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Entrevista aos Black Satellite


Vindos de Nova Iorque, os Black Satellite, liderados pela vocalista Larissa Vale, estão a criar ondas na cena rock com um som que funde influências industriais e metal. A banda continua a inovar através de trabalho árduo e de digressões ininterruptas. Os Black Satellite concluíram recentemente uma digressão pelo Reino Unido e pela Europa com os Cradle of Filth no Outono de 2024 e vão fazer-se à estrada na Primavera de 2025 com os Coal Chamber. A banda concluiu recentemente a composição e gravação do seu segundo álbum “Aftermath”, misturado pelo produtor veterano Ben Grosse (Marilyn Manson, Breaking Benjamin, Filter) com faixas produzidas por Kane Churko (Papa Roach, In This Moment).
Poucos dias antes de tocarem pela primeira vez em Portugal, Larissa esteve à conversa com a Metal Imperium. Leiam aqui a entrevista...

M.I. - Vocês estão em digressão com os Cradle of Filth e as Butcher Babies aqui na Europa. Como está a correr?

Está a correr muito bem. Temo-nos divertido muito. Esta é a nossa primeira digressão europeia e tem sido muito bom ver o público a divertir-se a cada noite.


M.I. - Quão compatíveis são os Black Satellite e os Cradle of Filth? Achas que têm fãs em comum?

É realmente interessante, porque é algo totalmente diferente, como é óbvio. Fizemos duas digressões pelos EUA com eles no ano passado e vimos que as pessoas gostaram. Não sei se as pessoas querem ouvir black metal a noite toda, por isso acabas um pouco com isso. Estamos mais no lado industrial e depois há as Butcher Babies e os Cradle of Filth e acho que é um cartaz muito interessante e parece estar a funcionar muito bem.


M.I. – Bem, hoje em dia é possível fazer uma digressão destas. Há umas décadas não era realmente possível, porque se era black metal, tinha de ser black metal do início ao fim.

Foi o que eu pensei, mas, como disse, testámos as águas nas duas digressões que fizemos com eles no ano passado e pensámos “Vamos levar isto para a Europa!”, por isso é bom que as pessoas tenham a mente mais aberta.


M.I. - Quão complicado é partilhar um autocarro com outras bandas durante semanas a fio?

Quer dizer, na verdade estamos numa carrinha porque as Butcher Babies e os Cradle of Filth estão a partilhar o autocarro e acho que há 18 pessoas lá, não há espaço para mais ninguém. Por isso, estamos numa carrinha e ficamos hotéis e toda a banda partilha um quarto, por exemplo, ontem à noite só havia uma cama no hotel, portanto eu e o meu baterista tivemos de dormir no chão. E fiz isso na noite anterior também.


M.I. - E os hotéis permitem isso? Quatro pessoas a dormir num quarto?

Obviamente que não, mas nós temos um sistema.


M.I. - Então o hotel não está incluído no vosso orçamento? A editora paga a estadia?

Estamos nós a financiar isso! É bom tomar banho também. Nos últimos dias dormimos duas horas, 3 horas, por isso finalmente hoje tive a oportunidade de tomar banho e voltar a pentear o cabelo e sinto-me um novo ser humano.


M.I. - A digressão com os Coal Chamber foi adiada para março de 2025. Qual a importância das digressões para os Black Satellite?

Acho que é extremamente importante aumentar a nossa base de fãs. Fizemos 11 digressões nos EUA. Esta é a nossa primeira digressão pela Europa e, por isso, estamos a construir tudo o que já fizemos.


M.I. - Têm feito digressões com os Cradle of Filth e adiaram uma com os Coal Chamber. Estão a conseguir vagas em cartazes importantes!

Tem sido realmente ótimo e estamos muito gratos pelas oportunidades. Temos uma gestão realmente ótima e colocamos tudo o que temos em cada espetáculo, toda a nossa paixão e inspiração. Penso que pode parecer mais um dia na estrada para nós, mas, para o público, pode ser algo que eles vão recordar para o resto da vida, por isso temos de dar 100% ou mesmo 110% todas as noites. Não importa como nos sentimos, quantos concertos fizemos, precisamos de lhes dar algo para recordar.


M.I. - Na próxima semana vão tocar em Portugal... este será o vosso primeiro concerto em território português. Quais são as suas expectativas?

Não sei bem, é um bocado interessante… não sabemos o que esperar a cada noite em cada país diferente. Quando ouvimos a música de introdução a tocar, chegamos lá e nos primeiros segundos sabemos… “temos este público na mão”, por isso estou entusiasmada, é como uma roleta russa todas as noites.


M.I. - Para o público português que não conhece a banda, o que nos podem contar sobre os Black Satellite? Como e quando tudo começou?

É interessante porque não tenho muitas inspirações vocais femininas, o que é engraçado. E, a forma como canto é o reflexo todas as bandas que adorei enquanto crescia e realmente não importa em que corpo estou, só quero soar tão intimidante e agressiva como todos os vocalistas masculinos que cresci a ouvir.


M.I. - Fale-nos sobre esses vocalistas! Quem são?

O Jonathan Davis e o Marilyn Manson principalmente.


M.I. - Que idade tinhas quando percebeste que o rock n’ roll tinha de fazer parte da tua vida? Quando é que percebeste que querias viver esta vida assim?

