About Me

Entrevista aos Pain


Peter Tägtgren é um daqueles nomes incontornáveis ​​na cena metal. Começou a tocar bateria aos 9 anos e depois aprendeu a tocar guitarra, baixo e teclado. Ele é o cérebro por trás dos Hypocrisy e dos Pain, e mesmo que essas bandas sejam o seu foco principal, ao longo dos anos, ele esteve envolvido noutros projetos de metal, tais como Bloodbath, The Abyss, Lock Up, Lindemann e War, apenas para citar alguns. A Metal Imperium teve uma conversa com o Peter, no zoom, poucos dias após o lançamento do 9º álbum dos Pain, “I am”. Ele está confiante de que este é o melhor álbum deles até agora, e eu tenho que concordar. “I am” representa Peter no seu melhor e ele está pronto e orgulhoso de nos provar isso mais uma vez!

M.I. - Em primeiro lugar, muito obrigado por tirares um tempo para conversar comigo! Como estás?

Estou bem! Estou bem!

M.I. - O novo álbum é incrível! Quão confiante estás? 

Nunca se está confiante! Tenta-se fazer o melhor que se pode e cabe às pessoas gostarem ou odiarem. Eu nunca digo “ah, isto vai ser um sucesso”, não funciona assim na minha cabeça, é mais ou menos tipo “vamos ver se as pessoas gostam disto!”. Estou feliz e isso é o mais importante!


M.I. - Ao lançar um novo álbum, sentes-te tão animado como quando começaste?

Sim, claro! Quero dizer, a última coisa que se perde é a esperança. Estou muito confiante na minha produção, na minha música. Não posso mudar nada, se as pessoas gostam ou não... isso não é muito importante se estiveres feliz.


M.I. - Sim, mas antes de prosseguir, preciso de te fazer uma pergunta. Hoje estava a ouvir o álbum e o título da primeira faixa ficou preso na minha cabeça “I just dropped by (to say goodbye)”… não é uma forma de dizer que não vais voltar como Pain, pois não? 

Não, não, não, não! É mais ou menos que estou farto da situação, do facto das pessoas terem medo, os governos assustam-nos para fazerem o que querem, e é basicamente isso. Se vai ser assim, então tchau. A longo prazo, o pessoal tem que dar uma olhada na letra das músicas, elas devem estar lá. É, principalmente, sobre ficar chateado com todos estes malucos que tentam governar o mundo. Não viste como foi com o covid, “todos têm que ser vacinados!”, “para quê?”, “para não apanhar covid”, “mas apanhas na mesma”, “é, mas assim não dá para transmitir”, “mas podes transmitir, sabes?”, coisas assim são só um exemplo. Esta música não tem nada a ver com o covid, é apenas sobre como os governos ficam loucos quando há estado de emergência e até onde eles podem pressionar as pessoas. Este foi um pouco o conceito da música.


M.I. - Ficaste em segundo lugar no Festival da Canção, o que é incrível…

Viva!!


M.I. - Quer dizer, estás a planear fazer algo a esse respeito já que a música “Baby Lasagna” é definitivamente uma cópia de “Party in my head”, certo? 

Sim, quero dizer, não me importo, para ser honesto. Todos sabemos, por isso não há stress! Estou feliz por ele ter trazido guitarras distorcidas e algum ritmo para o festival, como os Lordi fizeram há alguns anos.


M.I. - Eu identifico-me muito com as tuas letras. “Coming home” é espetacular, toca-me profundamente! 

Obrigado!


M.I. - E em “Party In My Head”, obviamente, disseste o que todos sentimos durante o bloqueio. Achas que o sucesso dos Pain tem algo a ver com o facto de que as pessoas se identificarem com a música, porque são letras que podemos facilmente entender em vez de serem abstratas?

