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Reportagem: The Real McKenzies e Albert Fish @ R.C.A. Club, Lisboa – 16.06.2024


O tão aguardado regresso dos Real McKenzies a Portugal superou as expectativas dos mais exigentes. Para além dos kilts e da música punk celta, algo que tão bem descreve a banda canadiana, houve ainda lugar a lições de história, biologia e até um pezinho de dança ao som do samba de Sérgio Mendes. Para começar a aquecer o ambiente desta noite estiveram os Albert Fish, que mostraram ter energia para dar e vender.

As atuações dos Albert Fish sempre foram vigorosas, mas com a entrada de Inês para as vocais, a banda de punk rock parece estar a viver uma segunda vida e isso nota-se em palco. Com o mais recente álbum, Save the Planet, Kill Yourself, ainda fresquinho, era mais que natural que a aposta para esta atuação se focasse nesse mesmo trabalho. Foi bom ouvir “Braço de Ferro”, único tema cantado em português, entre tantos outros que tinham em comum a critica social - estávamos num concerto punk, lembrem-se disso-. A sala do R.C.A. estava já bem composta e a sua importância na cena underground ficou reforçada, quando Inês revelou o seu contentamento por estar a pisar aquele palco pela primeira vez. A despedida fez-se com “Ne Travaillez Jamais”, que foi dedicada aos Real McKenzies.

Apesar da sua proveniência canadiana, não se deixem enganar, é sangue escocês que corre pelas veias de Paul McKenzie, único resistente da banda original formada no longínquo ano de 1992. O capitão está velho, como referiu o homem encarregue da gaita de foles, Aspy Luison, mas a sua boa disposição e simpatia não foram afetadas. Tendo sempre algo a dizer entre os temas que iam sendo interpretados, o público foi rapidamente contagiado pela alegria que exalava de Paul McKenzie. Quanto às músicas, elas são muito frequentemente influenciadas pela cultura celta, quer seja através do famoso Monstro do Lago Ness, cancões tradicionais escocesas ou até mesmo assuntos mais sérios, como os bravos soldados escoceses que combateram na 2º Guerra Mundial. Assim como há árvores em que todas as flores dão fruto, também os temas dos Real McKenzies são sempre agradáveis e resultam muito bem ao vivo. Quer sejam mais dançáveis como “Mainland”, ou mais sérios como “Guy on Stage”, onde Paul puxou da sua Harmónica e dispensou o seu baterista. Mas as suas músicas são sinónimo de festa, essa é a verdade. A passagem de “Tell Me What You Want”, das Spice Girls, antes de a banda subir ao palco não foi inocente. Esta era uma noite em que iria reinar a diversão e o público deixou-se levar. Quer fosse sentado no chão, a simular estar a remar uma embarcação, ou simplesmente a abanar-se ao som da música dos Real McKenzies, ou até mesmo a cantar. Deu para tudo. Para o encore, mais um tema sério: “Wilde Mountain Thyme” -que foi cantada com sentimento- e para terminar, “Nessie” e “Drink Some More”, que foram o culminar de uma hora e meia de boa música, onde também não faltou interação com o público, tendo o seu auge sido atingido quando Paul Saltou do palco para dançar com ele o já referido samba.


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Hugo Andrade
Agradecimentos: Hell Xis