O baixo fortemente distorcido de Urlo que abre Crookhead lembra “Trouble with Being Born” dos The Great Tyrant (banda que precedeu os Pinkish Black), pelo tom dos instrumentos e a sonoridade apocalíptica. É assim que os Ufomammut começam este EP; com a voz abafada pela parede de som de guitarra, baixo e bateria, antes de tudo parar e entrarmos numa secção intermédia pesada e negra, carregada de sintetizadores, cortesia do vocalista Urlo. Aí encontramos uma inspiração mais psicadélica, onde bandas como os Mastodon muitas vezes também foram beber em álbuns como Once More Around the Sun.
Este primeiro tema tem várias secções, afastando-se da típica estrutura de um tema stoner/doom, ainda que a sonoridade esteja aí fundada. O facto de não saber o que espera a cada mudança de secção e de dinâmica é o que torna “Crookhead” um tema tão interessante e refrescante (os efeitos sonoros cortesia dos diversos membros da banda são dos pontos altos do disco). Outro dos grupos a que este lançamento parece remeter são os incríveis Shrinebuilder (super-grupo que contava com membros dos Sleep, Neurosis e Melvins); especialmente no que toca à dimensão épica deste primeiro tema.
Segue-se “Supernova”, mais psicadélico, e onde a voz sobressai mais e o ritmo é mais acelerado. Aqui destacam-se mais uma vez os sintetizadores e efeitos utilizados para criar a atmosfera que envolve as guitarras de Poia e a voz.
A encerrar o disco, “Vibrhate” é mais agressivo com a voz mais ríspida e com uma dinâmica mais agressiva. O recurso a efeitos sonoros de novo assume o papel principal de forma bastante eficaz, antes de dar lugar ao trio guitarra, baixo e bateria, todos equilibrados na mistura.
Ainda que se tratando de um lançamento curto, Crookhead transmite uma experiência que se agarra ao ouvinte e acaba por pedir repetidas audições; o tema-título é a peça central, e o melhor do lançamento. Trata-se do segundo disco da banda gravado com o baterista Levre, onde o grupo soa bastante coeso; e, sendo um prelúdio para o décimo álbum que a banda tenciona lançar em 2024, “Crookhead” desperta a curiosidade para o que o futuro dos Ufomammut nos trará.
Nota: 8/10
Review por Raúl Avelar