Sim! Com os Hypocrisy vou um pouco mais para o lado negro da lua, por assim dizer, sabes?! Às vezes algumas pessoas dizem que sou muito direto, mas é assim que acho que as pessoas conseguem interpretar. Em primeiro lugar, nunca me vi como cantor e, em segundo lugar, nem como compositor lírico, mas tenho que aprender, e acho que cada vez fico um pouco melhor. Ainda tenho muito para aprender no que toca a escrever letras, mas às vezes é muito difícil ficar simples, porque funciona como uma espécie de espiral... às vezes palavras simples podem ser mais eficazes do que palavras complicadas para dizer a mesma coisa.


M.I. - Tu escreves todas as letras, certo? Parece que o mundo real e a sociedade são bons fornecedores de letras porque já fazes isto há oito álbuns. 

Sim, os Pain sempre foram uma viagem do meu próprio ego para me tornar um produtor melhor, e tive que criar uma banda que pudesse produzir num estilo mais moderno do que os Hypocrisy. Em meados dos anos 90, senti uma necessidade não apenas de continuar com os Hypocrisy, mas também de seguir em frente escrevendo diferentes tipos de coisas e também como produtor. Quando se grava bateria, baixo, guitarra, teclado e vozes, era assim com o black metal, eles só colocavam pads em cima ou algum tipo de melodia, mas eu queria usar mais o computador, como samplers e coisas assim, e isso realmente fez-me experimentar no estúdio todas estas coisas de tecnologia e acho que me ajudou muito. No momento, estou a trabalhar com uma banda de blues. Não aceito muitos trabalhos de produção, porque não tenho tempo, mas o meu amigo tem uma banda de blues e estamos a gravar o álbum dele e aprendi muito com isso também. Tudo o que se aprende é bom!


M.I. - Acho que nós, tu e eu, temos a mente mais aberta hoje em dia, porque tenho que admitir que quando comecei a ouvir metal no início dos anos 90, final dos anos 80, não podíamos dizer que ouvíamos outros géneros musicais!

Pois! Era assim nos anos 80, 90, mas hoje no metal ouvem-se muitas influências de outros géneros além do metal e acho que as pessoas entenderam que se pode realmente ouvir outras coisas. Acho que todos ouvíamos outros estilos de música, mas ninguém se atrevia a dizê-lo!


M.I. - Claro! Ora, tu és considerado um génio da música!

Não, não!


M.I. - És sim! Acredita em mim! Ter pessoas que te admiram, coloca pressão extra sobre ti quando estás a a compor e a escrever um álbum?

Os Pain sempre foram sobre o meu ego e eu apenas sigo o meu coração quando escrevo. Ultimamente, no último ano ou dois, temos mais contacto com os nossos fãs, porque fazemos muitos posts e fazemos perguntas e fazemos com que eles se sintam envolvidos... e, de repente, entendo que a minha música é importante para algumas pessoas, é como o oxigénio delas. Portanto, agora, não é apenas a viagem do meu ego, é também uma terapia para outras pessoas. Começo a perceber que já não é só o meu pequeno projeto paralelo, mas faço o que faço, sigo o meu coração e espero que as pessoas se possam identificar com isso e que isso as cure de alguma forma.


M.I. - Não é uma espécie de terapia para ti também?

Sim, é! Tenho défice de atenção e hiperatividade desde que nasci, e para mim é uma terapia muito boa! Quando comecei a tocar bateria, toda a minha loucura desapareceu. Quando era criança, era uma criança selvagem, não ias acreditar! A minha mãe suplicava-me constantemente, chorava para que eu parasse de fazer o que estava a fazer. No final, ela disse à minha professora para só lhe ligar quando eu fizesse algo de bom ou para não ligar!


M.I. - E a professora ligou?

Não, nunca mais ligou! Mas tive uma nova professora quando fui para o quarto ano e ela era baterista. Ela trazia a bateria sempre que tínhamos música na escola, ela levava-a no seu Volkswagen Polo e eu comecei a aprender a tocar. Quando finalmente consegui a minha bateria, estava sentado sozinho na garagem a tocar e, de repente, libertei toda a energia que tinha quando era uma criança com ADHD. Por isso, a música ajudou-me e salvou-me da prisão ou de fazer alguma parvoíce, sabes?


