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Reportagem: Lisbon Tattoo Rock Fest (dia 1) @ L.A.V. Lisboa – 04.10.2024


É com enorme prazer que assistimos à afirmação de eventos com esta grandiosidade no nosso país. Ano após anos, o Lisbon Tattoo Rock Fest tem vindo a presentear o público português com bandas de enorme qualidade. Mas este evento de três dia vai muito além da música. Concursos de tatuagens, palestras, demonstrações, merchandise e ainda variadíssima oferta no que diz respeito à chamada street food, tudo isto pode ser encontrado neste festival. A Metal Imperium esteve a cobrir os concertos que ocorreram na sala 1.

Primeiro dia com muito punk/hardcore, o que não é de estranhar num festival organizado pela Hell Xis Agency. O pontapé de saída foi dado (e bem) pelos veteranos Mata-Ratos. Como resumir mais de 40 anos de carreira em pouco mais de meia hora. Parece fácil, a receita passa por apresentar uma setlist onde constem alguns dos melhores temas da banda, daqueles que marcaram várias gerações e que continuam ainda a chamar novos seguidores. Pouco público na sala quando a banda punk nacional subiu ao palco, mas quando os primeiros acordes de “Napalm na Rua Sésamo” se fizeram ouvir, a transformação foi completa, revelando o grande número de apreciadores deste género musical. Oportunidade para ouvir mais uma vez temas antigos como “Raça Humana”, “Sai da Minha Vida” e a sempre atual “C.C.M.” num concerto sem lugar a discursos e que terminou com “Leis de Merda”.

A veterania nacional deu lugar à britânica com a entrada em palco dos Discharge. Neste regresso a Portugal a banda inglesa deu um espetáculo à sua imagem. Quem já os viu ao vivo sabe que são sempre carregados de energia, com temas curtos e diretos, repletos de mensagens de protesto. Isto é hardcore-punk, um estilo que eles tão bem conhecem. Enquanto se ouvia uma intro, os membros foram tomando o seu lugar no palco para logo atacarem “the Blood Runs Red”, aquele que seria o primeiro de mais de 20 temas que foram tocados neste concerto. Imediatamente se formaram circle pits e teve início o stage diving, típicos de um evento deste género. “A Hell on Earth” e “Cries of Pain” foram tocadas sem interrupção, como se tratasse de um único tema, mas houve ainda lugar para “Protest and Survive”, “State Violence State Control” numa atuação que encerraria com uma das suas melhores músicas. Falamos de “Decontrol”, é claro. Muito poderia ser realçado na atuação dos Discharge, mas eu vou referir a dupla de guitarristas. Por vezes parece que estão a tocar temas diferentes, mas ouvidas em conjunto, roçam a perfeição.

Depois da descarga de energia que teve lugar no palco do L.A.V. com a atuação dos Discharge, seria difícil de acreditar que algo os pudesse superar nesse aspeto. Desenganem-se, os Madball conseguiram ir mais além. Muito por culpa do vocalista Freddy Cricien que parece um autêntico animal selvagem à solta no palco. Uma boa banda depende muito do seu frontman e Freddy sabe interpretar na perfeição o seu papel, parecendo incansável. Este início de tour europeia pode ter contribuído para toda aquela entrega, ou também o facto de serem repetentes neste evento e saberem como o público nacional reage à sua música. “Hardcore é família e o meu coração bate ao ritmo do vosso” referiu o vocalista e era inegável a sua satisfação durante toda a atuação. As raízes nova iorquinas foram várias vezes referidas, quer fosse através dos temas interpretados, ou pela referência às t-shirts envergadas pelo público presente, com destaque para Agnostic Front. Num espetáculo que viveu muito do passado, através do primeiro álbum, Set It Off, os Madball mostraram ser uma banda voltada para o futuro e de forma natural anunciaram um novo trabalho a ser lançado no ano de 2025. “For My Enemies” e “Doc Martens Stomp” encerraram uma hora de atuação que será certamente inesquecível para quem a presenciou, sobretudo para o amigo Poli (Devil in Me), convidado a cantar uma música com os Madball.


Reportagem António Rodrigues
Fotografia por Tânia Fidalgo
Agradecimentos: HellXis Agency