Talvez fosse algo que faltasse àquela que é considerada por muitos como a melhor banda de metal nacional: um concerto acompanhado de orquestra. O conceito não é original, mas a sua execução é um trabalho hercúleo. Atente-se na quantidade de músicos envolvidos, nas horas de ensaio necessárias para que tudo corra na perfeição e talvez se fique com uma pequena ideia. Projeto arrojado que merecia ser levado a cabo em Portugal, pois claro, numa sala em que nunca haviam tocado em nome próprio, o que por si só era também um desafio a ser superado.
Os Moonspell uniram esforços então com a Orquestra Sinfonietta de Lisboa para montarem o espetáculo orquestral, Opus Diabolicum. E que espetáculo foi. Assim que entrámos, foi impossível não reparar na dimensão e disposição do palco. A bateria de Hugo foi desviada para uma lateral, pois o espaço atrás de Fernando Ribeiro estava hoje destinado ao maestro Vasco Pearce de Azevedo e aos 45 músicos que dirige, assim como aos elementos do coro vestidos a rigor com hábitos gregorianos.
Quanto ao concerto, eram 22h00 certas quando os elementos da orquestra começaram a tomar os seus lugares no palco, debaixo de fortes aplausos. O maestro Vasco foi o mais ovacionado, como seria de esperar. O primeiro elemento dos Moonspell a subir ao palco foi o baterista Hugo, que ajudou a orquestra a interpretar uma introdução que serviu de aperitivo para o que aí vinha. Quando os restantes membros se lhes juntaram e o vocalista Fernando Ribeiro surgiu envergando uma candeia, confirmou-se o que já muitos suspeitavam: este espetáculo iria incidir muito sobre o álbum 1755. Os temas prestam-se a isso e foi com satisfação que tivemos uma, podemos dizer, primeira parte, praticamente dedicada a esse trabalho de 2017.
Primeira paragem da noite para os primeiros agradecimentos. Desde logo para a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, por ter aceitado este desafio, mas também aos promotores deste evento, pela ideia arrojada que tiveram. Esta era uma noite muito especial para os Moonspell e isso foi referido por Fernando Ribeiro em diversas línguas, pois foi muito o público estrangeiro a querer marcar presença nesta noite. Um concerto com esta importância merece ser registado e ficámos também a saber que a sua edição em DVD estará para breve.
O alinhamento foi escolhido de forma criteriosa, o que se compreende, mas se há música que não pode faltar num concerto dos Moonspell é “Alma Mater”. Um autêntico hino que merece ser acompanhada pela bandeira nacional, algo que o vocalista tratou de fazer. Este seria o tema que deveria encerrar esta magnifica noite, mas ninguém se poderia ir embora sem o tradicional encore e o tema escolhido para ele foi “Full Moon Madness”.
Foi daqueles concertos que surgem uma vez na vida. É essa a sensação com que ficámos quando as luzes se acenderam, ou talvez não. Os Moonspell já provaram que gostam de desafios. Não podia terminar sem referir qual a música que, na minha opinião, beneficiou mais com esta nova roupagem. Ela foi para mim “Vampiria”, que terminou apenas com Fernando e a orquestra.
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Tânia Fidalgo
Agradecimentos: Crumbs Eventos