M.I. - Estás numa banda com o teu filho e ele criou música incrível para este álbum e tu complementaste-a com as letras. Quão orgulhoso estás desta colaboração? Vocês esquecem o vínculo pai/filho e trabalham como companheiros de banda ou isso está sempre presente?

O pai está sempre presente. Proteger, proteger, proteger, proteger! Isso acontece com todos os pais, mas acho que nos vemos mais como amigos músicos nesse sentido. Claro, às vezes, tenho de bater o pé no chão e dizer “para com isso”. Ele é o oposto de mim, não é tão selvagem, é mais calmo. Ele tem ótimas ideias para melodias e músicas! Ele tem a sua própria banda, o seu próprio projeto, mas está à procura de vocalista. O projeto dele é muito único, é uma constelação de estilos, não sei dizer bem o que é, porque é tão único, mas é muito bom!


M.I. - Como cria música nos Pain atualmente? À moda antiga, fazendo sessões de jam?

Não, não, acontece tudo aqui (aponta para a cabeça)! Se eu tiver uma melodia aqui, tipo “Party in my head” ou o que quer que me venha à cabeça primeiro, depois vou para o estúdio, tento tirá-la da cabeça, coloco no teclado, toco, gravo e, depois, começo a adicionar guitarras, baixo, bateria e coisas assim. Às vezes consigo escrever uma música na minha cabeça, depois de ter a primeira melodia ou riff na guitarra, consigo imaginar como a música vai ficar. É um pouco diferente de música para música! Algumas músicas são um pouco mais difíceis de sair, de terminar, de torná-las tão perfeitas quanto se deseja, e com algumas músicas é “boom”… é realmente difícil dizer por que é que é assim! Às vezes há algo na melodia ou no riff que me faz imaginar o final da música de alguma forma. É realmente difícil de explicar, mas é como se pudesse sentir como vai ficar!


M.I. - Usas muita tecnologia moderna? 

Sim, sim, não inteligência artificial. No estúdio, eu uso o meu Pro Tools, porque é nele que gravo e que me ajuda muito. Basta colocar o metrónomo e depois gravar as melodias e outras coisas, e quando se cria, coloca-se uma bateria eletrónica com uma batida de bateria, uma coisa super simples, só para manter a batida e assim por diante. E aí junta-se o baixo e blá, blá, blá, e, no final, finalmente consegues a tua música e agora vem a parte difícil, sabes? Tens que colocar uma bateria de verdade, tens que fazer de novo e fazer certo! E depois as vozes… Não quero cantar da mesma forma o tempo todo, e tentei explorar principalmente no novo álbum, porque uma música como “Go with the flow” é tão crua que demorei um pouco para descobrir como cantar os versos, o que devo fazer aqui? Sou um cantor de death metal e, de repente, tenho uma espécie de tema dos Depeche Mode dos anos 80. Quer dizer, sou um grande fã dos Depeche Mode, mas para me colocar lá, sinto-me nu quando começo e não sei como vai acabar até encontrar a maneira certa de o fazer.


M.I. - É uma boa música, também gosto muito dessa! 

Sim, é uma música sobre tentar não perder a cabeça, contar até 10 e seguir o fluxo.


M.I. - Mencionaste a Inteligência Artificial! Tens medo do que possa acontecer com a música no futuro porque pessoas preguiçosas podem usá-la como ferramenta?

