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Qualquer pessoa normal poderia ser afetada por um infarto do miocárdio, mas isso não iria deter o regresso de Phil Mogg à atividade musical.
Após ter sido vítima de um ataque cardíaco em setembro de 2022, o músico foi aconselhado pelos médicos a cessar todas as atuações ao vivo. Isso precipitou o anúncio do final da carreira dos míticos UFO.
Devo confessar que o regresso deste músico em 2024 surpreendeu-me, mas ainda bem que voltou.
Sou apreciador do seu timbre vocal, que não é fácil de categorizar, e as suas vocalizações intensas e determinadas sempre foram do meu agrado. Pode não ser o vocalista mais técnico, mas, à semelhança de Mick Jagger, canta com uma convicção e carisma inatingíveis pela maioria dos intérpretes com metade da sua idade.
Por outro lado, a sua prosa urbana torna as letras enigmaticamente intemporais, e podemos ler as letras, que tocam questões da vida quotidiana, num prisma sui generis, sempre com uma pitada de ironia e uma imaginação caleidoscópica. Se o Jon Bon Jovi tivesse metade do talento deste senhor para escrever letras, os álbuns dele seriam bastante mais interessantes.
Felizmente, pelo menos em estúdio, não parecem ter ficado nenhumas mazelas do problema de saúde que sofreu, e a sua entrega a cada linha vocal, a cada melodia, é sempre a mais acentuada.
À margem dos UFO, Phil liderou os projetos Mogg/Way e Sign of 4, e este Mogg's Motel segue a mesma linha desses grupos. Um hard rock bastante personalizado, com riffs fortes, ritmos de bateria e baixo sólidos como um muro de betão. Tudo unificado pela voz de Phil Mogg, que, com 76 anos, não mostra sinais de perda de capacidade vocal. Há um senhor com 62 anos que cantou no álbum mais recente do guitarrista Michael Schenker (Ex-UFO) e quase falha redondamente na interpretação do tema Love to Love, mas isso é um tema para outra apreciação.
Na banda destacam-se os talentos de Neil Carter (Ex-UFO, Gary Moore, etc.) nas guitarras e teclados, Tony Newton (Voodoo Six) no baixo e teclados, Joe Lazarus na bateria e Tommy Gentry nas guitarras.
É bom voltar a ouvir um talento desta envergadura a fazer aquilo que claramente adora fazer, até pela questão do ataque cardíaco (insignificante para este senhor). Por outro lado, sinto que este tipo de músicos é uma espécie em vias de extinção, enquanto ficamos cada vez mais escravos da tecnologia e dos truques de estúdio para compor e tocar música.
Nota: 8/10
Ouvir Moggs Motel, no Spotify
Review por Nuno Santos