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Reportagem: Pain of Salvation e Apotheus @ República da Música, Lisboa - 29.09.2024



Os suecos Pain of Salvation em boa hora visitaram novamente o nosso país, neste domingo de outono, para finalmente apresentarem o álbum "Panther", lançado em 2020 em plena pandemia. Antes deste espetáculo, a banda do talentoso vocalista e multi-instrumentista Daniel Gildenlöw havia passado por Portugal em duas ocasiões: em 2018, onde tocaram na rua do lado, no RCA Club, e no qual apresentaram o já icónico "In the Passing Light of Day", e em 2011, onde tocaram na Incrível Almadense na abertura dos ilustres Opeth.

Desta feita, assim como na anterior passagem, atuaram em nome próprio e com bandas na abertura que são bem representativas do metal progressivo que se faz em solo nacional. Em 2018 foram os Forgotten Suns dignos representantes do prog que se faz por cá e agora foi a vez dos Apotheus viajarem da capital do móvel até à capital do país para nos presentearem com um concerto de nota extremamente positiva. Começaram a usar os seus instrumentos pontualmente às 20:30, e durante 55 minutos, mostraram ao público os seus argumentos musicais ao tocarem 6 temas de um dos melhores álbuns nacionais de 2023, o mais progressivo "Ergo Atlas" e revisitaram o mais pesado "The Far Star", de 2019, com 4 temas. Durante o tema "Cogito", o frontman Miguel Andrade demonstrou a sua apreciação por ver muitas caras conhecidas no meio da plateia, inclusive público do norte e estrangeiros. A transformada sala de espetáculos já se encontrava repleta de espectadores durante a atuação deste quarteto pacense e pôde desfrutar de um concerto muito homogéneo a nível qualitativo, mas com ótimos momentos, tanto a meio do espetáculo como na pesada mas catchy "Caves os Steel"; a cativante "Ergo Bellum", como nos temas de encerramento; as memoráveis "The Unification Project" e "A New Beginning". Ficou patente a qualidade instrumental e vocal dos Apotheus, também ao vivo, sendo que o grupo de Paços de Ferreira terminou a sua atuação perante muitos aplausos.

Inegável é também a proficiência técnica de músicos como Daniel Gildenlöw, Johan Hallgren e Léo Margarit, bem como a genialidade da exploração musical que a banda tem desenvolvido ao longo de quase 30 anos. Aqui na República da Música focaram-se principalmente nos seus mais recentes rasgos de criatividade, vários (excelentes) temas dos seus últimos dois álbuns, que perfizeram cerca de dois terços da atuação. Evidentemente que havia muito mais por explorar visto que a discografia da banda sueca é muito rica, mas muitos dos seus temas são longos e não há tempo para tudo. A banda escolheu não viver do passado e apresentar o retrato mais fiel do que são os Pain of Salvation contemporâneos mas não se fizeram de esquecidos de temas esperados como "Used" e "Beyond the Pale", os quais foram debitados a meio do espetáculo, sendo que a instrumental "Falling" que naturalmente serviu de abertura para a obrigatória "The Perfect Element", foram apresentadas durante o encore. Independentemente de os temas serem de "Panther", "In the Passing Light of Day", ou mais antigos, o clima na sala de espetáculos foi de celebração, porque a música e os intérpretes foram excelentes, o público correspondeu ao cantar em conjunto com a banda em vários momentos e aplaudir efusivamente em resposta à qualidade de atuação. Os recentes temas "Reasons", "Meaningless" e mesmo "Icon" já são autênticos clássicos e a faixa título do álbum de 2017 tornou-se merecedora de encerrar em grande estes intimistas concertos do grupo, conforme aconteceu nesta noite, com Daniel Gildenlöw a avisar no início que o público poderia querer chorar ao som desta faixa, a qual o músico disse que costuma dedicar à sua esposa. Aparentemente ninguém se emocionou a esse ponto mas todos os presentes desfrutaram deste momento de encerramento, que mereceu luzes de telemóveis e mesmo de alguns isqueiros.

É de louvar que existam várias promotoras de concertos que dão aos fãs portugueses de música pesada em Portugal, propostas para todos os gostos, e neste caso em particular é excelente que a Free Music Events continue a sua aposta em nomes de indubitável valia no campo da música progressiva, como estes Pain of Salvation, que protagonizaram mais um momento inesquecível aos seus fãs.


Texto por Mário Santos Rodrigues
Fotografia por Diana Fernandes
Agradecimentos: Free Music Events