Pessoas que não sabem escrever música irão usá-la como ferramenta. Quando trabalho duro e depois sou recompensado, sinto-me ótimo, mas se fizer batota, não me sinto tão bem. Então, cabe a cada um sentir no coração se está a fazer algo extraordinário ou realmente bom ou se está apenas a copiar de um cérebro de IA, sabes? Isso é com as pessoas! Não julgo ninguém, mas, para mim, quero ter a sensação de que o fiz com as minhas próprios mãos, com os ouvidos, com a cabeça, e foi isto que saiu. É como construíres uma casa em vez de ter um robô a construí-la. Como te podes orgulhar disso? É apenas a minha opinião.


M.I. - É uma opinião válida e concordo contigo! Das 11 faixas do álbum, “Don’t wake the dead”, “go with the flow”, “revolution” e “push the pusher” já têm vídeos oficiais. São todos muito interessantes, mas devo dizer que gostei particularmente de “Go with the flow”, com Peter Stormare, que é um dos meus atores favoritos. 

Adoro-o! Ele é um tipo 5 estrelas e super engraçado.


M.I. - Inspiraste-te no filme “Delírio em Las Vegas” para este vídeo? 

Sim! Inicialmente tinha uma ideia diferente. O Peter e eu deveríamos estar no banco de trás e as pessoas passariam pelas portas enquanto nós estávamos sentados. Mas era um problema muito grande, porque para conduzir e parar, precisa-se de uma parede verde para poder adicionar algo por cima e não funcionaria. Então, o Andrey, o diretor, disse: “Tive uma ideia! Vamos fazer uma mistura de “Pulp Fiction” com “Fear and Loathing” e “Taxi Driver”” e ainda não lembro qual era a referência do caixão, mas ele simplificou e fez um trabalho espetacular com este vídeo. Devo-lhe o tempo que dedicou à minha ideia e como a levou até ao fim.


M.I. - No vídeo, assumiste um papel interpretado pelo Johnny Depp e há várias imagens online a comparar-vos…

Sim, certo, podia ser pior!


M.I. - E assumindo o papel de Depp, pensei que talvez estivesses a concordar com a semelhança física entre vocês os dois? Não agora, mas talvez há alguns anos…

Sim, talvez sim, mas como eu disse, podia ser pior!


M.I. - A mente criativa por trás dos vídeos és tu também? Crias o guião de todos os vídeos? 

Bem, o único que eu realmente fiz a 100%, escrevi o guião e co-dirigi foi o vídeo comigo, o Till e o Peter, quando estamos no espaço. Não me lembro do nome da música (nota: Lindemann – Frau & Mann)! No último fim de semana antes das filmagens, o Till reescreveu o seu papel, porque ele deveria ser uma mulher e acho que teve problemas com isso, por isso ele escreveu essa parte para si mesmo e nós aceitamos. Como é que ela se chama? O meu cérebro é mesmo estúpido. Ela é da Ucrânia. (nota: Svetlana Loboda). De qualquer forma, naquele vídeo eu estive super envolvido, a correr e a olhar para a câmara e a dizer “Não, faças isso! Faz aquilo!" mas geralmente confio nos diretores que apresentam boas ideias. Eu sou um verdadeiro chato quando se trata de cortar e outras coisas, porém, nunca vou deixar passar nada que não esteja como eu quero!


M.I. - Prefiro os vídeos em que está a banda mais do que os vídeos animados, pois parece que são gerados por computador, não sei! 

Não, na verdade demorou dois meses e meio para dois tipos o desenharem e até tiveram alguma ajuda da IA para encaixar algumas coisas ali, caso contrário teria demorado meio ano, mas eles desenharam tudo sozinhos… foi um procedimento e tanto! Eu sei que dizer que tivemos ajuda da IA não foi bem pensado, porque muito pessoal ficou a pensar “ah, não gosto disso” mas, o facto é que ele realmente fez os desenhos, achamo-los muito interessantes, perguntamos-lhe se ele poderia dar-lhe um toque mais vivo e ele disse que demoraria muito, mas que conseguia, contudo ele precisava da música, ia precisar de meio ano e arranjou um amigo para o ajudar. No final, deram uns retoques com a IA… não é só apertar um botão!


