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Entrevista aos Evergrey


Com mais de 30 anos, a banda escandinava de metal progressivo Evergrey lançará o seu 14º álbum em junho de 2024. 
Theories of Emptiness sairá pela Napalm Records e conta com interessantes colaborações como Jonas Renkse (Katatonia) e Salina Englund. A combinação perfeita entre sons guturais com riffs melodiosos que verdadeiramente moldam a música dos Evergrey. 
Tivemos a oportunidade de conversar com o Jonas Ekdhal sobre o próximo álbum e saber no que eles se inspiraram para o novo disco, por quê a combinação entre o vazio explanado nas letras e os elementos astrais e a habilidade artística que está por trás do desenvolvimento musical não apenas da banda, mas também do Adam Getgood.

M.I. - Os Evergrey sempre tiveram uma imagem sombria e emocional associada aos seus elementos melódicos. Podemos esperar o mesmo resultado de Theories of Emptiness (2024)?

Podemos dizer que desta vez é um pouco diferente. Não é tão dramático nem decadente como o disco anterior. Nós reduzimos um pouco a estética associada, porque queríamos fazer algo completamente diferente, em relação à arte da capa, das letras e outras coisas. 
Sentimos que precisávamos mudar muitas coisas para este novo álbum, a arte e as imagens eram parte de tudo isso. Basicamente, começamos a fazer o oposto do que fazíamos no passado com uma estética e cores dramáticas.


M.I. - O que distingue este novo álbum do A Heartless Portrait (The Orphean Testament) (2022)?

Existem muitas diferenças. Para começar, temos o nosso próprio estúdio de ensaio e gravamos basicamente tudo lá, com exceção dos vocais e solos de guitarra do Tom, que foram gravados no seu próprio estúdio.
Esta foi uma experiência ótima, que nos permitiu obter inspiração, criatividade e alguns sentimentos libertadores, sabendo que vamos escrever e gravar o álbum exatamente no mesmo lugar, com todo o tempo que quisermos. Não estávamos preocupados em ficar sem tempo ou dinheiro no estúdio. Estávamos apenas focados em escrever este disco.
A outra parte da mudança foi que trabalhámos juntos com o Adam Getgood, que misturou o álbum. Ele era uma pessoa com quem estávamos no mesmo patamar em relação ao álbum. Ele chegou a Gotemburgo de Bristol para afinar a bateria, preparar os microfones e conseguimos uma boa gravação de som de bateria. Ele também fez o mesmo com o baixo e guitarras elétricas durante dois dias. Tê-lo lá para ajustar foi incrível. O Adam fez um trabalho incrível de mistura, e ele tem feito isso desde os primeiros tempos, quando lançou a Getgood Drums. Ele partilhou connosco o seu interesse em misturar o álbum e eu não pude acreditar, foi como um sonho tornado realidade. Ele disse-nos que queria fazer parte de todo o processo de gravação, no que diz respeito à montagem e preparação do equipamento. Nunca pensei que viveria aquele momento e foi muito importante para mim vê-lo ali a trabalhar connosco.
Estas foram basicamente as principais mudanças, e também o nosso baixista Johan Niemann foi a pessoa principal que escreveu a maioria das músicas. Ele fez parte de todas as músicas, exceto uma. Ele é incrivelmente talentoso e é fantástico ver o que ele oferece em termos de ideias. No início, o primeiro lote de ideias eram aproximadamente cinquenta, e não podíamos acreditar o quanto tínhamos para compilar as melhores músicas, produção sonora e muito mais.


M.I. - Parece-nos um álbum mais pessoal e íntimo. Até as músicas apontam o lado individual e emocional da humanidade. 

Desde que Tom tem redigido todas as letras, isso reflete exatamente o que tem acontecido na sua vida no presente.
Eu sinto que as letras estão a tornar-se mais profundas, de uma forma até poética, mas de alguma forma um pouco mais polidas e positivas do que antes. É incrível ter este contraste entre as coisas claras e escuras. Isto é algo que eu acho que combina com a música e com a banda também no momento. Ele (Tom) está constantemente a evoluir nas composições para melhor em cada álbum.


