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Reportagem: Kreator, Sacred Sin e Toxikull @ Sala Tejo, MEO Arena, Lisboa - 16.12.2024



Seis meses após a atuação dos Kreator ter sido adiada devido a problemas técnicos, a banda germânica voltou a comparecer na mesma sala de espetáculos para dar uma merecida recompensa aos seus fãs pela longa espera. Mais uma vez, a Sala Tejo esteve bastante bem composta, naturalmente por todos aqueles que tinham o bilhete para a data anterior e que puderam comparecer nesta, e quiçá mais alguns seguidores do famoso grupo de thrash metal que não puderam estar lá em junho, quer por motivos pessoais quer por terem optado por outros espetáculos importantes que se realizaram no mesmo dia.

Aqueles que estiveram presentes a 15 de junho na primeira data e puderam assistir à banda de abertura, antes do balde de água fria que não terem visto os Kreator, tiveram a oportunidade de rever a sólida proposta musical portuguesa chamada Toxikull, que presentearam o público que ia chegando à sala com o seu heavy speed metal de qualidade, com mais uma performance pautada pela garra, profissionalismo e paixão, e com músicas como "Under the Southern Light", "Around the World" e "Cursed and Punished" a mostrarem um pouco da versatilidade da sua curta mas interessante discografia. Em boa hora a promotora do espetáculo decidiu escolher novamente a banda de Lex Thunder para a abertura do espetáculo, um bom deja vu para os que haviam estado na Sala Tejo a meio de junho.

Se os Toxikull são uma das mais sólidas propostas musicais do panorama da música pesada nacional dos últimos 10 anos, os Sacred Sin são um dos nomes mais lendários do nosso metal, por isso a decisão de os incluir no cartaz como bónus, nesta nova data, foi extremamente feliz, tendo adicionado qualidade e variedade ao cartaz. Se os Toxikull foram o nome mais melódico da noite, os Sacred Sin presentearam a plateia, nesta épica natalícia, com o poderio do seu death metal old school made in Portugal, de uma forma extremamente eficaz, tendo sido a proposta musical mais extrema da noite, sem no entanto ofuscar o brilho dos cabeças de cartaz, que aliam como ninguém o peso e melodia. Dá gosto ver a perícia em palco e presença de músicos como Tó Pica e José Costa, bem como o sangue novo que os membros mais recentes, Ricardo Oliveira e Luis Coelho, deram ao grupo. O quarteto tocou uma dezena de temas, tendo "viajado" por vários álbuns da sua longa carreira, tendo tocado clássicos como "The Chapel of Lost Souls", "Darkside", "Eye M God" e "Ghoul Plagued Darkness", faixas mais recentes como "Vipers - Rise from the Underground" e "Storms over the Dying World", tendo havido a oportunidade para apresentarem a meio do concerto uma música nova intitulada "Midnight". José Costa afirmou que a banda teve muito gosto e que foi um prazer estar lá, e possivelmente foi um prazer também para os fãs de Sacred Sin presentes no recinto e os espectadores no geral.

O que dizer de mais uma performance demolidora por parte dos Kreator em Portugal? Desde 1993, que a banda de Mille Petrozza e Ventor habituou os fãs portugueses à sua passagem, e desde aí vieram cá com alguma regularidade, não como uns Metallica, mas o número suficiente de vezes para deixar os seus seguidores satisfeitos. Sendo uma das mais míticas bandas de thrash e do metal em geral, o quarteto angariou ao longo dos anos um conjunto de temas emblemáticos invejável e ao nível dos melhores nomes do género, nunca se agarrou aos "êxitos" do passado e foi adicionando as mais memoráveis faixas dos seus álbuns mais recentes aos alinhamentos dos concertos, com o excelente resultado que se viu mais uma vez nesta noite de celebração do metal. O desfilar de clássicos e temas fortes dos últimos álbuns, tocados com toda a intensidade que sempre caracterizou as atuações de Kreator, começou com o tema-título do último álbum, "Hate Über Alles", e terminou com a poderosíssima e velocíssima "Pleasure to Kill". Tocaram faixas de 12 dos seus 15 álbuns, logo foi um prato cheio para os fãs de longa data e para quem gosta de alguma das fases da carreira do grupo, não houve surpresas, os temas habituais foram tocados e o público respondeu com uma receção enérgica e calorosa, tendo gritado Kreator por algumas vezes, entre temas, dando sinais de grande entusiasmo e contentamento pelo que se encontrava a assistir. Petrozza dedicou a recente "Strongest of the Strong" aos Sacred Sin, aos Toxikull e para todos os presentes na sala de espetáculos em sinal de humildade de agradecimento. Os fãs também agradecem seguramente por mais um concerto de grande nível, imaculado e sem momentos fracos.


Texto por Mário Santos Rodrigues
Fotografia por Paulo Pereira Tavares
Agradecimentos: Prime Artists