Regresso do Sr. Phil Campbell ao nosso país para duas datas. Se na anterior visita o set se tinha cingido a temas de Motorhead (e Hawkwind), desta vez houve uma clara tentativa de mostrar que a sua banda, Phil Campbell and the Bastard Sons, vai mais além dos Motorhead. Para os acompanhar nesta dupla jornada por terras lusas, estiveram os Junkbreed, banda nacional que apostou muito no seu E.P., Cheap Composure, mas também no seu álbum, Music For Cool Kids.
Parece haver cada vez mais critério na hora de escolher as bandas de abertura para os grandes nomes que nos visitam. Desta vez essa honra coube aos Junkbreed, que se mostraram merecedores de tamanha oportunidade. Com uma sonoridade que, apesar de não parecer ter fronteiras, se move dentro do rock, punk e pós-hardcore, os Junkbreed aproveitaram a ocasião para mostrarem a sua música a uma sala que se apresentava um pouco despida. Isso, porém, não causou nenhum constrangimento à banda nacional que ofereceu um concerto muito bom, alicerçado, como já referimos, nos seus dois trabalhos de originais. Ficou na retina “Wild Risk”, que mostrou um endiabrado baterista na sua ponta final. De resto, uma atuação muito conseguida do quinteto nacional, que, apesar de uns problemas de som no final do seu concerto, fez muito mais do que simplesmente aquecer o público que se encontrava na sala.
Duas perguntas merecem ser feitas acerca de Phil Campbell e deste seu projeto. Quem vem aos seus concertos, fá-lo pela sua passada ligação aos Motorhead? Estes novos temas teriam lugar na discografia da banda de Lemmy? No primeiro caso, sim, claro. Eu próprio iria ficar bastante aborrecido se neste set não houvesse lugar para clássicos dos Motorhead. Quanto à segunda questão, porque não? Elas até não se afastam muito dos temas que encontramos nos últimos trabalhos do senhor Kilmister. O alinhamento para esta noite passava por uma mescla de temas Motorhead e músicas originais de Phil Campbell and the Bastard Sons. “High Rule” é uma grande malha e fica muito bem entre “Going to Brazil” e “Born to Raise Hell”. Mas se vamos falar de temas de Motorhead, é claro que alguns são obrigatórios, como é o caso de “Ace of Spades”.
Mas a banda de Phil Campbell e seus filhos foi mais além. Eles tocaram alguns temas que os próprios Motorhead se apropriaram, tal como “God Save the Queen”, dos icónicos Sex Pistols. Com a bandeira do País de Gales sempre presente em palco, a banda esteve para terminar a sua atuação com “Strike the Match” e “Maniac”, dois grandes temas que por muito bons que sejam, nunca seriam suficientes para terminar com este concerto. Num encore que eu designaria como sendo de luxo, houve lugar ainda para “Killed by Death”, “Heroes”, (original de David Bowie e último tema gravado pelos Motorhead) e para terminar, “Overkill”, uma das malhas mais aguardadas.
Há quem diga que Phil Campbell and the Bastard Sons não passa de uma banda de covers de Motorhead. A esses eu respondo convidando-os a conhecer os temas originais deste projeto e também com uma pergunta. Haverá alguém com mais legitimidade para interpretar temas dos Motorhead do que o próprio Phil Campbell?
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Prime Artists