About Me

Entrevista aos Sleep Therapy


Os Sleep Therapy são uma banda nortenha que está a dar os primeiros passos na cena musical mais pesada. Lançaram o álbum “nothing, nowhere” em outubro de 2023 e já estão a preparar um novo álbum/EP. Estes jovens cheios de energia apresentam um som bastante eclético, com alguma eletrónica, riffs pesados e partes melódicas. Têm tudo para virem a marcar a cena underground. Fiquem a conhecê-los melhor através desta entrevista da Metal Imperium.

M.I. - Antes de mais, parabéns pelo vosso álbum!

Obrigado.


M.I. - Saibam que tem sido ouvido e aconselhado bastantes vezes! Portanto, antes de falar sobre o álbum, acho que a melhor maneira era falarmos um bocadinho sobre vós. Como é que se conheceram e as vossas origens para conhecermos um bocadinho a banda. Em que momento é que Sleep Therapy começou?

Loyz - Ok! Uma boa pergunta! Tem sido uma jornada bastante engraçada. Isto começou tudo, porque antes deste projeto dos Sleep Therapy havia um projeto chamado Become Zero, que era a banda de que eu fazia parte, juntamente com o Marco, que é o nosso baterista, e o Miguel que é o nosso antigo baixista. Por motivos logísticos e outras situações, os Become Zero decidiram terminar. Nesse momento, eu decidi que estava mesmo na altura certa para começar um projeto que queria levar mesmo a sério, sempre tive uma paixão enorme por este género e sempre foi aquilo que me imaginei a fazer no futuro e fui atrás disso. Falei com Marco e com Miguel também e começamos este projeto Sleep Therapy. Tivemos ali uma fase embrionária durante os primeiros 3/4 meses em que estávamos só a tentar perceber que tipo de som é que queríamos e como é que poderíamos trabalhar nisso. Foi nessa fase que conhecemos o Diogo Faria, o nosso grande guitarrista ritmo. Foi bastante engraçado, porque eu conheci-o numa aplicação que é uma espécie de tinder para músicos e, por acaso, tínhamos amigos em comum porque ele também estudou aqui na Póvoa. Andamos na mesma escola secundária e foi, basicamente, assim que nos conhecemos. Depois, mais para a frente, eu creio que já andávamos a tentar até gravar o videoclipe para “Rain”, o segundo single que acabou por não acontecer, mas aí apercebemo-nos que precisávamos de um guitarrista lead, porque não dava para estar a tocar partes assim mais complicadas e a cantar ao mesmo tempo. Lembrei-me de um rapaz com quem nem tinha falado muitas vezes, mas tinha-me cruzado com ele na escola, o Gustavo, e agora é o nosso guitarrista lead. Entretanto, acabamos por ter de trocar de baixista, o Miguel agora é o nosso técnico de som. Eu chamei um colega meu que conheço desde os tempos da Escola de Música da Póvoa quando comecei a tocar guitarra, o Samúdio.
Diogo - Eu acho que tenho uma resposta alternativa à tua pergunta, Carlos. Para mim, os Sleep Therapy começaram a funcionar mesmo como banda este verão na realidade, quando passamos uma semana juntos e a escrever os quatro na mesma sala. Foi uma semana dedicada à banda, quase residência cá em casa. Acho que foi aí que tudo mudou… acordar e adormecer, sempre uns com os outros. 


M.I. – Até porque vocês têm na bio do Instagram, metal alternativo do Porto. Portanto, têm aí a vossa base e quando se ouve esse género alternativo, quando se ouve o som que vocês fazem tão prolificamente, tem ali várias nuances tanto de eletrónica, tem riffs pesados, tem partes mais melódicas, portanto isso também transpira algum ecletismo entre vós e sobre os géneros que ouvem. Imagino que tenha sido prolífica essa semana de que tanto falas para, pelo menos, criarem essas vossas identidades que parecem tão distintas. Querem falar um pouco sobre as referências que ao longo da vossa vida musical foram criando? Sei que há uma componente muito forte dos Deftones a que já fizeram referências noutras alturas, mas querem identificar outras ou falar sobre essas?

