viveu muito do mais recente álbum, Apocalypse. Nada que afetasse a reação do público que se manifestou positivamente desde o primeiro tema e mesmo quando o som da bateria foi afetado por um problema técnico, não deixou de aplaudir o quarteto.

O ambiente já estava bem quentinho quando surgiram os Brujeria. Também a sala se encontrava perto da sua capacidade máxima, provando que eles também têm o seu público, algo que ficou bem patente assim que as luzes se apagaram e a banda fez a sua aparição. O circle pit aumentou e os body surfers multiplicaram-se ao som de malhas como “la Migra” e “Christo de la Roca”, por exemplo. A banda está bem viva, apesar de ter perdido Brujo e Pinche Peach no passado ano, que não foram esquecidos e várias vezes foram mencionados em jeito de homenagem. O ambiente estava fantástico na sala e quando Sangrón pediu um charro ao público, o seu desejo foi satisfeito, tendo o referido “manuseado” ido parar aos lábios do baterista que o despachou enquanto tocava. “Matando Gueros” marcou o fim da atuação dos mascarados, com o seu vocalista a empunhar um machete. Viva la revolución.

Só mesmo um peso pesado do metal extremo poderia superar a atuação oferecida pelos Brujeria. O death/grind metal dos Carcass esteve à altura do desafio e o público esteve sempre com Jeff Walker e os seus companheiros. Esta Europa Rigor Mortis Tour pretendia percorrer a discografia da banda e não se ficou pelas promessas. “Buried Dreams” foi o início de uma atuação que viria a visitar mais vezes o extraordinário álbum Heartwork e aos primeiros acordes de “Incarnated Solvent Abuse” parecia que a sala vinha abaixo. Não houve lugar a paragens ou conversas com o público. Foi uma atuação direta, com Jeff a distribuir palhetas constantemente pela assistência e talvez por isso tenha dado a sensação de o tempo ter passado a correr. Após “This Mortal Coil” o quarteto retirou-se, voltando pouco depois para uma despedida à altura do espetáculo que ofereceram. “Corporal Jigsaw Quandary”, “Ruptured in Purulence” e “Heartwork” foram as últimas, com um solo de bateria algures pelo meio. Foi o suficiente para que ninguém se mostrasse insatisfeito com a atuação da banda britânica que, ao contrário do nome escolhido para esta tour, se encontra bem viva.
O público lisboeta rendeu-se a este cartaz e às atuações das bandas que nele constam. Segue-se o Porto numa iniciativa que é sempre de louvar: duas datas em solo nacional.


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Hugo Andrade
Agradecimentos: Sonic Slam