Confesso que pensei que a escolha do Campo Pequeno para a estreia dos Falling in Reverse em Portugal fosse demasiado audaciosa. Enganei-me redondamente e o concerto acabou por esgotar. Muito antes do seu início, já os fãs da banda norte americana se iam reunindo junto às entradas para o recinto, mesmo com a antecipação de horário que se verificou na véspera. A acompanhá-los no arranque desta Popular Monster Tour II (world domination), estiveram os seus compatriotas Hollywood Undead e os Sleep Theory, que também se estreavam no nosso país.
O concerto dos Sleep Theory ficou marcado por alguns problemas técnicos que afetaram sobretudo o microfone de Cullen Moore. Nada que não se resolvesse, levando a banda a protagonizar uma boa atuação para uma meia casa, que era o que se verificava quando o concerto teve início, pelas 19h30. O mais recente single, “Paralyzed” não podia faltar num concerto que foi curto, mas enérgico. A banda de metal alternativo não deixou o palco sem antes referir que estavam a viver um sonho, deixando de tocar em pequenos clubes para enveredar em tours mundiais.
Seguiram-se os Hollywood Undead, banda sobre a qual recaía muita expetativa. Com uma considerável discografia, esta era também a sua estreia em terras lusas. A fórmula da composição dos seus temas passa pela mistura de rap com metal e eles fazem-no com saber. Muito público a aplaudir temas como “Chaos” ou “Riot”, e apesar do jet lag que afetava a banda, isso não os impediu de participar quase na totalidade nas vocalizações dos temas. Todos os elementos cantam e por vezes os únicos instrumentos a serem executados foram mesmo apenas a bateria e uma guitarra, tudo o resto eram vozes e samples, claro. Não faltou uma cover de Neil Diamond, “Sweet Caroline”, antes de “Bullet” e “Undead” que foram os últimos a serem interpretados. “Dizem que o rock n´roll está morto, mas não em Portugal” referiu J-Dog. Um dos melhores momentos do concerto deu-se quando a banda convidou um espetador a subir ao palco e ajudar os Hollywood Undead a cantar “Comin' In Hot”. A escolha recaiu sobre um jovem chamado Marco, que até esteve muito bem, diga-se.
Os Hollywood Undead poderiam ser as estrelas de um qualquer cartaz, mas não hoje. Hoje tocavam os Falling In Reverse e eles ofereceram um concerto uns furos acima daquilo a que estamos habituados a ver no nosso país. Posso falar das músicas, todas elas boas composições, mas quem vai a um concerto procura mais que isso. O espetáculo visual é também importante e ele não foi descurado. Jogos de luzes, pirotecnia do primeiro ao último minuto e claro, um ecrã gigante a passar vídeos da banda. Tudo o que os Falling in Reverse fazem, fazem-no com mestria. Atente-se nos já referidos vídeos e na sua qualidade, para se ter uma ideia. Foi nesse ecrã gigante que pudemos seguir a banda desde os camarins, até ao palco, sempre ao som de “Highway To Hell”, dos AC/DC.
O público estava extasiado e chamava por Ronny. Este ficou em cima de uma plataforma na frente do palco, ficando um metro acima dos restantes músicos e quando começou a cantar, todo o recinto cantou com ele, num momento que só se costuma verificar em concertos de bandas como os Metallica ou Iron Maiden. Podem ainda não ter atingido esse estatuto, mas estão a caminhar para lá. “Prequel”, um dos mais recentes temas da banda, foi o primeiro de uma lista que percorreu também a sua carreira. Mas sim, esta é uma tour de promoção ao último álbum, Famous Monster e ele é um passo em frente para os Falling in Reverse, contendo temas muito, muito bons, onde assistimos a uma mistura de géneros musicais feita com mestria. “Zombified” é apenas uma delas num concerto onde vimos Ronnie bastante sensibilizado pela forma como a sua banda foi recebida. A bandeira portuguesa não podia faltar em palco e quando o deixaram pela primeira vez, foram obrigados a regressar por um homem armado que se encontrava no acesso aos camarins. Um verdadeiro golpe de teatro para ser testemunhado por todos através do ecrã gigante. “Ronald” foi das mais bem recebidas e aquela que levou Ronnie a confessar que este foi dos melhores concertos que deu. Que melhor maneira para um arranque de digressão? Foi também de Popular Monster que saiu o último tema da noite. “Watch the World Burn”, que foi o culminar de um magnifico concerto.
Peço desculpa pelo longo texto, mas existe uma razão para isso. É que este concerto entrou diretamente para a minha lista de preferidos. Foi dos que tive mais gosto em assistir nos meus 50 anos de existência. Quando os Falling In Reverse regressarem a Portugal, o recinto do Campo Pequeno poderá ser muito pequeno para os receber.
Texto por António Rodrigues
Agradecimentos: Free Music Events