Numa época em que os canais de cariz musical, como a MTV, VH1 ou VIVA, entre outros, tinham o conceito inovador e revolucionário de divulgar as bandas através da exibição de videoclipes e rubricas dedicadas à atividade musical, conheci entre muitos outros artistas este trio sueco. O tema a que me refiro em específico é “Jerk” do álbum Spanking Hour de 1996 e na altura fiquei perplexo com a capacidade técnica dos músicos, com especial destaque para o guitarrista Mattias Ia Eklundh, que apresentava riffs muito personalizados e solos capazes de fazer a tinta saltar das paredes.
Além disso, as letras têm um caráter satírico, crítico da indústria musical e das ações e atitudes de certos indivíduos e organizações da nossa sociedade. Sempre com uma vertente cómica muito vincada, mas não pensem que isto é uma versão dos Rage Against the Machine interpretada pelos Insane Clown Posse, ou mesmo a tentativa algo inusitada, preconizada pelos Helloween no álbum Pink Bubbles Go Ape de 1991, de fazer temas galhofeiros.
A música deste trio, composto desde 2000 pelo supracitado Mattias na guitarra, Christer Ortefors no baixo e Bjorn Fryklund na bateria, tem sempre um equilíbrio ideal entre o humor das letras e a proficiência técnica nas composições. Pois embora sejam capazes de grandes devaneios instrumentais e de terem a mestria necessária para solarem até à exaustão, tanto do músico, como do ouvinte, a técnica está sempre ao serviço das canções, ao contrário do que fazem muitos teatros de sonho da nossa praça. Nenhum dos onze temas deste, que já é o décimo trabalho de estúdio da banda, ultrapassa os 4 minutos e meio de duração.
Este trabalho, que foi gravado com guitarras de 8 e 9 cordas, tende a soar mais a Meshuggah do que a Ugly Kid Joe. E eu devo confessar que tenho um enorme problema com a sonoridade Djent, pois embora os músicos tenham 7, 8, 9 cordas (não tendo mais porque seria fisicamente impossível de se tocar o instrumento, exceto se fosse uma harpa de ombro), parece que tocam sempre as mesmas 3 cordas, as mais graves ou as 3 de baixo. Sim, eu sei que é complicado de tocar assim, exige muita capacidade do músico e os riffs ficam mais pesados. Mas também faz com que as bandas soem todas ao mesmo, partindo sempre do mesmo princípio rítmico para comporem os seus temas, pelo menos na minha humilde opinião.
A produção a cargo de Mattias Ia Eklundh é equilibrada, com as guitarras, baixo e voz, e a bateria, exceto os pratos, a ocuparem, os 2 canais em simultâneo. Quanto aos pratos, o posicionamento já é mais eclético, uns aparecem no canal direito, outros no esquerdo, obtendo-se assim um efeito interessante e mais interativo, em especial para quem ouve com os auscultadores.
Mesmo agastado por uma sonoridade que não me é apelativa, este trabalho acaba por ter diversos momentos interessantes, quer para quem gosta de música técnica, como para quem gosta da sua música imbuída num humor corrosivo.
Nota: 6/10
Review por Nuno Babo