M.I. - O título do álbum é “I am” e a arte da capa inclui o teu rosto em diversas posições diferentes, mostrando diferentes lados de ti mesmo. 

Na verdade, a música em si é sobre cancro. Digo que sou a célula cancerosa no corpo que eventualmente apagará as luzes. Infelizmente, tivemos muito cancro na família. A avó do Sebastian morreu há um ano de cancro, a minha mãe teve cancro mas venceu-o, a minha avó materna teve cancro mas não o venceu, infelizmente. Hoje todos conhecemos alguém que teve cancro ou sobreviveu ao cancro ou morreu, certo? É uma loucura. Acho que somos envenenados pelo que comemos e pelo que fazemos!


M.I. - Sim, sim, e pelo ar que respiramos!

Sim, mas voltando ao título do álbum…  Anna, a minha manager, disse-me “bem, isto representa-te nos dois anos de produção do álbum, é isto que tu és, então chama-lhe “I am”” e eu achei que era uma boa ideia.


M.I. - Vocês já têm alguns concertos marcados para 2025 e ainda estamos no primeiro semestre deste ano! Quão ocupados estarão daqui em diante? 

Durante o verão temos vários festivais, infelizmente nada em Espanha ou lá perto, talvez no próximo ano, não sei!


M.I. - Vocês vieram cá no ano passado!

Sim, mas foi em tournée. Estou a falar de festivais agora. Nós vamos fazer uma tour pela Escandinávia
em outubro e faremos uma tournée europeia com os Halo Effect em janeiro. Não me lembro onde vamos, mas iremos aonde não fomos, acho. Precisamos de ir e tocar, porque temos um novo álbum! A última tournée foi realmente para acordar as pessoas e dizer “Ei, estamos de volta!”.


M.I. - Sim, e espero que voltem a Portugal novamente!

Ah, Portugal é ótimo! Eu disse Espanha, desculpa, quis dizer Portugal! Desculpa! 


M.I. - Não faz mal! Espanha é aqui ao lado!

Sim, é o mesmo se disseres que sou norueguês ou dinamarquês! Há dois anos, quando tocamos em Portugal com os Hypocrisy, fiquei muito surpreendido, porque o concerto estava lotado e eu não esperava isso. Muito obrigado!


M.I. - Lembro-me que a primeira vez que vi os Hypocrisy ao vivo em Portugal foi no Porto em 1996! 

Ah, eu lembro-me! Foi há muito tempo! 


M.I. - Vocês tocaram com os Sentenced, os Tiamat, os Samael… foi brutal!

Foi ótimo! Acho que um dos primeiros festivais que fizemos em Portugal foi com os Cradle Of Filth, Grave, Gorefest, em 93 ou 94.


M.I. - Não fui a esse, infelizmente. Falando sobre idade... a idade é apenas um número, mas os membros dos Pain são um pouco mais jovens que tu. Sentes-te tão enérgico quanto eles?

Eu acho que eles não me conseguem acompanhar, para ser honesto! Sinto que tenho mais energia no palco agora do que tinha há 10 ou 20 anos. Fico mais louco no palco hoje em dia do que nunca.


M.I. - Mas fizeste uma mudança no estilo de vida ou algo assim? Paraste de beber?

Na verdade, sim, reduzi bastante a bebida. Eu escolho as minhas lutas, porque fico dois dias de ressaca e não consigo fazer nada de jeito. É a idade!! Tu escolhes as tuas batalhas. Eu adoro vinho, bebo dois copos de vinho antes de ir dormir quando ando em tournée, porque às vezes no autocarro é impossível dormir. Às vezes, bebo dois copos e vou dormir e sinto-me revigorado na manhã seguinte. Às vezes, simplesmente adormeço porque dei tudo durante 100 minutos em palco, e aí já não preciso de mais nada, só adormeço.


