Quem esteve presente nesta noite no R.C.A. teve a oportunidade – que não se repete muitas vezes – de assistir a algumas das melhores bandas sul americanas. Falamos dos Dekapited e dos veteranos Undercroft, que nesta tour europeia se fazem acompanhar pelos Violentor, uma verdadeira banda multinacional.
O que é que um italiano, um peruano e um polaco poderão ter em comum? Talvez pouco mais que a sua paixão pela música. Foi isso mesmo que juntou os Violentor, banda thrash/speed que nos brindou logo com um tema cantado em italiano, “Manifesto di Odio”, tema título do seu mais recente álbum. Quem não conhecesse este trio poderia ter pensado que todo as músicas seriam cantadas nesse idioma, mas enganou-se, os Violentor também têm canções em inglês, como “We Hate All”, de 2011, que foi mais uma bastante agressiva, entre tantas outras interpretadas nos 40 minutos de concerto que nos ofereceram.
Seguiram-se os thrashers Dekapited para uma atuação toda ela em castelhano. A banda parecia ter muita energia para descarregar, sobretudo através do seu vocalista/guitarrista Camilo Pierattini, sempre muito irrequieto. Os seus temas são aquilo a que podemos chamar old school e versam muito sobre o sistema (política e religião) e o ódio. Foi algo que agradou a quem assistiu. Os diálogos com o público tornaram-se engraçados e fizeram-se meio em inglês, castelhano e …portunhol. Quando tocaram o seu último tema da noite, “No Pertenecemos”, toda a sala pedia mais um, algo que não se pôde concretizar por questões de horário.
Os Undercroft eram os senhores que encerrariam esta poderosa noite. Mais de 30 anos de carreira com uma sonoridade que se foi afastando do thrash, até entrar no death metal, género que privilegia por estes dias. Também o idioma utilizado é cada vez mais o inglês, em detrimento do castelhano. O mais recente álbum, Battle Of Demons, é exemplo disso mesmo e foi o mote para a sua atuação desta noite, com Tito Melin a mostrar que é um grande vocalista, fazendo uso de uns guturais impressionantes. A dupla de guitarristas está à altura, fazendo solos alternadamente, tudo muito bem alicerçado por outros dois grandes músicos, Marco Medina no baixo, mas sobretudo Felipe Jiménez, um gigante na bateria. Temas como “Sodom & Gomorrah”, “They Kill For Me” e “Bonebreaker” fizeram as delícias de quem assistiu, mas o quinteto ainda ofereceu um presentinho chamado “Danza Macabra”, tema de 2000, antes de terminar a sua atuação com “To the Final Battle”.
Confesso que sabe bem assistir a um evento de música extrema em que ela não seja cantada apenas em inglês. Trata-se de uma variante bem-vinda. O concerto desta noite foi isso mesmo, uma alternativa às “milhentas” bandas que cantam em inglês. Um verdadeiro ataque chileno.
Reportagem por António Rodrigues
Agradecimentos: Metals Aliance
