É com enorme satisfação que assistimos à consolidação destes eventos, sobretudo dos que se dedicam a mostrar a boa música criada no nosso país. Esta edição do Slax Metal Fest de 2024 voltou a misturar jovens bandas, com algumas já veteranas, vários estilos dentro do rock e heavy metal, tudo para que ninguém ficasse descontente.
Pontualmente, às 17h30, os Scarmind deram o arranque a este festival. Depois de alguns concertos dados em importantes salas do país, as honras de abertura foram bem entregues aos Scarmind que, mesmo tendo de colmatar a impossibilidade de um dos seus guitarristas poder estar presente, ofereceram um concerto muito bom, alicerçado sobretudo no trabalho de 2021, Resilience. 45 minutos de rock/metal alternativo que merecia ter tido mais público a assistir.
Seguiram-se os Vëlla que apesar das profundas alterações que se têm verificado na sua formação, continuam a fazer música de qualidade. Com César Craveiro agora como guitarrista, a banda tornou-se um quarteto, pois abdicou de um baixista em palco. A sonoridade não parece “beliscada” com isso, estando até bastante preenchida, como foi possível comprovar neste final de tarde. A meia casa que se verificava no R.C.A. por esta altura parece dar razão às minhas palavras pois desfrutou com alegria o metal alternativo dos Vëlla.
Às 19h40 foi a vez da banda mais agressiva do evento subir ao palco. Falo dos All Against, claro, que com um aclamado álbum lançado no passado ano, The Day Of Reckoning, parece continuar em estado de graça. Concertos que são uma autêntica descarga de energia, é o que podemos esperar da banda de Lisboa. Os seus ritmos fortes são a chave para a sonoridade thrash dos All Against e os fantásticos solos a cereja no topo do bolo. Como não podia deixar de ser, foi esse mais recente trabalho a fornecer a maioria dos temas desta tarde/noite que até teve uma wall of death.
Depois de uma pausa para refeição, era a vez dos Painted Black que foram talvez a surpresa do evento. A sala apresentava-se agora muito bem composta para receber a banda de metal gótico. Afastados dos palcos durante algum tempo, este foi um merecido regresso para uma banda que rapidamente conquistou o público através da sua música e simpatia. The Raging Light, o último álbum, tem enorme potencial e foi a ele que foram buscar a grande maioria dos temas para esta noite, sem, no entanto, esquecer a malha “Via Dolorosa”, tema de 2010 com que encerraram a sua brilhante atuação.
Com um considerável número de fãs, os Hochiminh iniciaram o seu concerto às 22h10 para um público que parecia agora pedir uma sonoridade que lhe fizesse abanar o corpo. O metal core da banda originaria de Beja é propicio a isso, o que desde cedo ficou provado, sobretudo quando temas como “Crawling” e “Wasted” foram interpretados. O vocalista João Ramos (Skatro) parece ter sempre algo de divertido para dizer entre temas, o que ajuda a tornar os concertos dos Hochiminh eventos onde a boa disposição é garantida. Bastante agitação entre o público, sobretudo com os temas mais antigos, que se tornaram obrigatórios nas suas atuações. “Alive” é um exemplo disso mesmo e encerrou o concerto desta noite.
Faltavam apenas os RAMP, cabeças de cartaz deste festival que seria igualmente o último com o guitarrista Pedro Mendes. O palco estava agora mais preenchido, com banners e um interessante jogo de luzes, pronto a receber a banda que subiu ao palco pelas 23h30. O início deu-se com “Catatonic”, extraído do mais recente Insidiously, mas muito rapidamente as malhas que cimentaram os quase 35 anos de carreira dos RAMP começaram a ser debitadas. “How” e “Dawn” foram apenas um aperitivo para o que aí vinha. “Those We Cannot blame” marcou o regresso ao último álbum e a movimentação entre o público não abrandou senão quando Rui Duarte anunciou “Alone”, um tema com uma mensagem forte que aproveitou para dedicar a todos aqueles que já se sentiram sozinhos. Tinha sido anunciado que o novo guitarrista seria apresentado também esta noite. Assim, após a interpretação do tema “Insidiously”, Pedro Mendes deixou o palco após ouvir uma enorme ovação e foi chamado para o substituir, David Mendonça (filho de Ricardo, membro fundador dos RAMP), que foi recebido sob fortes aplausos. Foi já com David em palco que a banda interpretou “Anjo da Guarda”, “Drop Dawn” e “Hallelujah”, após os quais deixou o palco. Aguardava-se o encore, mas este não foi um encore qualquer. Os RAMP regressaram, novamente com Pedro Mendes, para tocarem ainda, não um, nem dois, mas sim, cinco temas onde se incluíam “All Men Taste Hell”, “Black Tie” e “Try Again”, que pôs fim a 95 minutos de atuação.
Sala praticamente cheia para um evento que pretende mostrar as boas bandas nacionais. Uma escolha criteriosa que vai com certeza garantir mais edições a este festival.
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Tânia Fidalgo
Agradecimentos: Slax Metal Fest