About Me

Reportagem: Hell of a Weekend - Dia 2 @ L.A.V. Lisboa – 21.07.2024




Depois do fantástico primeiro dia desta edição do Hell of a Weekend, tudo apontava para que o segundo lhe seguisse as pegadas. Se na véspera os cabeças de cartaz eram os Ratos de Porão com a sua enorme legião de fãs, hoje o destaque principal prendia-se com a estreia dos Descendents no nosso país, ao fim de mais de 45 anos de atividade. Juntavam-se a eles os também norte americanos A Wilhelm Scream, os suecos Misconduct e ainda os luso brasileiros Overcrooks.

Foram mesmo estes últimos a arrancarem com esta noite que prometia muito punk e hardcore. Com o seu álbum de estreia, Skate Rock Don´t Let Me Sleep, a completar um ano neste preciso dia, que melhor prenda podiam pedir os Overcrooks que a oportunidade de tocarem esses temas perante uma significativa audiência, como a que os aguardava pontualmente às 20h00! Apenas 30 minutos de atuação foram suficientes para que a banda desse a conhecer a sua sonoridade skate rock, que vai beber muito ao punk hardcore dos anos 80 e 90. “Backyard Bowl” ficou no ouvido, assim como “Skate Destruição” que concluiu o concerto do quarteto.

Os Misconduct fizeram muitos quilómetros para poderem atuar esta noite em Lisboa, referiu Fredrik Olsson, vocalista da banda, dizendo ainda que era por isso justo que todos os presentes na sala dessem uns passos em frente para se aproximarem mais do palco. O concerto dos Misconduct trouxe algumas curiosidades, como o tema “Blood on My Hands”, original que conta com a participação de Roger Miret; “Solution”, que se inspira na associação Greenpeace e ainda uma música nova, cantada em sueco, “Stunder Som Har Flytt”. Sempre muito enérgicos em palco, o quarteto descarregou o seu hardcore melódico e este agradou sobremaneira a quem assistia. O circle pit que se criou, assim como os primeiros crowd surfers que apareceram comprovam-no. Começava o verdadeiro trabalho para os seguranças na frente do palco que, diga-se, estiveram sempre com um sorriso no rosto.

Se a atuação dos suecos foi de loucos, que dizer acerca da dos A Wilhelm Scream? Eles que até não começaram bem, pois problemas técnicos atrasaram uns 10 minutos o seu concerto. Mas quando tudo se resolveu, foi como se toda a pressão tivesse sido libertada de repente e a euforia tomasse conta da audiência. A banda originaria de Massachusetts conta com o luso descendente Nuno Pereira nas vocais e este ainda se dirigiu ao público em bom português. Ao longo da enorme quantidade de malhas hardcore que ouvimos, os elementos da banda estiveram incansáveis em palco e o público respondeu da mesma forma, tornando este concerto num dos melhores não apenas desta noite, mas mesmo de toda a edição. O derradeiro tema, “The King is Dead”, teve mesmo direito a uma wall of death, imagine-se!

Finalmente! Sim, os Descendents estavam por fim a atuar em Portugal e tinham uma sala cheia à sua espera. O público sabia os temas de cor e ajudou a cantá-los. A setlist para esta noite percorreu a longa carreira dos californianos e até o próprio Milo, sempre acompanhado da sua garrafa que usava à tiracolo, pareceu surpreendido com a efusividade do público. Quer fosse nos temas mais calmos, como “Clean Sheets”, ou nas super-rapidíssimas “I Like Food” ou “Weinershnitzel”, ninguém conseguia resistir ao ritmo punk rock dos Descendents. Uma das mais esperadas foi sem dúvida “`Merican”, que tem tudo aquilo que uma música punk necessita, incluindo letras que fazem critica social com mestria. Em “Thank You”, Milo desceu do palco e juntou-se ao público, partilhando o seu microfone com quem quisesse acompanhá-lo e pelas 00h10 íamos já com quase 30 canções interpretadas, altura em que a banda deixou o palco. Se existem concertos em que se percebe que o encore não está já programado, este foi um deles. Sou capaz de apostar que os Descendents não planeavam regressar, se não fosse pela extraordinária energia que o público português liberta nestes eventos. Assim sendo, houve ainda lugar a quatro temas, sendo que “Get the Time” foi mesmo o último desta noite.

A avaliar pela adesão do público, quero acreditar que venhamos a ter mais edições de Hell of a Weekend. Oxalá o promotor entenda da mesma forma e nos volte a presentear com mais cartazes com esta qualidade.


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Tânia Fidalgo
Agradecimentos: HellXis