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Reportagem: Cradle Of Filth, Butcher Babies, Mental Cruelty e Black Satellite @ L.A.V. Lisboa – 24.11.2024



Esta noite de domingo marcou o regresso dos Cradle Of Filth ao nosso país. Aquela que é talvez a banda de black metal mais conhecida, continua a lançar marcos importantes dentro deste espetro do metal. O seu último trabalho de originais, Existence Is Futile, tem sido alvo de críticas muito positivas, provando que a banda tem ainda muito para dar. O público português pôde comprovar isso mesmo nesta noite, em mais um pujante concerto da banda britânica.

À boleia com os Cradle Of Filth vieram três outras bandas que com eles têm partilhado os palcos nesta tour. Os Black Satellite foram os primeiros a subir ao palco. O quarteto americano que conta com Larissa Vale nas vocais pareceu agradar ao público presente na sala, que por esta hora era cerca de meia casa. Metal industrial é um estilo sempre bem-vindo e a banda tem temas interessantes, tal como “Void”, que recolheu muitos aplausos, embora não tantos quanto a cover de Rammstein, “Sonne”, que encerrou a atuação dos Black Satellite.

Seguiram-se os Mental Cruelty com uma sonoridade bastante mais pesada. A banda germânica apostou praticamente todas as fichas no seu mais recente álbum, Zwielicht, e foi uma aposta ganha. O seu death core originou um circle pit e começaram a ver-se os primeiros body surfers em ação. Enveredando agora por variantes mais sinfónicas, os Mental Cruelty conseguiram através de “Symphony of a Dying Star” – e da sua intro – que grande parte dos presentes na sala acendessem as luzes dos seus telemóveis, criando um ambiente fantástico e não muito habitual neste tipo de concertos.

Um ano depois os Butcher Babies regressam à mesma sala onde haviam atuado com os Fear Factory. Se na anterior visita Carla Harvey não estivera presente por questões de saúde, desta vez não o fez por não pertencer mais à banda. Heidi dá conta do recado, é verdade e consegue mesmo fazer esquecer a antiga companheira. O alinhamento, esse, pareceu muito semelhante ao que assistimos na anterior passagem, com temas como “Monsters Ball” e “King Pin”, mas desta vez houve música nova. A mais recente “Sincerity” foi também interpretada e mostrou uns Butcher Babies um pouco mais calmos, ainda que o tema com menos rotação tenha sido mesmo “Last December”, que foi iniciado apenas com a vocalista em palco. Estes dois foram aqueles que fugiram um pouco ao que foi o padrão deste concerto e que contou ainda com uma investida de Heidi por entre o público durante a interpretação de “Spittin´Teeth”. O concerto não terminou sem antes se desejar os parabéns ao baterista Devin, pelo seu aniversário e fica no ar a pergunta: Para quando um concerto em nome próprio, da banda americana?

Não é coisa pouca o que os Cradle Of Filth fizeram pelo black metal. Eles pegaram neste género musical e colocaram-no num outro patamar. Esse mérito é-lhes reconhecido e este concerto esgotado é sinal disso mesmo.  A digressão By Order Of The Dragon não visa promover nenhum álbum em especial, tendo por isso sido escolhidos para esta noite temas representativos da carreira da banda que se move por entre o black metal há mais de trinta anos. Após uma longa introdução, os Cradle atacaram logo com “Existential Terror” que foi a primeira de muitas malhas a que tivemos direito neste espetáculo. Dani mostrou-se muito comunicativo, não esquecendo anteriores concertos dados no nosso país, nem tão pouco os amigos Moonspell. Muitos adereços envergados pelos músicos, como é habitual, e também no palco, que tinha um esqueleto gigante em cada extremidade. Cradle Of Filth é isto também: teatralidade a dar corpo às suas interpretações. “Nymphetamine” foi das mais bem recebidas pela sala, e houve duas visitas ao aclamado álbum de 1994, The Principle Of Evil Made Flesh, através de “Summer Dying Fast” e “the Forest Whispers My Name”. Dani Filth tinha prometido ele próprio uma hora e meia de música, por isso ninguém se preocupou muito quando a banda deixou o palco após “Malice Through the Looking Glass” e os Cradle voltaram para um encore composto por três malhas. A última da noite foi mesmo “Her Ghost in the Fog”, que foi o ponto final numa excelente atuação da banda britânica.

O black metal pode não ser dos subgéneros mais amados dentro do heavy metal, mas este evento veio provar mais uma vez que o público existe e que atende à chamada.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Graziela Costa
Agradecimentos: Prime Artists