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Entrevista aos Cryptosis



Negro, atmosférico e inovador. Estes são três de muitos adjetivos que de facto descrevem o próximo álbum dos Cryptosis, Celestial Death (2025).
O trio holandês ultrapassou os seus limites e decidiu progredir do seu primeiro álbum para algo diferente e único. Tivemos a oportunidade de conversar com o Frank Te Riet, para saber como os Cryptosis evoluíram até hoje e por onde vão andar em tour em 2025.
Celestial Death (2025) será lançado no início de março com diversas edições limitadas, disponível em plataformas online de streaming e comporta o epítome da banda nos tempos modernos.

M.I. - Já se passaram 4 anos desde que Bionic Swarm (2021) foi lançado. O que é que a banda tem feito durante este tempo?

O tempo de pandemia foi um pouco desafiante para nós. Quando assinamos o contrato com a Century Media Records, pensamos que a pandemia iria terminar em breve e pensamos em jogar pelo seguro e lançar o disco Bionic Swarm daqui a um ano.
Isto não funcionou. Tivemos que adiar todos os planos e todo o trabalho, e quando voltamos de tour, o álbum já tinha 2 anos. Houve algum tipo de contratempo, porque perdemos um pouco daquele interesse. Viajamos pela Europa durante seis semanas; fomos a Lisboa, o que foi realmente incrível. Miami também foi espetacular. Depois disso, começamos a compor e entramos em contato com o Steffen Kummerer, dos Obscura, e ele gosta muito da nossa banda e queria levar-nos noutra tour com os Cynic.
Já tínhamos bastante material que havíamos escrito antes. Já estava na hora de lançar um EP com as novas músicas. Isto deu-nos a oportunidade de conferir o que estávamos a gravar, a ver se estávamos na direção certa. Basicamente, quando voltamos da tour, em março de 2024, fomos imediatamente para o estúdio. Gravamos até agosto e depois do verão começamos a promover o novo álbum.


M.I. - Não é nenhum mistério que os Cryptosis têm as suas raízes e influências no thrash metal da velha guarda, em bandas como por exemplo os Sodom, Slayer e Destruction. Falando em termos sonoros, atualmente, como categorizarias a banda?

Não tanto thrash metal, muito mais cinematográfico, sombrio e atmosférico. Tem muita técnica na guitarra e na bateria, o que não sucedia tanto anteriormente.
Se gostas de ouvir bandas como os Emperor ou Dissection, tudo pode ser encontrado nas nossas músicas.


M.I. - Qual é a segredo para fazer os Cryptosis funcionar como um trio fenomenal?

Acho que o ingrediente principal é que somos um pouco estranhos! Na cena do metal temos músicas diferentes, mas o nosso segredo é que gostamos de ouvir coisas diferentes.
Quando nos reunimos, todos colocam a sua impressão digital nas músicas, num padrão geral. Se retirares um de nós os três, a banda vai soar completamente diferente, e acho que isso é algo único que temos. É isso que nos define.


M.I. - Vamos falar sobre o próximo álbum, Celestial Death (2025). Definitivamente não é o som e a atmosfera tradicionais que os fãs vão esperar. Podes contar-nos as ideias e objetivos principais na criação deste novo disco?

Em Bionic Swarm fomos até ao topo com velocidade, técnica e exibição. Demos tantos concertos e, ao mesmo momento, começou a ficar um pouco aborrecido.
Começamos a questionar-nos acerca de como poderíamos desafiar-nos de uma maneira diferente. Passamos muito tempo juntos nos últimos dois anos, então tivemos a oportunidade de discutir o que podíamos fazer.
Com o passar do tempo, fomos para o estúdio e aplicamos o que abordávamos. Com Bionic Swarm aprendemos tudo, principalmente a parte atmosférica que sempre ficava em segundo plano. Para este álbum, queríamos trazê-la de volta, dar espaço para esses instrumentos respirarem, ou seja, a guitarra tem que ficar retida. Esse é a maior segredo, e a forma de compor é diferente de antigamente. Consideramos como uma música deveria de facto encaixar numa determinada atmosfera, como conseguir aquele som e assim por aí adiante. É uma grande curva de aprendizagem para nós e creio que chegamos a superar-nos.
No meu caso, costumo ouvir muitas músicas como os Massive Attack, Aphex Twin, etc., que são bandas que os outros não gostam muito. De vez em quando, consegues abrir mais a tua mente mais, incorporar diferentes músicas estranhas na tua banda e adaptá-las num novo álbum.


M.I. - O vídeo “Reign of Infinite”, gravado pela F53 Films, retrata um cenário distópico e orwelliano. Quem criou esse conceito e onde foi gravado?

Foi uma ideia minha. As músicas falam sobre a ascensão de um novo deus. Algo que não existia no passado e que é algo novo. Falamos com uma produtora de cinema que já realizou muitos vídeos. 
Eu queria muito levar este vídeo avante, principalmente por causa da F53 Films, e chegámos a gravar na nossa cidade. Temos alguns amigos e fãs locais e que lhes pedimos que participassem no vídeo. Precisávamos de cenas e movimentos específicos no vídeo, o que acabou por acontecer muito bem.


M.I. - Podemos afirmar que é um álbum muito pessoal, que trata de questões sociais como a perda, luta emocional, mas também faz parte de um rebanho como um coletivo, como podemos ouvir em “Faceless Matter” e “The Silent Call”?

Eu concordo definitivamente. É de certa forma a nossa nova identidade e adapta-se ao mundo de hoje. Vejo a nova geração que não se importa nem pensa nisso, apenas assume que as coisas são assim, sobretudo em “Faceless Matter”.


M.I. - Parece que vocês são apaixonados pelo formato do vinil. Além da edição limitada em vermelho cor de sangue, podemos esperar outros ou diferentes formatos?

CD, packs limitados como os vermelhos que mencionaste e também em preto. Por enquanto é isso, queremos ver como vai o mercado se vai comportar compra destas edições. Talvez, no futuro, façamos uma reedição ou uma edição manchada.
Além disso, o álbum estará disponível, é claro, nas diferentes plataformas online de streaming.


M.I. - Queremos ver-vos em Portugal! Algum plano futuro para um concerto ao vivo este ano?

Na verdade, estamos a trabalhar com algumas coisas em Portugal e Espanha, durante o outono. Temos uma agência de reservas espanhola que nos levou a agendar uma tour por aí, mas fora isso, vamos fazer uma tour pela Europa com os Onslaught e durante o verão vamos até à América Latina. A Escandinávia também está no nosso radar, por isso vai ser um ano muito agitado.

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Entrevista por André Neves