O ano de 2018 assinalou pequenos e imperativos eventos musicais em território nacional, nomeadamente o Festival da Eurovisão da Canção na capital portuguesa, Nick Cave acompanhado pelos seus Bad Seeds estreou-se uma vez mais no NOS Primavera Sound Festival 2018 e o punk britânico dos IDLES viajou pela primeira vez até Portugal para encher o Hard Club do Porto Lisboa ao Vivo de multidões ansiosas por desfrutar de um agradável concerto.
Para Max Tomé, mentor dos Colosso, foi um ano de produção e gravação do quarto álbum da banda de death metal nortenha. Rebirth (2018) integra 14 faixas nas quais metade comportam meramente a parte instrumental das outras e ausência de voz. Max, conforme em Peaceful Abrasiveness e Abrasive Peace (2012) apostou na experimentação musical e introduz-nos elementos naturais como a chuva nas músicas, adquirindo assim uma tonalidade de um death metal autêntico e com recetividade a uma mescla de novas sonoridades musicais. Sob a alçada da editora Lusitanian Music, sediada na Amadora, a bateria contou com a perícia do português Emídio Ramos (ex-Dark Oath), no qual emprestou o seu estúdio de ensaio em Lisboa e facilitou a produção deste acutilante disco.
Seis anos mais tarde, os Colosso decidiram fazer renascer este antigo leviatã, limando e polindo algumas arestas. É inegável a atmosfera musical em que somos envolvidos, no qual Max abraçou a composição de todos os instrumentos no desenvolvimento de seis faixas que versam pela diversidade musical e combinação de um death metal tradicional com elementos naturais que tanto dotam os Colosso de uma única competência musical. Na reedição só foram gravadas as vozes, embora tudo tenha sido remisturado e remasterizado, que vem trazer uma sonoridade mais moderna, mas sempre na linha tradicional dos Colosso, onde é possível escutarmos em faixas como “From Nothing” e “Perennial”. Os blast beats encaixam perfeitamente na voz de Max como um dueto predestinado a existir e brindar-nos com uma reedição mais crua e agressiva. Já na faixa homónima do álbum, temos um som mais técnico com ritmos encadeados de todos os instrumentos, algo similar às influências das bandas de death metal da Flórida. Como convidado especial, Marcos Martins (ex-Tod Huetet Huebel) empresta a sua voz na música “Revoke”, o que faz soar um pouco ao experimentalismo de Karl Sanders em Nile, numa mistura entre uma voz gutural com partes mais melódicas que se misturam perfeitamente e que nos evoca, uma vez mais, à mestria da banda em apostar em distintas composições musicais. Um disco que se ergue do zero e ascende ao panteão musical português de metal, terminando com a faixa “To Nothing”, que espelha um pouco a influência e sua outrora colaboração de Max com os Holocausto Canibal, com uma música também mais técnica, embora sempre com uma identidade única que caracteriza e distingue o som dos Colosso de outras bandas de metal.
Uma quimérica e miscelânea fusão de sonoridades que vão desde o death metal, Groove, elementos de thrash e com algumas pinceladas de um experimentalismo ambiental. Os Colosso favorecem a diversidade musical e a reedição de Rebirth (2018) é a prova sólida do trabalho e esforço árduo de uma só pessoa com uma colossal presença no metal nacional.
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Nota: 8/10
Review por André Neves