Esta foi uma noite para a chamada velha guarda. Estamos a falar do primeiro concerto em Portugal de um grupo musical com quase 50 anos de existência. Uau!! Os Riot foram a banda sonora da vida de muitos avôs e continuam aí para as curvas. Nós e o público que quase encheu o R.C.A. tivemos oportunidade de o comprovar. Eu diria que a estreia da banda americana valia por si só o preço do bilhete, mas tivemos convidados de luxo. Não apenas os espanhóis Azrael, que também se estreavam no nosso país, mas também os nacionais Speedemon.
Estes últimos são uma das melhores bandas portuguesas do momento. Quem os conhece deve ser da mesma opinião. O álbum Hellcome de 2019 está repleto de grandes malhas e tem sido demasiado espremido. Sabendo disso, a banda tem apresentado alguns temas novos que figurarão num segundo trabalho que tarda a chegar. “Fall of Man” é uma delas e resulta bem ao vivo, no entanto, foi “Thunderball” que fez as delícias daquela meia sala que chegou mais cedo para assistir à atuação da banda de Vila-Franca-de-Xira. Grande concerto de speed metal, tal como eles já nos habituaram, tendo o quarteto terminado com outra música nova, “Speed on Fire”.
Seguiram-se os Azrael que entraram com a corda toda. Principalmente o vocalista Marc Riera, detentor de uma pujante voz e que se revelou ainda um verdadeiro frontman, incansável a puxar pelo público, acabando por o conquistar. O heavy metal da banda da Andaluzia foi do agrado do público presente, independentemente de ser cantado em castelhano. A tal ponto que Marc deixou no ar a possibilidade de uma próxima visita, mas em nome próprio. O mais recente álbum Dimensión V foi por diversas vezes visitado, mas houve também oportunidade para alguns temas mais antigos, como “Volver a Nacer” ou “Sacrifício”. O quinteto, que conta já com mais de três décadas de existência, deixou boa impressão e foi fortemente aplaudido quando deixou o palco.
Os bilhetes para os concertos dos Riot podem não esgotar numa manhã, mas não é por isso que eles deixam de ser um pilar do heavy metal. Longe da formação original, estes músicos que integram atualmente a banda americana são de topo, mostrando dominar os instrumentos que utilizam. Se juntarmos a isto um vocalista com a qualidade de Todd Michael Hall, temos os ingredientes necessários para uma grande noite de música, preenchida com clássicos que fizeram as delícias de gerações. “Hail to the Warriors” foi o arranque de uma noite inesquecível, com o público presente a cantar os temas juntamente com a banda. Cada um deles ao ser anunciado era recebido com excitação e terminava invariavelmente sob fortes aplausos. O álbum Thundersteel foi o que mais músicas forneceu para este concerto, provando ser um marco incontornável na carreira da banda. “Fight or Fall” foi apenas uma, entre tantas outras.
O baixista Don Van Starven esteve sempre acompanhado por uma garrafa de tequila e ia distribuindo o seu conteúdo pelo público que se encontrava nas primeiras filas. Parecia o mote necessário para um dos temas mais aplaudidos da noite. Falo de “Swords and Tequila”, como não podia deixar de ser, que foi interpretada imediatamente antes da obrigatória “Thundersteel”. Se existem concertos que passam demasiado depressa, este foi certamente um deles. Não houve momentos maçadores, apenas temas clássicos, uns atrás dos outros e quando se deu por isso, os Riot estavam a despedir-se. Ficámos a saber que as músicas para o encore são selecionadas na altura, respeitando a vontade da banda naquele momento. As escolhidas para este concerto foram: “Outlaw”, “Take Me Back” e por fim, “Sign of the Crimson Storm”.
Hoje muitos podem dizer com satisfação que já assistiram a um concerto dos Riot. Vamos esperar que a banda nos volte a visitar num futuro próximo, pois esta experiência merece ser repetida.
Texto por António Rodrigues
Fotografias por Paulo Pereira Tavares
Agradecimentos: Metals Alliance