Loyz - Ora, bem, vou só corrigir aí uma parte porque, na verdade, este álbum aconteceu todo antes dessa grande reunião em casa do Diogo e acho que o que aconteceu até foi um bocado diferente. Sinto que, naquele momento, em que nos juntamos e passamos tempo juntos a compor e a perceber o nosso som, conseguimos centralizar um bocadinho mais aquilo que seria o nosso som futuro porque, nessa semana, começamos a compor aquilo que está por vir. E aí começamos, se calhar, a definir aquilo que seria o nosso som, porque este primeiro álbum “nothing, nowhere” foi feito ao longo quase de um ano e meio. As músicas foram feitas quase de uma maneira exponencial, ou seja, começamos uma música, dois meses passavam, fazíamos outra música, e depois na fase em que estávamos a decidir já que queríamos fazer um álbum, de repente, num intervalo de dois meses, finalizamos mais quatro músicas que não entraram no álbum, porque decidimos que não iam entrar no álbum. Portanto, a fase inicial de experimentar também passou muito por mim, porque eu faço a pré-mistura e a pré-produção aqui da banda e passo demasiado tempo no computador a inventar. O meu inventar é “vamos lá fazer aqui um bass eletrónico”, então essa parte de exploração foi muito numa cena de tentar perceber aquilo que poderíamos fazer com o nosso som. Queríamos explorar e ver como é que ia ser recebido pelo público e, felizmente, foi bastante bem recebido. Eu sou muito fã de Sleep Token, mas sempre que falo em Sleep Token, tenho a necessidade de dizer que nome de Sleep Therapy já estava bastante decidido antes de saber que os Sleep Token eram uma cena. Os Sleep Token são brutais e sem dúvida que tiveram também bastante influência no nosso som, assim como Deftones, da minha parte é mais isso e depois tem aquele metal Core mais… não digo antigo, mas meados dos anos 2010. Temos aquela fase dos Architects “All our Gods have abandoned us”. O Diogo depois traz as partes mais progressivas e alternativas da cena. 
Diogo - Sim, eu gosto muito de dizer, quase por provocação ao pessoal, que eu não ouço metal, mas acaba por ser verdade. Acho que maior influência é RadioHead e, entretanto, acho que já começou a chegar à banda essa influência e eu fico feliz, muito feliz. Além disso, eu ouço mesmo pop alternativo e acho que aquilo que posso referir, para mim, pelo menos influência e não sei até quanto é que poderá influenciar o som da banda para o futuro, é Caroline Polachek, que está a começar a surgir mais. 


M.I. - Nós estávamos a falar dessa semana que passaram juntos, mas anterior a isso, houve o plano B, o concurso de bandas. Foi a primeira grande prova de fogo, foi a primeira vez que realmente deram um concerto enquanto Sleep Therapy. Como é que foi essa experiência?

Loyz - Certo, sim. Acho que até foi o primeiro concerto para nós. Foi o primeiro concerto da minha vida, na verdade, e do Marco também. 


M.I. - Agora que sei que foi o primeiro concerto da tua vida, como é que foi essa experiência?

Loyz - Eu lembro-me bastante bem e acho que foi das melhores coisas que nos aconteceu, porque o facto de nós termos sido selecionados para tocar no concurso, pôs-nos à prova e meteu a pressão “ok, temos uma data para tocar! Vamo-nos preparar para tocar nessa data”. Até lá nós ensaiávamos, mas nunca tínhamos preparado o concerto como um concerto em si. Então, foram ali duas semanas com muitos ensaios, muita carga horária e muito divertidas. Eu adorei-as! Passamos muito tempo a preparar o som e a tentar ao máximo para o concerto, mas lembro-me que, horas antes do concerto, nós estávamos lá no Plano B, eu bebi chá pela primeira vez na minha vida. Acho que tive que fazer 50 flexões, porque não conseguia parar de andar de um lado para o outro e estive com uma palhinha na boca a aquecer a voz durante horas. Acho que estávamos todos a tentar descobrir o nosso mundo pré-concerto, e estávamos todos um bocado à toa a andar de um lado para o outro, a pensar na vida e a tentar aliviar os nervos. Mas correu muito bem para o primeiro concerto, acho eu, e o feedback foi incrível. Eu lembro-me que, no dia, não soube reagir a elogios, quando no final, nos vem dizer “Ei que concerto fixe, meu!”, “Eu sempre curti isto, mano!” e “obrigado”. 
Normalmente, antes dos concertos, gosto só de me sentar e meditar um bocado. 


