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Reportagem: Hell of a Weekend - Dia 1 @ L.A.V. Lisboa – 20.07.2024


Em primeiro lugar, há que saudar o regresso deste festival que, no passado, trouxe bandas tão interessantes ao nosso país. Com algumas alterações e pequenos acertos, nomeadamente no que diz respeito à localização do evento e ao número de bandas incluídas no cartaz, parece ter sido encontrada a fórmula para que venhamos a ter mais finais de semana infernais, pela mão da Hell Xis.

Ainda não vos falamos das bandas para este primeiro dia: foram elas os nacionais Devil in Me e Trinta & Um e os brasileiros Ratos de Porão. A abertura coube aos, também portugueses, Last Hope. A banda da Margem Sul estava visivelmente agradada pela honra de abrir um evento com esta dimensão, mas também por verificar que houve muito público a querer marcar presença a tempo de assistir à sua atuação. O mais recente álbum, Quando a Verdade Fala, forneceu vários dos temas que podemos ouvir nesta noite. Sendo que “Cabrão Feito” e “Hardcore is Our Way” tenham sido os que mexeram mais com a assistência, durante uma atuação repleta de energia por parte deste quarteto.

Seguiram-se os Devil in Me que, como alguém referiu, são a nossa banda de hardcore mais internacional e que por isso estão muito habituados a estes palcos. Quanto ao público? Bem, ninguém quer perder um concerto dos Devil in Me. A banda lisboeta conquista mais e mais adeptos a cada concerto e quem assiste, não perde uma oportunidade de o voltar a fazer. “Knowledge is Power” deu início a uma atuação de 40 minutos repleta de atitude e os circle pits surgiram naturalmente, assim como quem quisesse fazer crowd surfing. Autênticos hinos, como “Warriors”, foram cantados por toda uma sala que, se não estava cheia por esta altura, pouco deveria faltar. Para a ponta final, a recente “Lost Dogs”, que não pôde contar com a participação do Rafa (Fear the Lord), mas que que foi muito bem recebida. Para terminar da melhor forma possível, “Soul Rebel” que colocou ponto final a mais um maravilhoso concerto.

Para dar continuidade a este festival e substituir em palco os Devil in Me, só mesmo outros gigantes do hardcore nacional como são os Trinta & Um. Eles que carregam tão orgulhosamente o estandarte de Linda-a-Velha, cantando sempre em bom português. Com Granada no Charco, o mais recente trabalho ainda fresquinho, a banda de Zé Goblin não perdeu a oportunidade para tocar “Polícia na Rua” e “Filhos de Barrabás”, por exemplo, sendo que foram clássicos como “o Cavalo Mata” que fizeram as delícias de um L.A.V. praticamente cheio. Sérgio “Bifes” também não foi esquecido, numa atuação que não deixou nenhum apreciador de punk/hardcore insatisfeito e ainda faltavam os Ratos de Porão.

A banda de São Paulo parece estar em casa sempre que nos visita. O certo é que continuam a encher salas com a dimensão de um L.A.V. e isso significa que devem estar a fazer alguma coisa bem, pois o público português não perde a oportunidade de ver a banda de João Gordo, sempre que ela se proporciona. “Alerta Antifascista” foi o pontapé de saída para uma hora de crossover, carregado de mensagens fortes. A bandeira da Palestina esteve sempre em palco enquanto os Ratos de Porão percorriam a sua longa discografia, construída ao longo de 40 anos de existência. Os seus primeiros cinco, ou seis trabalhos continuam a ser aqueles com que o público mais se identifica e não é por isso de estranhar que continuem a ser aqueles em que os Ratos de Porão mais apostem. Este foi o último concerto da tour europeia e teve Johnie Simbiose   como convidado para o tema “Morrer”. Sem que tivesse muitas paragens, o espetáculo dos Ratos foi sempre animado, com tudo aquilo que se pode esperar de uma banda deste género musical com esta dimensão. Sem direito a encores, o concerto terminou com uma ponta final de luxo, com alguns dos melhores temas de Brasil e finalmente “Crise Geral”, que concluiu uma hora de atuação.


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Tânia Fidalgo
Agradecimentos: HellXis