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Reportagem: Airbourne e Asomvel @ Cineteatro Capitólio, Lisboa – 14.02.2025



Parece que o Dia dos Namorados passou para segundo plano. Esta era uma noite para rock n´roll, daquele com pelo na venta, e não para namoricos. Bandas em cartaz: Asomvel, que nos fazem lembrar a do malogrado Lemmy e ainda os Airbourne, que nos voltavam a visitar após o fantástico concerto dado com os Iron Maiden no Estádio Nacional.

Não é apenas a indumentária e todo o visual, é também a sonoridade.  Os Asomvel são os verdadeiros discípulos dos Motorhead e, adaptando à música as palavras de um treinador de futebol alemão, se amas rock n´roll, amas os Motorhead. O público presente, que por esta altura enchia já metade da sala, ansiava pelo início do espetáculo que havia sido antecipado para as 20h45. E foi pontualmente a essa hora que as luzes se apagaram e se começou a ouvir o tema que serviu de banda sonora ao filme Rocky. A banda entrou em palco a fazer desde logo aquilo que faz melhor: tocar rock n´roll e logo com “Louder and Louder” que foi apenas a primeira de tantas outras que fizeram as delícias de uma audiência que parecia insaciável e pedia mais e mais. O novo álbum, Born to Rock n´Roll, forneceu vários temas para esta noite e, apesar de terem sido gravados em 2024, podiam muito bem ter sido escritos na década de 80, pois a boa música rock não envelhece e o quarteto inglês sabe-o.

Este concerto encontrava-se esgotado, lembre-se. Parece que a boa atuação da banda australiana na sua última passagem por Portugal não ficou esquecida e foram muitos a querer ver do que seriam capazes atuando em nome próprio. Bem, decerto que ninguém saiu defraudado. Se era rock que procuravam, foi isso mesmo que receberam e com uma energia que só pode ser providenciada por quem ama verdadeiramente o que faz. Também aqui encontramos paralelismos com outra gigante banda. Os pontos em comum com os AC/DC não se ficam pelo país de origem, pois o seu som característico influencia descaradamente os Airbourne, só que eles servem-no com uma dose extra de potência. “Ready to Rock” foi a primeira malha e se era uma questão, foi perentoriamente respondida de forma afirmativa. Grande parte de “Girls in Black” foi tocada com Joel entre o público, percorrendo a audiência encavalitado num membro do seu staff. Algumas outras notas a realçar, como por exemplo a sala iluminada por isqueiros em “Bottom of the Well” e não por luzes de telemóveis, o que por um momento levou todos de volta ao século 20. Também houve lugar a um circle pit, em “Breakin´ Outta Hell”, algo comum em tantos outros concertos, não tanto nos de rock.

A banda dos irmãos O´Keeffe tinha o público na mão e para despedida, Joel começou a preparar algumas bebidas que ia despachando pela audiência, nem sempre com sucesso, diga-se, mas choviam copos quando “Stand Up For Rock n´Roll” se começou a ouvir. Um concerto de rock n´roll não pode terminar sem o tradicional encore e os Airbourne voltaram com a já conhecida sirene manual de ataque aéreo, que o vocalista acionou, em jeito de introdução para “Live it Up”. Para terminar em grande, “Rock n´Roll For Life”, logo seguida do clássico “Runnin ´Wild”.
Seria difícil pedir mais de um concerto deste género. Sala cheia, bom ambiente e muita energia, tanto em palco como entre a audiência, numa noite que foi um verdadeiro tributo ao rock.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Paulo Jorge Tavares
Agradecimentos: Prime Artists