M.I. - São completos opostos… das 50 flexões à meditação. Foi aí que começou o caminho para o álbum “nothing, nowhere”? Podem dizer isso?

O álbum já estava planeado, nós aproveitamos a altura. Sabíamos que íamos tocar para o concurso da Queima e era fazer acontecer para chegar à final, já que depois até seria mais importante, porque o lançamento do “As the night becomes awake” com o videoclipe foi no dia a seguir. O concurso era na quinta e na sexta-feira sai o videoclipe, e nós pensamos “Ok, vamos dar tudo na eliminatória, vamos à final e, na final, vamos promover o videoclipe”. Nós, normalmente, usamos “As the night becomes awake” como uma espécie de encore que é aquela música que fecha sempre o concerto, só que, na final do concurso, decidimos que íamos tocá-la em penúltimo e depois tocamos uma música que nunca lançamos, que não está em lado nenhum, e era uma balada. Num dia muito estranho com um pensamento ainda mais estranho, decidi juntar o final dessa música à soundtrack do Interstellar e conseguimos ali uma cena mesmo grandiosa para acabar o concerto. Lembro-me especificamente que, na música anterior a “As the night becomes awake”, eu estava só a pensar tenho que dizer que a “As the night becomes awake” saiu e tem um videoclipe, o pessoal vai ter que ir ouvir. Foi muito assim e, a partir daí, nós já tínhamos algumas músicas feitas, mas o álbum e o espírito de querer fazer o álbum, fazer sentido e ter uma mensagem por trás daquilo, acho que começou nessa altura.


M.I. – Isso dá uma ligação perfeita à minha próxima pergunta: “as the night becomes awake” fala sobre perturbações de sono. Também dá aqui o mote ao vosso nome. Há uma mensagem por trás das vossas melodias. Como é que foi para vós passar esta mensagem, principalmente para ti, Luís? Como é que isso vos fez sentir enquanto grupo?

Loyz - Ok! Boa pergunta! Eu tenho um grande conflito interno com as músicas, porque quando escrevo uma música que sinto que é demasiado pessoal, tento sempre que alguém me pergunte o significado da música, inventar um significado. A “as the night becomes awake” fala sobre a perturbação do sono e, aliás, foi a primeira ou a segunda música que surgiu do projeto e fala sobre um tema bastante específico, um momento bastante específico, numa situação bastante específica e o resultado dessa situação são as perturbações do sono. Eu sinto que a parte de fazer chegar às pessoas e de elas ao ouvirem sentirem alguma coisa ou identificarem-se de alguma maneira com aquilo que está escrito na música, tento muito conseguir que a letra tenha um sentido bastante metafórico e que consiga dar abertura às pessoas de tentar criar a própria mensagem. Sinto que, às vezes, faço a música num contexto tão específico que preciso de abri-la mais um bocado para poder chegar aos corações das pessoas e que as pessoas consigam identificar e fazer daquilo uma mensagem própria e não só uma mensagem minha para as pessoas. Ao longo da criação das outras músicas e mesmo nos concertos sinto que é sempre assim. Por exemplo, quando estou a cantar, não gosto de pensar exatamente naquilo que escrevi ou no porquê de ter escrito a música, mas de que maneira é que a música faz sentido na minha vida naquele momento, ou seja, fases diferentes vão atribuir um sentido diferente e acho que todos temos maneiras diferentes de interpretar as músicas para nós próprios, nós damos-lhes o nosso próprio significado. Nós gostamos de passar muito tempo só a falar sobre a vida e a criar cenários muito específicos e acho que é dessa maneira que conseguimos exteriorizar o interior e fazê-lo de maneira mais subtil, porque eu evito ser demasiado óbvio, porque sinto que vou-me estar a expor pessoalmente. O pessoal que faz música tem sempre estas mocas um bocado estranhas e acho que essa é um bocado a minha, ter sempre um conflito bastante grande com aquilo que estou a escrever. Não sei se o Diogo quer acrescentar alguma coisa a isto.
Diogo - Eu acho que posso falar sobre um tópico que está associado e também ao concurso do Plano B. Esta questão toda sobre músicas e sobre cantar e tocar sobre as nossas cenas, estarmo-nos a expor, tem muito a ver com vulnerabilidade. Sinto que o “Valentine” é das músicas mais cruas nesse sentido, até porque a música não foi lançada e estava mesmo na fase embrionária, mas nós sentimos que era aquilo que tínhamos de fazer e demos por nós numa situação em que estávamos a fechar a noite com a sala cheia, flashes ligados e as pessoas parecia que estavam a cantar connosco e não conheciam a música e acho que foi um momento mesmo bonito. Acho que foi por isso que nós pensamos “OK, temos de assumir isto, seguir em frente”, porque estávamos a tocar ao lado de bandas de pop rock, de indie e nós somos uma banda de metal. 


