Não havia motivo nenhum em especial para este concerto, a não ser o de voltar a juntar a “escumalha”, nome porque são carinhosamente conhecidos os fãs de Bizarra Locomotiva. Como é habitual, muitos responderam à chamada e encheram a sala desta renovada Républica da Música. A animar as hostes estiveram os Eden Synthetic Corps, que não esconderam o seu contentamento pela oportunidade de tocarem novamente na Capital.
Foram muito bem recebidos, os Eden Synthetic Corps. O seu rock/metal industrial conquistou desde o começo o público presente na sala, que se apresentava muito bem composta pelas 21h40, hora a que teve início o evento. Temas mais antigos, como “Angelshift” ou “Architecture” foram muito aplaudidos, ao lado de mais recentes como, “Phantom”, ou mesmo “Tar”, que fechou da melhor forma a atuação dos Eden Synthetic Corps. Foi um conjunto de temas bem escolhido para esta noite. Não só boas músicas, mas também as que ofereciam algum “peso”. Havia que ter em conta o público para quem estavam a tocar e eles fizeram-no com mestria. Quanto à atuação em si, ela foi digna de registo.
São inquestionavelmente uma banda de culto. Ao lado de outras, como os Moonspell, também os Bizarra Locomotiva têm a sua legião de fãs fiéis. E como eles vibram com os seus temas. Isso foi logo visível ao primeiro, “A Procissão dos Édipos”. As músicas parecem não envelhecer quando interpretadas por este quarteto, ou então ganham uma nova vida. Desta vez não tivemos Rui Sidónio enrolado em celofane, mas tivemos Miguel Fonseca com ligas. Esta locomotiva quer-se bizarra e há que fazer por isso. A música, essa, continua a fazer as delícias de quem assiste religiosamente aos seus concertos e que melhor comparação que não esta: “Vejo-me Fantasma”, do mais recente álbum Volutabro, foi tocada imediatamente antes de “Fantasma”, do álbum Ódio de 2004. Esta última é já um clássico, a anterior para lá caminha. Ambas foram imensamente aplaudidas.
Algo que também não pode faltar nos concertos da banda de metal industrial lisboeta é a interação com o público. Apesar de não falar com a audiência através do seu microfone, o vocalista Rui Sidónio não dispensa as suas incursões por entre a assistência e nesta noite fê-lo por três vezes, nos temas “Ergástulo”, “Veia do Abandono” e “Homem Máquina”. Em todas elas o seu microfone foi dispensado para quem o quisesse usar e cantar os temas dos Bizarra Locomotiva e como é bonito ver toda a sala a cantar o refrão de “Ergástulo”. Arrepiante.
Uma despedida de luxo era o que se pedia e ela veio através de três temas incontornáveis na carreira da banda. “Engodo”, “o Anjo Exilado” e por fim, “o Escaravelho”. Qual será a próxima paragem desta locomotiva? Parece haver sempre mais público a querer subir a bordo.
Texto por António Rodrigues
Fotografias por Hugo Andrade
Agradecimentos: República da Música
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