O arranque foi feito pelo thrash metal dos Legacy of Payne, que é o mesmo que dizer que foi um início em força, pujante, numa atuação que, apesar de curta, foi intensa. O grupo do Ribatejo tem músicas com ritmo forte, onde encaixam solos de guitarra de qualidade e apresentou um vocalista muito à altura do que é exigido neste género musical. Como seria de esperar, o single “Reign of Death” não ficou de fora.
Seguiram-se os Critical Jojo, ou CJOJO, se preferirem, a primeira banda estrangeira, ou pelo menos com elementos italianos na sua formação, a subir ao palco. O metal deste quinteto é bastante funky e descontraído e isso reflete-se até na indumentaria que usaram em palco. A qualidade do som é que não pareceu ajudar e a atuação da banda saiu um pouco beliscada com isso. No entanto, grande entrega por parte de todos os elementos que não se cansaram de puxar pelo público.
Os Congruity foram a última banda a atuar antes da paragem programada para jantar. Foram também quem apresentou uma sonoridade mais agressiva, apesar de não tocarem ao vivo há bastante tempo. O trio de death/black metal deslocou-se de Abrantes e trouxe o seu público. Para além do grande concerto que deram anunciaram ainda um novo álbum para breve. Vamos aguardar com ansiedade.
Os Critical Hazard revelaram-se uma agradável surpresa. A sua atuação, apoiada no álbum de 2022, Storming From The Abyss, foi muito boa, com destaque para os solos de guitarra que se iam alternado, como que se estivessem ao despique. Esta banda lisboeta parece ter tudo o que é necessário a uma banda de heavy metal, independentemente do estilo. “The Hunter” e “Unleash the Thunder” não poderiam ficar de fora deste brilhante concerto que, tal como tinha acontecido com os Congruity, levou a muita agitação entre o público.
Chegara a vez dos Mindfeeder e que dizer sobre esta banda? Talvez orgulho. Penso que qualquer português que goste de heavy metal se sentirá orgulhoso por esta ser uma banda nacional. Eu Sinto. A qualidade dos temas, a forma como estão em palco, a comunicação feita com o público demonstram muito à vontade. No que diz respeito às músicas, escolham vocês qual o melhor, porque a mim soam-me todos muito bem, desde “The Call”, “Endless Storm” ou “Together”, ou ainda “Traveller of Minds”, tema com 20 anos e que irá ganhar nova vida no próximo álbum da banda que se encontra em fase de gravação, segundo o vocalista Leonel Silva. O concerto em si foi mágico. Heavy metal com a quantidade certa de melodia, grandes solos, ritmo forte numa banda que conta com um dos melhores vocalistas do género.
Os cabeças de cartaz deste evento eram os Guadana, que vieram de Cádis, Espanha, com o seu heavy/power metal. A banda apresenta-se com dois vocalistas, Glória e Salvador e a sonoridade da banda vive muito da combinação das suas vozes. Os restantes músicos são também eles muito bons, com destaque para o baterista Moyano, que fez parte da banda de Tim “Ripper” Owens na sua última passagem pelo nosso país. De resto, foi um encerrar de festival à altura do que era exigido. Temas com refrões orelhudos, com uma banda a cantar em castelhano, o que é de salutar, como eu costumo dizer, para fugir um pouco à tendência generalizada do inglês.
Foi um bom festival numa boa sala. Penso que o melhor elogio que pode ser feito é o de manifestar o desejo de que se realize por muitos mais anos.
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Tânia Fidalgo
Agradecimentos: Mad Fire Metal Fest