Sempre que abordamos as origens do Death Metal, existem certas bandas que lançaram as bases deste género musical.
Os Deicide não são estranhos para nenhum fã de Heavy Metal. A banda de Tampa, Flórida, desde 1989, continua a destruir com álbuns e uma força avassaladora que nos traz de volta aquele som da velha guarda. O novo álbum Banished By Sin (2024) traz-nos aquela sonoridade crua e agressiva que tão bem retrata banda. Assim, com vídeos gráficos, temas anticristãos e uma arte satânica, tivemos a oportunidade de conversar com o baterista Steve Asheim para sabermos um pouco mais sobre a composição deste incrível disco.
Steve partilhou um pouco dos altos e baixos da banda desde a pandemia mundial, a produção por trás do álbum e por onde os Deicide vão estar em tour nos próximos anos. Banished By Sin (2024) não traz desilusões e é uma sólida evidência de que o Death Metal não está morto nem obsoleto.
M.I. - Já passou algum tempo desde o Overtures of Blasphemy (2018). Entretanto, uma pandemia atingiu o mundo e guerras eclodiram no Oriente. O que é que os Deicide têm feito desde 2018?
Fizemos algumas mudanças na banda desde a pandemia, um pouco de limpeza na nossa casa, e como mencionaste, a pandemia teve um grande impacto no mundo. É claro que foi inconveniente e horrível para todos. Também aproveitamos para elaborar o novo disco e realizámos a Legion Tour, o que foi muito divertido. Permitiu-nos viajar pelo mundo uma vez mais após o confinamento.
Durante o período da COVID-19, como mencionado, fizemos uma tour pelo mundo e fizemos algumas mudanças na formação da banda. Já foi há algum tempo e particularmente nesses dois anos em que o mundo estava uma merda, foi ótimo voltar a atuar.
M.I. - Vocês têm arrasado desde 1989, e o Death Metal já não é o que era antigamente. Como percecionas este género musical hoje em dia?
A nossa música tem trilhado um longo caminho. Estamos contentes por estarmos aqui, vivos, depois da pandemia e de volta. Felizmente, fomos uma das poucas bandas que teve sorte de sobreviver, na verdade sobrevivemos a muitas coisas. Esperamos que continuemos a prosperar e estaremos por aqui por muito tempo. Estamos bem, e enquanto pudermos aguentar firme, ficaremos bem.
M.I. - O título do disco está relacionado com um pária e um proscrito da sociedade. Qual é o significado por trás do nome deste álbum?
A ideia foi trazida através das ideias líricas da banda, bem como o título do álbum. Quanto ao significado, basicamente tem a ver com ter a folha da letra à nossa frente e, claro, depende do que ela significa para ti. Definitivamente, a angústia e o ódio em relação à religião e alguns conceitos de coisas universais, especialmente como nos sentimos.
M.I. - Este álbum foi gravado pela Reigning Phoenix Music. Algum motivo específico?
Uma promotora completamente nova, embora já exista há algum tempo no mercado. Eles estão a fazer um ótimo trabalho com o álbum e estão dispostos a fornecer-nos vídeos promocionais. Eles também nos mantêm atualizados e vamos como funciona quando recebermos o nosso pagamento.
M.I. - Foi gravado em Spring Hill, Flórida e produzido por vocês. De volta à vossa cidade natal?
Sim! Gravámos quase à esquina das nossas casas com pessoas que conhecemos e gostamos. Na verdade, isso facilitou todo o processo de produção. Foi projetado na Smoke & Mirrors em Spring Hill, o que foi ótimo. Antes, estávamos com outra pessoa que não gostámos muito, soava muito europeu, sobretudo sueco. Na verdade, foi a editora que nos juntou com o Josh que conseguiu produzir o disco, e ele fez um trabalho incrível. É definitivamente a mistura favorita de todos da banda. Na verdade, não tivemos que ajudá-lo muito, porque estávamos confiantes no que ele estava a fazer e o álbum saiu perfeito.
M.I. - Além dos formatos vinil e CD, vocês também decidiram lançar em cassete. Sem dúvida, uma alusão ao passado, ao conceito de troca de cassetes?
Sim, é ótimo que as pessoas estejam a regressar à era do vinil, mas a cassete é muito porreira. Fizemos isto através de uma empresa alemã que trata dos lançamentos de cassetes, e acho que eles já fizeram três cassetes nossas anteriormente.
Foi de uma tremenda qualidade e por isso optamos por fazer uma novamente para este álbum, porque sem dúvida é um ótimo produto, principalmente para os colecionadores. Qualquer pessoa, como eu, ainda gosta de comprar cassetes de 20 ou 30 anos atrás. Ainda tenho um leitor que ainda funciona. Acredito que as pessoas gostam de ter o produto físico e é definitivamente uma memória do passado.
M.I. - Como tem sido a receção ao novo álbum até agora?
As pessoas parecem gostar do novo álbum. A receção tem sido incrível, mas como tu sabes, há sempre gente que gosta de dizer mal. Não dá para agradar a todos, mas estamos contentes com o resultado. Geralmente as pessoas adoram as músicas, mas há sempre alguém que dá críticas medíocres, mas no geral, foram mais as críticas boas do que más.
Fazemos o que fazemos e no final das contas as pessoas ainda vão continuar a gostar dos Deicide. Eu acho que toda a gente vai descobrir que em qualquer outra banda há discos que não vão gostar muito. Estou confortável com isso e estamos aqui para continuar a fazer as pessoas contentes.
M.I. - O vídeo “Sever The Tongue” retrata padres e freiras pecadores. As suas línguas são cortadas pelos seus pecados cometidos. Definitivamente uma “homenagem” aos escândalos da Igreja Católica de hoje em dia?
Sim, é uma forma de dizer que já ouvimos o suficiente das merdas da Igreja e que as línguas estão a ser cortadas, para não ouvir mais porcarias. É uma boa e engraçada forma de retratar isso. Mesmo sendo um vídeo gráfico, é horrível o que a Igreja tem vindo a fazer hoje em dia.
M.I. - Nos inícios, vocês arrasavam (e continuam a fazê-lo). Porém, parece que veem mais a banda como uma empresa/trabalho?
Tens toda a razão. A malta é toda profissional, são excelentes no que fazem e levamos o nosso trabalho muito a sério. É bom ter pessoas que se comprometem totalmente com o que adoram fazer, especialmente lidar com emoções, porque já passamos por muito com membros anteriores.
No geral, todo o desempenho é ótimo. A malta é totalmente dedicada e profissional e mal podemos esperar para fazer o que fazemos. Fico feliz por ter um grupo porreiro e dedicado, que se dedica 100% à banda. Sabemos o que é ter gente que não faz o mínimo e isso destrói-nos.
M.I. - Qual é o ingrediente secreto que permite aos Deicide produzir incríveis álbuns?
Tentamos sempre fazer o nosso melhor e aprimorar o nosso trabalho. Garantimos que sabemos como fazer o nosso trabalho e somos dedicados. Eu não podia estar mais contente por ainda estarmos a fazer o que gostamos até agora. Estou a ficar bom nisto e ainda mais pronto para continuar a fazê-lo no futuro.
M.I. - Gostarias de partilhar alguma mensagem com os nossos leitores?
Muito obrigado por esta rápida entrevista. Estou muito contente pelo vosso apoio e espero que continuar a fazer-vos felizes com a música. Vamos realizar tours completas durante este ano e no próximo. Estaremos pela Europa neste verão, e em 2025 em Portugal, no Porto e talvez em Lisboa. Mal posso esperar.
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Entrevista por André Neves