Foi uma noite dedicada aos apreciadores de música rock stoner. Duas bandas, com créditos firmados, compunham este apetecível cartaz: os Mars Red Sky, vindos de França e os ucranianos Stoned Jesus, que regressavam uma vez mais ao nosso país, desta vez em dose dupla, com um primeiro concerto no Porto e outro em Lisboa. A Metal Imperium esteve neste último.
Confesso que fiquei apreensivo quando entrei na sala do L.A.V., pouco passava das 20h00. O número de pessoas que se encontravam no seu interior podia ser contado pelos dedos de uma mão. O certo é que quando os Mars Red Sky subiram ao palco para darem início ao seu concerto, esta já se encontrava muito bem composta e continuava a entrar público. Parece que os fãs de stoner não vêm a correr para os eventos, mas chegam a horas. Ainda bem que o fizeram, pois, os Mars Red Sky deram um concerto muito bom. O trio de Bordéus percorreu a sua discografia, tocando alguns dos melhores temas dos seus álbuns, onde não podia faltar, por exemplo, “Collector” e “Slow Attack”. Não se mostraram muito comunicativos, parecendo mais apostados em debitar a sua música, mas quando o fizeram, recolheram sempre aplausos. Embora o seu mais recente álbum, Dawn of the Dusk continue a fazer furor, o psicadelismo da banda atingiu o seu auge com “Strong Reflection” - mas que grande malha-, tema que encerrou a sua atuação.
Não deve ser nada fácil tentar fazer uma vida normal tendo nacionalidade ucraniana. Isto também se aplica aos músicos, como é óbvio. Quem foi ao concerto desta noite talvez não supusesse que iria ser convidado a fazer um donativo ao povo ucraniano, ou a participar num leilão, em que os lucros revertiam para esse mesmo fim. Quanto à música, ela era bem mais musculada do que a da banda anterior. A comemorar 15 anos de existência, era natural que os Stoned Jesus tivessem preparado um concerto que visitasse toda a sua carreira e foi o que aconteceu. Dando início à sua atuação com “Bright Like the Morning”, este parecia ser o tema indicado para Igor deixar bem claro aos técnicos de luz que não queria, em momento algum, ficar completamente às escuras em palco. Seguiram-se várias músicas em que o público ajudava a cantar, entre os quais, “Black Woods” -que não deixou dúvidas de que os Black Sabbath são também uma forte influência para o trio ucraniano-, até que chegámos ao referido leilão. Já agora, este foi feito sobre o vinil de Seven Thunders Roar e rendeu 130 euros. Aproveitando a deixa, os Stoned Jesus tocaram logo de seguida “I´m the Mountain”, naquele que foi o primeiro grande momento da noite, logo seguido por “Get What You Deserve”. Havia quem não quisesse crer que o concerto tivesse chegado ao fim, mas a banda deixou mesmo o palco. No entanto, o trio ucraniano tinha duas músicas na manga para o encore e assim, todos os presentes puderam ainda ouvir “Here Come the Robots” e “Electric Mistress”, para um final em grande.
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Prime Artists