Em fevereiro de 2024, uma nova banda foi anunciada. Contudo, os seus membros estavam longe de ser estreantes nesta matéria. Markus Vanhalla (Insomnium, Omnium Gatherum) e Santeri Kallio (Amorphis) já eram velhos conhecidos da estrada e de tours em comum. Rapidamente, recrutaram Vesa Ranta (Sentenced), Victor Brandt (Dimmu Borgir) e Michael Stanne (Dark Tranquillity, The Halo Effect).
“Nordic Gothic” é o álbum de estreia deste supergrupo, que promete não ser um projeto de um álbum só. Bem sabemos que nem sempre o todo é melhor que a soma das partes; quantos supergrupos já se formaram na História do rock/metal e quantos verdadeiramente fizeram algo de excecional? Muito poucos. Por isso, recebo sempre a notícia de formação de um novo supergrupo com uma pitada de sal. Contudo, a qualidade dos seus membros justificava, pelo menos uma audição.
O disco abre com “Torn Away” que foi um dos cinco singles lançados antes do lançamento do disco. A primeira coisa que se repara é a voz limpa de Michael Stanne. Que ele tem uma boa voz já era sabido; contudo o seu registo na sua banda principal (Dark Tranquillity) é quase sempre feito em gutural, pelo que não deixa de ser surpreendente vê-lo fazer amplo uso da sua voz limpa.
À parte da voz, a sonoridade do disco está fortemente ancorada em camadas de teclados, que criam um ambiente etéreo, acompanhadas pelas guitarras pesadas que combinam bem o peso do metal com a introspeção do rock gótico, criando um equilíbrio harmonioso entre emoção e intensidade. Cada música é simples, mas cuidadosamente construída, com arranjos que variam entre o minimalismo quase fantasmagórico e momentos de grande energia, que conferem uma grande dinâmica a todo o álbum, tornando-o muito catchy, logo à primeira audição. Ao ouvir o disco, é difícil não nos lembrarmos de bandas como The Sisters of Mercy, Type o Negative e Paradise Lost, cruzadas com a célebre melancolia nórdica, num registo que é simultaneante sombrio e hipnótico. Dessa forma, o nome do disco é autoexplicativo: gótico nórdico.
A produção é irrepreensível. São dez músicas, 48 minutos do melhor gothic metal que alguma vez se fez. Se bem que não traz verdadeiramente nada de novo, é um disco que apetece ouvir uma e outra e outra vez, o que vai sendo raro nos tempos que correm. Todas as sextas-feiras nos são apresentadas novas propostas musicais, que pretendem ser sempre mais qualquer coisa – mais rápidas, mais pesadas, mais técnicas, mais tudo. E no fim do dia, o que que conta é o disco que nos apetece ouvir outra vez. E este disco tem tido audição diária desde que saiu. É a célebre máxima KISS – Keep It Simple, Stupid. Não é preciso inventar a roda nem fazer algo que nunca tenha sido feito antes para se fazer um disco que seja um clássico instantâneo e que ganhe quase diretamente o seu lugar na História. Este disco é um desses. Simples, pouco inovador, mas profundamente orelhudo e, talvez por isso, absolutamente genial.
Nota: 10/10
Review por Renato Conteiro