M.I. - Isso é fixe! A seguir, vocês lançaram duas das minhas músicas favoritas deste álbum: “Rain” e “Backrooms”. Muitos parabéns, porque são duas músicas que estão muito bem conseguidas e vão de encontro àquilo que estavam a falar, há uma exposição que não é óbvia, há uma metáfora muito grande e subjacente. No entanto, continua sempre aquela ideia de cuidarmos de nós próprios e dos outros e de quem está ao nosso lado que acho que é uma ideia em que assenta todo o heavy metal. Isso leva-me a perguntar como é que funciona o vosso processo criativo? Por onde começam quando desenvolvem uma música? Tem um rif primeiro? Tem uma letra? Depois alguém lidera o processo? Quando é que sabem que já está terminado? Falem um bocadinho sobre como é que vocês chegam ao produto final.

Loyz - Ok, portanto eu sinto que há dois métodos diferentes que nós temos a trabalhar. Como eu tenho o home studio em minha casa, sou eu que faço a parte da produção Inicial, tudo o que acontece tem que passar por mim para entrar no meu computador. A maior parte das músicas do início deste primeiro álbum começaram aqui neste quarto. Nós íamos combinando dias diferentes. Por exemplo, um dia vinha cá o Diogo e passávamos horas a pensar como é que íamos fazer a música. Normalmente já havia uma ideia de base da música e víamos para onde queríamos levá-la, como é que a queremos acabar, o que é que queremos que a música faça as pessoas sentir e era muito por aí. Mas, recentemente, descobrimos que naquela semana, se calhar, vou dar aqui um leak que já foi dado entretanto pelo Marco que é o nosso baterista, que é tipo o Tom Holland da banda, porque ele não sabe manter segredos… Nós estamos a trabalhar num possível álbum/EP, ainda não é certo se será um EP ou um álbum, mas a primeira música em que começamos a trabalhar juntos, percebemos que aquilo que funciona para nós é criar um cenário mesmo muito específico. Eu, se calhar, vou falar um bocado sobre o cenário que nós estamos a falar… se calhar é um bocado estúpido e é mesmo é demasiado específico, mas eu prometo que aquilo faz sentido. Nós estávamos no quarto do Diogo, ele também tem lá um estúdio montado e já tínhamos começado a tocar uns acordes da música, já tínhamos ido umas noites para a praia tentar desenvolver a ideia da música. Naquele dia, disse “Pessoal, vamos fazer uma pausa. Eu sei exatamente o que é que nós precisamos de fazer!”. Meti um vídeo a dar em loop no ecrã do computador, acho que era uma Sakura, a árvore das pétalas cor de rosa. Meti um GIF disso num ecrã e depois disse “Imaginem este cenário muito específico: vocês estão no vosso casamento, têm 35 anos, isto para vocês é o pico da vida. Durante o vosso casamento foram à varanda fumar um cigarro e aperceberam-se que isto não era bem aquilo que vocês estavam à espera. Aquilo que nós achávamos que era o pico da nossa vida, que era aquele momento que esperamos uma vida inteira, não era suficiente ou não era bem aquilo. O suposto era construir toda a música como se fôssemos a pessoa na varanda a fumar o cigarro e a perceber que nos faltava alguma coisa, só que não sabíamos bem o que era, e era muito estranho por acharmos que já tínhamos tudo. Aí começamos a escrever uma música que também vou dar leak, que se vai chamar “Skin Walker”. A música é basicamente sobre sentirmos que estamos na pele da pessoa que gostávamos de ser, mas que não somos. Acho que, tudo que veio a seguir dessa música e tudo o que fomos criando a partir daí, surgiu sempre à volta de um cenário muito específico que era a maneira que nós tínhamos de nos pormos todos no mesmo espaço mental e de tentar criar uma imagem a partir daí com a música.


