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Reportagem: Decapitated, Incantation, Nervosa e Kassogtha @ LAV, Lisboa – 25.03.2024


Sucesso, é o que me apetece dizer acerca desta recente passagem dos Decapitated por Portugal. Dois concertos agendados, ambos esgotados, sendo que em Lisboa houve mesmo necessidade de se proceder a uma alteração de local para assim permitir que mais pessoas pudessem assistir a esta Nihility tour. A acompanhá-los nesta cruzada europeia encontram-se os norte americanos Incantation, os suiços Kassogtha e as brasileiras Nervosa que, na minha opinião, tiveram forte impacto na venda dos bilhetes. É sabido o carinho que o público português nutre pela banda de Prika Amaral.

Praticamente um ano depois de terem estado no LAV a abrir o concerto dos Avatar, a banda de Genebra regressou como banda de suporte dos Decapitated. Com uma formação que se apresenta agora sem baixista, Stéphanie e os seus companheiros ofereceram 30 minutos de death metal, com cheirinho a metalcore, para um recinto que se encontrava ainda a 50% da sua capacidade. Isso não impediu os Kassogtha de oferecerem uma prestação notável, onde foi interpretado ainda um tema novo, “RISE”, para contentamento de quem fez questão de estar presente atempadamente na sala.

Se duvidas existirem sobre o que referi no primeiro parágrafo acerca das Nervosa e dos bilhetes vendidos, posso dizer-vos que quando começaram a tocar a sala estava cheia. Ninguém quis perder a atuação do quarteto brasileiro que de há uns anos para cá conta com Prika também nas vocais, afinal, Prika é Nervosa e Nervosa é Prika e esta é uma forma segura de acabar com o entra e sai de vocalistas. Quem estava literalmente de parabéns era a baterista Gabriela que até teve direito a bolo e a que toda a sala lhe cantasse os parabéns. Esta foi uma pequena interrupção num concerto de thrash/death metal fantástico, com o público a criar uma roda no centro da sala. Outra das paragens foi para a vocalista revelar que o público português é especial para as Nervosa e que a banda vai voltar em breve com um set muito maior. Realmente, este terminou com “Endless Ambition” e parecia que havia ainda tanto para tocar.

Seguiram-se os norte americanos Incantation, autênticas lendas do death metal que optaram por não se focar apenas no mais recente álbum, Unholy Deification, optando antes por percorrerem a sua vasta discografia. Depois de uma assustadora intro, a banda arrancou para uma atuação brutal e direta, sem interrupções. O público soube responder à altura e houve moshpit e bodysurfing durante todo o concerto. Destaque para “Blasphemous Cremation”, tema que conta já com 32 anos e que fez as delícias dos espetadores. Os Incantation despediram-se com “Impending Diabolical Conquest” num concerto que foi no mínimo brutal.

Seguiram-se os Decapitated, cabeças de cartaz nesta tour que agora percorre a europa e onde o álbum Nihility de 2002 é o mote principal. A banda polaca não fez por menos e tocou o referido álbum de uma ponta a outra, respeitando inclusive a ordem dos temas, o que agradou aos mais fiéis fãs, aqueles que os acompanham desde o início, quando a sua sonoridade era mais trabalhada tecnicamente. O público estava em delírio e ainda estávamos a meio do concerto quando a banda acabou de tocar “Symmetry of Zero”, que concluiu a interpretação de Nihility. Esta segunda parte arrancou com “Suffer the Children”, um tema original dos Napalm Death e foi mais dedicada ao último trabalho, Cancer Culture. Destaque para o discurso proferido pelo guitarrista Waclaw Kietyka, visivelmente agradado pela resposta extremamente positiva dada pelo público português nesta recente passagem pelo nosso país. Como nem tudo são rosas, houve um pequeno problema de som nas últimas músicas, mas nada que manchasse o fantástico concerto dado pelos Decapitated. O encore foi feito apenas com um tema, “Last Supper”, no caso, que pôs ponto final a uma atuação de quase hora e meia.


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Sonic Slam