M.I. - E qual a receita para não ficar com o pescoço a doer por causa do headbanging… eu já não aguento!

É algo que terei de parar de fazer em breve, infelizmente, tal como o Tom Araya, que teve um problema há muito tempo e não tinha permissão para abanar a cabeça, mas até agora... bate na madeira... nada me aconteceu, vamos ver quanto tempo aguento. Há outras coisas que posso fazer! Posso correr como um maluco no palco em vez de abanar a cabeça, mas só vou pensar nisso no dia em que o problema surgir.


M.I. - Completarás 54 anos em breve. Ainda te resta alcançar algo como músico?

Sim, claro! Quero melhorar, escrever músicas melhores, produzir melhor, sabes? Não fiz nem metade do que quero fazer, e isso também é algo que me dá coragem para continuar! Quero fazer melhor, quero fazer músicas melhores, quero tocar para mais pessoas, atrair mais pessoas para a minha música e quero tocar melhor. Eu sou como um atleta! Eles esforçam-se ao máximo, mas na música não consegues apressar as coisas! A música tem que borbulhar na tua cabeça e depois é que sai.


M.I. - Então não te imaginas a parar entretanto?!

Não! Quero dizer, é claro, eu poderia parar como profissional e apenas sentar-me e escrever músicas e fazer demos para mim mesmo, isso não seria problema. O mais importante para mim é criar, é como plantar uma semente e ver como ela cresce e se transforma em árvore. É um pouco assim! Isso é fascinante e, claro, é um incentivo se as pessoas gostarem.


M.I. - És bastante ativo nas redes sociais. Já enfrentaste bullying online ou comentários negativos? Afetam-te?

É claro! Quanto mais famoso se fica, mais ódio se recebe, não sei por quê. Talvez as pessoas estejam com ciúmes ou algo assim, ou não me suportem ou não suportem a minha voz. Eu realmente não me importo, para ser sincero, porque não escrevo para essa pessoa, escrevo para mim mesmo e para os meus fãs, então não me preocupo! Não se pode gostar de tudo nem de todos!


M.I. - O nosso tempo está prestes a acabar… disseste que querias voltar a Portugal, tens ideia de quando isso pode acontecer?

Não, ainda não, porque estamos a trabalhar numa tournée americana que acontecerá em novembro ou no ano que vem. E, se algo não acontecer em novembro, talvez seja um bom momento para ir aos países onde não tocaremos com os Halo Effect. Esse foi o meu objetivo, preencher os sítios onde eles não vão, porque acho que precisamos de ir lá nós.


M.I. - Bem, Peter, foi um prazer conversar contigo mais uma vez. Desejo que voltem rápido e que toquem no Porto. Queres deixar uma mensagem aos teus fãs portugueses?

Sim, claro! Muito obrigado pelo vosso apoio, pois sentimos que está a crescer em Portugal, o que nos deixa felizes, já que meio que começou em Portugal com os festivais em 93, 94 para conseguir uma boa base de fãs, por assim dizer! Acho que não cuidamos muito bem dela, porque nunca fomos headliners nos anos 90 e 2000. Íamos em tour com outras bandas e eles nunca iam a Espanha, Itália ou Portugal e nunca iam à Suécia, eram cenas mais centrais, e estragamos um pouco a nossa base de fãs. Mas, com os Pain, é um novo começo, e quero fazer tudo de novo e construir isso. Estamos a trabalhar em cenas porreiras em palco, não estou a falar de efeitos estilo Rammstein, mas coisas que o pessoal verá e pensará “ok, isso é especial”, coisas que não aborreçam as pessoas durante 100 minutos a ver quatro tipos parados no palco. Tentamos fazer mais do que isso!


M.I. - Peter, muito obrigado pelo teu tempo! Espero falar com vocês em breve e ver os Pain ao vivo aqui em Portugal novamente!

Sim, com certeza! Obrigado! Fiquem bem! Até breve!

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Entrevista por Sónia Fonseca