M.I. – OK! Boa resposta! Só para também não perdermos aqui o fio do álbum “nothing, nowhere”, uma vez que foi o vosso primeiro álbum e o vosso primeiro trabalho, foi terapêutico? Como é que classificam a experiência de agarrar no álbum e pensar “Está feito”?

Loyz - Obrigado! Eu acho que a terapia se calhar teve de vir a seguir. O processo por si só foi uma terapia. Depois de lançar o álbum e “OK! Está feito! Vamos fazer um próximo!”. Eu acho que a cena principal de nós acabarmos o álbum foi porque eu estava mesmo a insistir que queria começar a escrever o próximo álbum e estava só “Por favor, vamos acabar estas músicas para poder começar a escrever mais música” e começamos a trabalhar nisto. Não sei se isto é um padrão entre todos os músicos, mas, o dia de lançamento do álbum, o mês e o momento é sempre um bocado esmagador, porque é como se fosse uma realização pessoal…. Tipo “fizemos esta cena e vamos agora lançá-la para o mundo ouvir”… mas, às vezes, é o acumular de 1 ano e meio ou dois. Foi muito boa a experiência e está a ser muito boa, porque foi um dia foi bastante esmagador, mas já temos muita gente connosco. Recebemos mensagens de pessoal que entra em contacto connosco no fim dos concertos, até pessoal de fora do país… 


M.I. - No álbum, “A Quantum Dream” tem ali uma parceria com Icosandria. Como é que surgiu essa parceria e porque é que sentiram necessidade de a enquadrar ali naquela música?

Loyz - OK, pergunta fixe! Portanto, o Tiago que é o vocalista, é um grande amigo nosso e tem sido uma pessoa que nos tem acompanhado desde o início. Antes de fazermos as coisas acontecer na banda, eu e o Diogo éramos fãs deles, o trabalho deles é muito fixe, porque eles misturam ali o black metal quase com shoegaze e chamam-lhe blackgaze. Eu acho que é uma cena super interessante e curto muito aquilo e, na altura, “A Quantum Dream” acho que até foi das últimas músicas que nós fizemos e que finalizamos. Eu sentia que a música estava lá, mas faltava alguma coisa… “ok, não vou ser eu a cantar aqui, não vai ser o Diogo, não vai ser o Mar, vou falar com o Tiago!”. Mandei-lhe mensagem e ele adorou e, na altura, dei-lhe a liberdade de pegar naquilo e fazer a cena dele para ser o mais puro possível. Acho que é uma parte pequena da música, não é muito tempo, mas adorei, todos adoramos e, por algum motivo, foi uma cena que fez todo o sentido e era também uma espécie de momento especial para nós por termos alguém que acreditou em nós desde o início a fazer parte disto também. Já chegamos a tocar a música ao vivo com o Tiago também e foi brutal!! Foi muito por aí, foi sentir que faltava ali alguma cena e, por algum motivo, senti que era o Tiago e tudo fez sentido.


M.I. – Por falar em música ao vivo: há concertos dos Sleep therapy na agenda para este ano? 

