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Sempre vi estes dinamarqueses como uma espécie de Slade do século XXI, com uma conjugação quase perfeita de hard rock e um sentido de humor refinado.
Esta mescla é o que pauta a carreira desta banda há cerca de 40 anos, liderada desde sempre pelos irmãos Jacob e Jesper Binzer, na guitarra e nas vozes, e na guitarra rítmica, respetivamente. Destacam-se pela presença sempre colorida de Stig Pedersen no baixo de duas cordas, sendo a sua prestação mais notável nos espetáculos ao vivo, onde pode surgir com um baixo em forma de foguetão, caveira, entre variadíssimas outras formas que a sua imaginação delineia. E, por fim, temos o “benjamim” da banda, o excelente baterista Laust Sonne, que se juntou às fileiras dos D-A-D em 1999.
Para aqueles que estejam menos familiarizados, como, por exemplo, os que só têm os discos dos Sepultura até ao Chaos A.D. (embora eu não seja de todo apreciador da voz do Derrick Green, há discos fabulosos instrumentalmente na carreira pós-Max Cavallera) ou os que só conhecem Slayer até ao Seasons in the Abyss (fiquem a saber que todos os discos são bons, embora com níveis variáveis de consistência), esta banda pode ter só um tema instantaneamente reconhecível, o inevitável Sleeping My Day Away. No entanto, os seus trabalhos discográficos são sempre interessantes e repletos de detalhes que revelam uma capacidade composicional muito acima da média.
Tal como outras bandas, por exemplo, os Thunder ou os The Quireboys, que, devido à inércia das pessoas em conhecer outros projetos para além dos que conheciam até 1992, também estes senhores presenteiam-nos sempre com trabalhos de qualidade superior, bem gravados e bem tocados (por músicos reais, não por qualquer artimanha de estúdio).
Este décimo terceiro trabalho de estúdio não é necessariamente um sucesso retumbante, mas podemos sempre contar com um trabalho competente e espontâneo. Ao contrário das tentativas cada vez mais pretensiosas dos Metallica em capturar uma juventude e um fulgor que já não têm há mais de 20 anos. Mesmo em bandas como os Megadeth, onde pontifica o Sr. Dave Mustaine a liderar um grupo de jovens, o som já não é o mesmo, e a intensidade da interpretação acaba por ter um pendor mecânico e demasiado clínico.
Nas entrevistas relacionadas com o lançamento deste trabalho, os músicos foram todos enfáticos na forma como o divulgaram, dizendo ser o melhor dos últimos anos, tendo selecionado 14 das 40 canções que gravaram. Imaginem se os Metallica tivessem feito o mesmo com as gravações do Load/ReLoad.
Na minha opinião, é um disco bastante interessante, se bem que não deixo de ter aquela perceção que tenho ao ouvir os últimos trabalhos dos Iron Maiden. São bons, mas já apresentam um nível de conforto composicional em piloto automático, que não me cativa. Se a minha opinião mudará? Só o futuro o ditará.
Ainda conseguem, como ninguém, combinar riffs pesados (que fariam Zakk Wylde corar) com melodias que remetem para os Beach Boys ou os Beatles, com solos e acordes de “jazz”, cortesia de Jacob Binzer. Tudo isto conectado pela interpretação vocal insolente e jocosa de Jesper.
Em suma, continuam a ser uma banda interessante de se ouvir, de ver ao vivo e de curtir sem preocupações com a temática das letras e sem precisar de estudar análise musical para entender.
Nota: 7/10
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Review por Nuno Santos