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Entrevista a Tryglav


Boris Behara tornou-se num fenómeno mundial na comunidade do heavy metal através do seu canal de YouTube.
Mesmo antes de se mudar para a Noruega, ele já mostrava bastante talento online, com covers de bandas de black metal como os Mayhem. A Metal Imperium teve a oportunidade de conversar com ele e saber mais sobre os seus vlogs e o homem por trás da banda de black metal, Tryglav. Com dois álbuns, e um terceiro a caminho, os Tryglav não passam despercebidos aos fãs de black metal, principalmente pelo fascinante e incrível conteúdo online do Boris.

M.I. - Olá, Boris! Como tem corrido até agora na Noruega?

Olá! Tudo ótimo até agora. Não tenho nada a reclamar.


M.I. - Após quatro anos do lançamento oficial “Night of the Whispering Souls” temos uma reedição com três edições diferentes. Ao fazermos uma retrospetiva, qual é a sensação de lançares o teu primeiro álbum?

Foi uma sensação surreal porque é o que eu sempre quis fazer. Eu não sabia muito sobre programas de gravação ou plugins, e tive que aprender tudo à medida que avançava. Como era o meu primeiro álbum, realmente não sabia o que esperar. Estou contente que o álbum tenha corrido bem e ajudado a entender mais sobre a composição e a evolução do som para o segundo álbum.


M.I. - Que possibilidades ou portas é que “The Ritual” te proporcionou no género do black metal?

Bastantes, na verdade. O álbum teve a mesma quantidade de streams em apenas um mês, em comparação ao que o anterior teve em quatro anos, o que é incrível. Mais pessoas repararam na banda, incluindo promotores, e tive oportunidades de ir tocar em alguns festivais incríveis. De um ponto de vista geral, o álbum foi um grande sucesso para mim e mal posso esperar para ver como as coisas evoluem com o terceiro.


M.I. - Callum Wright dá a voz aos Tryglav, mas num vídeo de YouTube, mencionaste que gostarias de seguir em frente como um projeto a solo, incluindo os vocais.

Os Tryglav sempre foram um projeto a solo e sempre será. O Callum era apenas um músico que contratei para cantar as minhas letras e melodias vocais. Não posso deixar de o agradecer suficientemente pela sua contribuição.
Eu gostei muito dos vocais dele neste álbum, mas é difícil para mim lidar com e-mails e esperar dias pelas alterações. Prefiro ter o controlo total sobre todos os aspetos da música para poder fazer rapidamente as alterações. Como sou o único membro, faz mais sentido para mim ser também o vocalista.


M.I. - Também és um fã de videojogos. Inspiraste-te em videojogos para gravar os álbuns dos Tryglav?

Não com os dois primeiros, mas tenho que admitir que três faixas do novo álbum foram realmente inspiradas no jogo Dark Souls. Foi um inverno bastante rigoroso aqui na Noruega, e eu joguei bastante o jogo enquanto compunha o novo álbum. Posso dizer que me inspirou bastante. É por isso que algumas das faixas do novo álbum têm teclados atmosféricos que lembram a banda sonora épica do jogo. Até a letra pode ser inspirada nela, mas ainda não tenho certeza.


M.I. - A cor azul é predominante em ambos os álbuns. Algum motivo específico?

Eu simplesmente gosto do contraste entre azul e o preto. Não é porque muitas bandas suecas usaram-nas nos anos 90; é apenas uma preferência pessoal. 
O esquema de cores do primeiro álbum era mais quente no início, mas pedi ao designer para torná-lo mais azulado. Não tenho a certeza de como será o terceiro; veremos.


M.I. - Atualmente resides na Noruega, que é o país perfeito para a criatividade no heavy metal, como visualizas o black metal de hoje em dia, em comparação com o final dos anos 90?

Não vejo muitas diferenças, para ser sincero. A cena ainda está em boa forma e temos algumas bandas novas e incríveis que lideram o género, como os Mgła, por exemplo. A única diferença verdadeira é que hoje o que importa é mais a música e menos o valor do choque. Com a internet e as nossas vidas expostas 24 horas por dia, 7 dias por semana, é um pouco mais difícil causar esse impacto.


M.I. - Os Tryglav rebentaram online no YouTube, onde fazias covers de bandas como os Mayhem na “Freezing Moon”. O YouTube e vlogging são a tua carreira a tempo inteiro?

Sim, sou YouTuber a tempo inteiro e, honestamente, é um trabalho mais seguro do que ser músico. 
Ganho mais num mês (termos salariais) do que num ano a vender música. Já não existe uma verdadeira indústria musical, e a única maneira de os músicos ganharem a vida é a tocar ao vivo, mas mesmo assim, com o aumento do custo de tudo e tocar música underground, nunca ganhas o suficiente para sobreviver. 
O YouTube permite-me trabalhar com a música do meu jeito e aproveitar a vida – algo que eu odiava antes.


M.I. - Se tivesses que escolher entre ser YouTuber ou músico, qual seria?

YouTuber. Não me vejo a viajar meses numa pequena carrinha, a cheirar as meias do meu baixista, a tentar ganhar algum dinheiro. Além disso, eu não gosto muito de tocar ao vivo.
O som é sempre uma porcaria, nunca se ouve direito e há sempre problemas. Por exemplo, no último concerto na Alemanha, tive de apanhar dois voos e três comboios diferentes apenas para tocar um set de 45 minutos e depois regressar a correr para o aeroporto na mesma noite. Não há nada de divertido nisso; faço isto porque gosto de conhecer pessoas que apreciam a minha música.


M.I. - Num dos teus mais recentes vídeos, Varg Vikernes acusou-te de mostrares a casa errada onde ele morava. No entanto, referiste que tinhas uma fonte fidedigna que confirmou que aquele era o lugar onde ele chegou a morar depois de sair da prisão.

Era a morada correta; fiz confusão com a palavra "morada" com "coordenadas". E, quando disse que aquela era a casa correta, cometi um erro. Na verdade, era a casa seguinte. Não é grande coisa, na verdade – o objetivo do vídeo era apenas visitar e mostrar a cidade, mas, como sempre, ele teve de transformar aquilo num grande drama.


M.I. - Algum concerto para breve em Portugal? Estamos ansiosos de ver os Tryglav a atuar!

Eu adorava, mas tudo depende dos promotores. Se eles nos contratarem, vamos tocar. No momento, temos dois festivais programados para 2025. Vamos ver o que vem a seguir.

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Entrevista por André Neves