Está a ser tratado e vamos começar a anunciar assim que tivermos tudo tratado. 


M.I. - Vocês já responderam em parte a isto, mas “Something, somewhere” não é propriamente a resposta que procuro. Depois de “nothing, nowhere” já percebi que há novas ideias e já falaram sobre algumas delas e que estão bastante entusiasmados. Que querem acrescentar?

Loyz - Eu acho que podemos acrescentar que, este novo álbum/EP em que estamos a trabalhar, para nós todas as músicas são material para single ou não são material para single, mas porque especificamente estamos a criá-las para não serem material para single. E o som em si… tudo está a começar a fazer bastante sentido e sinto que estamos a encontrar realmente aquilo que é o som Sleep Therapy, que era uma coisa que nós andávamos à procura com este primeiro álbum e a tentar perceber o que era. Agora sinto que estamos a chegar lá e posso dizer que o nome do EP já está escolhido, como podem imaginar. Tem sempre a ver um bocado com a parte do sono e, especificamente neste álbum, tem muito a ver com sonhos. Acho que todas as músicas falam um bocado sobre um padrão de sonhos e o nome que nós decidimos atribuir “Dreamcore.ex” é como se fosse tipo um ficheiro executável no computador. Por acaso, o nome foi uma cena que surgiu assim do dia para a noite. Começamos cada música como se fosse uma reflexão sobre uma espécie de sonho que andamos a ter ou de um pensamento recorrente. Estamos a tentar criar uma história em cada música, com uma narrativa muito específica e descrever uma situação muito específica e, com isso, metaforicamente, ter uma reflexão sobre os nossos sonhos e aquilo que nos vai atormentando ultimamente. É diferente do “nothing, nowhere” que relatava experiências vividas. Este vai relatar experiências sonhadas, é muito por aí.


M.I. - Estas entrevistas, normalmente, chegam ao fim com uma mensagem para os fãs. No entanto, vocês têm uma frase escrita no final dos vossos vídeos que passo a citar “In the depths of our creative voyage, our hearts overflow with profound gratitude. The enduring love and unwavering support we've been privileged to receive have been the bedrock of our musical journey. Each chord, every lyric, and every stage performance is an ode to your belief in us. You are the unwavering force fueling our passion, and for this, we are eternally thankful.” (“Nas profundezas da nossa viagem criativa, os nossos corações transbordam de profunda gratidão. O amor duradouro e o apoio inabalável que tivemos o privilégio de receber foram a base da nossa jornada musical. Cada acorde, cada letra e cada apresentação no palco é uma ode à sua crença em nós. Você é a força inabalável que alimenta a nossa paixão e, por isso, somos eternamente gratos.”). Em jeito de comentário, há algo que queiram acrescentar?

Loyz - Eu acho que essas palavras são a nossa maneira mais poética de agradecer a toda a gente que realmente tem acreditado em nós, tem ouvido as nossas músicas e que tem interagido connosco. Eu gostava mesmo que as pessoas conseguissem ver o impacto que conseguem ter em nós, às vezes, só com um comentário ou uma mensagem. As pessoas pensam muito no impacto que nós estamos a ter nelas com a nossa música, mas a verdade é que o impacto que elas têm em nós a ouvirem a nossa música é igualmente surreal. E, para mim, é o suficiente para um dia mau se tornar num dia espetacular. Mas vou deixar o Diogo também falar sobre a experiência dele em relação isto.
Diogo - Eu acho que essas palavras, no fundo, só querem dizer obrigado, porque é muito isso… o que nós demos às pessoas, elas estão a dar-nos de volta. Nós só queremos retribuir e continuar a dar amor, de certa forma é amor! Acho que é uma bonita maneira de terminar.


M.I. - Acho que sim! Muito obrigado mais uma vez pelo vosso tempo, pelo vosso trabalho e fico ansiosamente à espera tanto de novas datas como do novo “something, somewhere”, chamemos-lhe assim.

Obrigado por tudo! Nós é que agradecemos o convite. Muito obrigado.

Ouvir Sleep Therapy, no Spotify
Entrevista por Carlos Mateus