Quando tinha, literalmente, seis ou sete anos. É o único sonho que já tive na minha vida. Nunca quis fazer outra coisa. Lembro-me de estar na terceira classe a tentar formar uma banda com os meus colegas. Eles não prestavam, por isso pensei “Acho que vou fazer karaoke em casa!”.


M.I. - Que bandas te influenciaram sonoramente?

Marilyn Manson, Korn, Soundgarden, Alice in Chains, Rob Zombie, esse tipo de coisas.


M.I. - Porque optaste pelo nome “Black Satellite”. Qual é o significado para ti?

Gostava de ter uma história realmente interessante para isto, mas achei que parecia fixe quando tinha 15 anos e depois simplesmente pegou.


M.I. - Consegues criar novo material com a digressão ininterrupta em que embarcaste?

Não creio que isso complique necessariamente. Adoro apenas seguir em frente, não gosto de estar muito tempo em casa. Obviamente, reservámos algum tempo para ir a Las Vegas no ano passado para gravar também algumas músicas novas. Estes serão os novos lançamentos que serão publicados pouco antes da digressão com os Coal Chamber e, no início deste ano, lançámos três videoclipes. Eu adoro continuar a trabalhar, quero estar sempre ocupada, por isso acho que é realmente ótimo preencher essas lacunas na nossa agenda de digressões.


M.I. - O que te inspira a escrever as letras e a música? Estar em digressão influencia a sua escrita de alguma forma?

Essa é uma boa pergunta! Vejo muitas outras bandas a atuar e conheço pessoas com quem fazemos digressões. Faço questão de ver o concerto deles sempre que posso, porque é como se fosse educação gratuita. São pessoas que já fazem isto há mais de 20 anos e é uma dádiva poder vê-los todos os dias e dizer “Oh, isto foi muito fixe! Talvez devesse tentar algo do género!”. Com todas as 12 digressões que fizemos, estou constantemente a absorver algo, por isso sinto que o nosso espetáculo está a chegar a um ponto muito bom. Mesmo com a química com os membros da banda e tudo mais, é tão sólido que ficamos tipo “Bem, quão mais louco podemos tornar este concerto?”. Estamos a saltar e animar a multidão! É muito divertido!


M.I. - A banda tem recebido críticas arrebatadoras. Achas que as pessoas ainda leem críticas e podem ser influenciadas por elas?

Honestamente, não tenho a certeza, mas mesmo que apenas algumas pessoas as leiam, ainda é extremamente valioso porque, como disse, neste momento, estamos apenas a tentar aumentar a nossa base de fãs, uma pessoa de cada vez, por isso não posso excluir isso, continuo a achar que é uma coisa realmente ótima.


M.I. - O single “Broken” do vosso segundo álbum já foi editado há mais de um ano. Quando será lançado o álbum “Aftermath”? O que podem os fãs esperar? O que está a causar o atraso?

Na verdade, íamos lançar outro single, era para ser em agosto, antes da digressão com os Coal Chamber, que foi adiada, por isso tivemos de alterar um pouco o nosso calendário de lançamentos para o próximo ano. Depois vamos lançar alguns singles novos provavelmente em meados de fevereiro e talvez, algumas semanas depois, mais alguns singles e talvez o álbum no verão, espero.


M.I. - E o que está a provocar todos estes atrasos? 

Acho que é realmente útil lançar música logo no início destas grandes digressões, por isso, quando a digressão dos Coal Chamber foi adiada, tivemos de mudar um pouco os nossos planos.


M.I. - O disco foi misturado pelo veterano produtor Ben Grosse com faixas produzidas por Kane Churko. Quão satisfeita estás com o resultado final?

Muito satisfeita!! São pessoas que sempre admirei pelo seu trabalho. O Ben Grosse fez muitos álbuns que eu realmente adoro e o mesmo com o Kane Churko e é muito bom crescer e depois trabalhar com pessoas que te inspiraram quando eras mais novo. O álbum já está produzido e está tudo pronto.


M.I. - Agora ouvindo-o, pensas “Ah, devíamos mudar isto e aquilo”? Tens esse sentimento?

Eu sei que muitos músicos são assim, mas eu tento apenas deixar ir, percebes? É do género “Ok, já fiz! Está feito! Vou apenas divulgá-lo para o mundo!”. Mesmo que goste de alguma coisa ou não goste muito, estou apenas a dá-lo aos fãs, já nem é meu! Tornam-se as suas músicas também.


M.I. - Acreditas que o facto de os Black Satellite terem sido nomeados uma das “12 bandas que tens de conhecer” pela Alternative Press, numa edição impressa da revista, pode ter contribuído para o vosso sucesso?

É definitivamente muita validação! Sabes, estás sempre à espera que a primeira pessoa dê o seu selo de aprovação e isso meio que abre o caminho! Há algumas semanas, estivemos na edição impressa da Metal Hammer e depois online também escreveram “Quatro novas bandas de metal que tens de espreitar esta semana!” e fomos incluídos! Eu nem sabia e uma pessoa enviou-me e eu fiquei “Oh meu Deus! Isto é tão fixe!”. Sinto-me muito honrada e muito lisonjeada.


M.I. - Ser músico a tempo inteiro é mais fácil ou mais difícil do que imaginavas?

Melhor do que tudo o que eu possa imaginar! Assim que começámos a digressão, pensei “Ok! É aqui que preciso de estar! Nunca mais voltarei a casa e acho que a minha família estava tipo “Oh, merda, acho que a perdemos!”. (risos)

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Entrevista por Sónia Fonseca