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Mägo de Oz - "Alicia en el Metalverso" Review

Madrid, 2023. Alicia, uma rapariga transsexual de 16 anos, durante uma consulta do psicólogo, recebe uma mensagem via WhatsApp com a fotografia de um estranho coelho e um link. Ao seguir o link, cai na toca do coelho e entra num mundo mágico – o Metalverso. Tal como no conto de Lewis Carroll, também aqui vamos encontrar o Chapeleiro e a Rainha de Copas, que é uma famosa youtuber, que governa com mão de ferro e exerce a sua ditadura nas redes. Este é o mote para o novo capítulo da já longa carreira discográfica dos veteranos espanhóis: uma adaptação da história de Alice no País das Maravilhas aos tempos modernos.

Musicalmente, já sabemos o que nos espera – uma hora de power e folk metal cantado em espanhol. A novidade aqui era perceber como é que a banda se iria aguentar após uma nova troca de membros. O (agora) octeto já chegou a ter dez membros efetivos e já viu passar pelas fileiras mais de vinte pessoas. Ao leme da banda continua o D. Quixote – o inefável Txus di Fellatio – ao qual se junta o seu Sancho Pança – o violinista Carlos Prieto “Mohamed”. O novo vocalista, Rafa Blas, foi o vencedor da programa de talentos “A voz”, edição espanhola, de 2012. Também a estrear-se está o novo teclista, Francesco Antonelli, aos quais se junta o regressado Jorge Salán, que esteve na banda de 2004 a 2008, tendo gravado três álbuns. É, portanto, com esta mão cheia de novidades, que os Mägo de Oz se apresentam novamente no mercado, depois de terem lançado “Bandera Negra” durante a pandemia.
 
O disco abre com o tema título – “Alicia en el Metalverso” – um tema épico de doze minutos. A salientar está a participação de Diva Satánica (Nervosa, Bloodhunter), que faz a voz gutural e que acaba por ser o único momento verdadeiramente interessante de um tema chato e comprido como a espada de D. Afonso Henriques. O segundo tema, “El sombrerero loco”, foi o primeiro single e é um tema orelhudo. Conta com a participação de Raquel Eugenio (Celtian), Elizabeth Amoedo e Alba Moreno. O tema seguinte, “El metalverso” é um tema uptempo, interessante, que faz lembrar Helloween. O quarto tema é “Seremos huracán”, que é, talvez o melhor cartão de visita do álbum e que será, com certeza presença assídua nos concertos daqui para a frente. Chegamos ao meio do disco e encontramos a primeira balada, “Como un sussurro”. Nada de mais. 

Segue-se “Luna de Sangre”, o meu tema preferido do disco, uma vez que é super-orelhudo, tem coros fortes e a orquestração está no seu melhor. De seguida temos “Somos los hijos del rock”, um tema que vem na linha de “Mi nombre es rock ‘n’ roll” e “No pares (de oír rock ‘n’ roll), entre outras – mais uma ode ao rock, uma presença já habitual nos discos dos Mago mas que mais não é que uma filler. O oitavo tema é mais uma balada, “Por si un día te perdes”. A encerrar o disco temos “La voz de los valientes”, com mais uma participação de Raquel Eugenio. É mais um tema longo e que não deixa saudades.

Em resumo, temos quatro temas relativamente bons mas que, em bom rigor, não trazem nada de novo à discografia da banda nem apontam nenhum caminho novo. É mais um motivo para voltar à estrada e tocar profusamente na América Latina, onde são muito fortes. Por cá, não se prevê nenhum concerto. De resto, as passagens da banda pelo nosso país resumem-se a duas aparições na concentração motard de Faro, em 2011 e 2018. Para que não conhece a banda, há outros discos mais interessantes para começar.

Nota: 6/10

Review por Renato Conteiro