M.I. - O disco anterior atingiu os primeiros lugares nas listas de vendas nos EUA, Suécia, Finlândia e Alemanha. Podemos esperar que este novo álbum siga os passos do seu antecessor?

Vamos a ver! Não depende de nós. Tudo o que posso dizer é que entregamos o melhor álbum que poderíamos ter escrito. Colocamos toda a nossa energia, criatividade e energia neste álbum, que é claro o que fazemos em cada álbum.


M.I. - Sem dúvida, a banda está sempre em crescimento e procura maneiras de introduzir um sabor extra e um conceito de exclusividade em cada álbum. Podemos esperar um equilíbrio entre tons agressivos com riffs mais melodiosos?

A principal diferença é que a cada álbum que fazemos, aprendemos algo com o anterior e transportamos para o novo. Podemos torná-lo diferente, melhor e também podemos evoluir. Como seres humanos e músicos é nisto que acreditamos. Gostamos de aprender novas coisas, de ouvir e experimentar novas coisas também, para não estagnarmos.


M.I. - Quem idealizou a capa e qual a razão da escolha de elementos astrais?

Acho que é a nossa imagem adequada. A cena toda sobre o universo, as estrelas e a sua própria singularidade. Se olhares para o céu e veres as estrelas, irás ter diferentes interpretações. Acredito que se adequa muito bem, principalmente porque está dentro da cabeça de cada pessoa, como podes ver na capa do disco. Na capa tens um vazio, mas também tens todas as imagens astrais que refletem cada música.


M.I. - O vídeo “Falling from The Sun” retrata fogos de artifício no céu e a energia solar emanada da estrela astral. O vídeo foi filmado na Suécia?

Correto. Conduzimos cerca de 2h30 de Gotemburgo a norte, quase no meio do nada, numa pequena cidade e montamos todo o nosso equipamento.
Foi uma experiência muito porreira. Nunca tivemos tantos fogos de artifício como naquele dia. Foi uma loucura, foram os maiores fogos de artifício lançados a cerca de 40 metros de altura. No final do vídeo, os últimos fogos percorreram cerca de 200 metros. Foi épico, eles até saíram da imagem do vídeo.


M.I. - Na faixa “Cold Dreams”, decidiram convidar Jonas Renkse (Katatonia), assim como a filha de Englund, Salina. Porquê esta específica colaboração?

O Tom achou que o álbum precisava de uma presença feminina naquela música. Salina foi o nome mais natural que surgiu, e ela já participou em álbuns anteriores. Ela é uma excelente cantora com uma voz única. Então, foi quase automático para nós.
Quanto ao Jonas Renkse, falamos em trazê-lo como artista convidado, e discutimos qual a abordagem que gostaríamos de adotar se tivéssemos alguém com uma voz gutural e agressiva. Então, falamos com ele, porque somos grandes fãs dos Katatonia e gostamos do trabalho dele. Ele também participa nos Bloodbath e também consegue fazer uma voz gutural, e usou esse tipo de voz durante muitos anos. Achamos que seria interessante se ele pudesse fazer as duas coisas, e ele estava preparado. Ele e Tom são bons amigos e acho que Tom o convenceu-o a participar nos Evergrey. Ambos cantam como almas gémeas, exceto a parte gutural.


M.I. - Vocês vão atuar na América Latina e em alguns festivais de metal como o Bloodstock Open Air 2024. Portugal está no vosso radar para o próximo ano? 

Não sei. Como estou fora da área de tournées, na verdade não sei. Eu sei que os Evergrey têm muitas tournées e concertos para este ano. Talvez Portugal esteja incluído no nosso calendário de digressões. Já faz muito tempo que não tocamos em Portugal.


M.I. - O que tens ouvido ultimamente para recomendar aos nossos leitores e aos fãs?

Recentemente, tenho ouvido a discografia dos Sleep Token. Tenho ouvido a banda nos últimos três meses. Acho que todo o conceito por trás, assim como a música e a composição, são bons. Dêem uma espreitadela, eles vão conquistar-vos!

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Entrevista por André Neves