About Me

Entrevista aos Kontrust



Os géneros musicais Heavy Metal e Rock não são estritamente apenas para metaleiros e fãs de música rock. Kontrust mistura e combina isto e muito mais, incorporando Reggae, Soul e Jazz nas suas músicas, e, enquanto banda, são capazes de nos oferecer faixas e concertos inesquecíveis.
A banda de estilo crossover da Áustria, após uma longa pausa, acaba de lançar o seu novo álbum denominado “Madworld”, que engloba o que tem acontecido ultimamente no mundo, temas históricos, o seu carismático traje Lederhosen , e tem preparado concertos para o próximo ano.
Manuel Haglmüllerk e Julia Ivanova, popularmente conhecida como the Readhead singer, conversaram com a Metal Imperium não apenas sobre o novo álbum de Kontrust, como também sobre aspetos mais pessoais, sobretudo da carreira em ascensão de Julia até se tornar numa estrela da música, as suas influências musicais, o ponto alto da carreira da banda e, claro, o motivo dos trajes que tanto representam os Kontrust.
Além das mensagens poderosas e interessantes, cada álbum é distinto do outro. Com algumas mudanças na formação inicial da banda, “Madworld”, sem dúvida traz novamente de volta a banda austríaca e vem demonstrar que eles ainda arrasam.


M.I. - Comecemos com o nome da banda. Corrijam-me se estiver errado, mas há 20 anos, o nome da banda era Suicide Mission e posteriormente mudaram para Kontrust?

Manuel: Isso está quase correto. Foi há 22 anos e também houve algumas mudanças na formação inicial da banda, então não eram as mesmas pessoas envolvidas e é por isso que mudamos completamente o nome da banda. Também, e na verdade, agora só restam dois membros fundadores dos Kontrust que são o Stefan, o nosso cantor, e eu.


M.I. - Apesar de serem reconhecidos como estilo musical Crossover, se tivessem que descrever o estilo dos Kontrust, diriam que é um pouco de tudo como Rock, Metal, Folk, Jazz, etc.?

Manuel: Sim, mais ou menos. Na verdade, estamos a fazer uma música que é muito colorida. Experimentamos muito estilos diferentes, elementos diferentes, influências diferentes e tudo isto é uma mistura e uma mistura bem grande. Então, na verdade o nome da banda Kontrust realmente encaixa-se nesse estilo, por ser bastante colorido e diferente.


M.I. - Mesmo trazendo outros estilos musicais diferentes para o público, podemos dizer que cada álbum é totalmente distinto do outro?

Manuel: Sim, claro. Todos são únicos e acho que isso se aplica a este agora, “Madworld”, que será lançado no dia 3 de novembro, principalmente porque nós, antes de tudo, fizemos uma longa pausa no que diz respeito em ir para o estúdio e gravar. Dois álbuns, o último foi em 2014 e devido a todas estas circunstâncias, tivemos muitas, muitas novas influências, novos estilos, novos géneros que temos vindo a explorar e isto aplica-se a este álbum, especialmente porque é diferente dos outros.


M.I. - São poucas as bandas de Rock e Metal que incorporam Reggae! “King of the Rising Sun” de “We!come Home” (2005) é verdadeiramente uma faixa única. Consideram um desafio trazer estilos musicais diferentes para os verdadeiros fãs do Heavy Metal?

Manuel: Não, acho que isso não é nenhum problema. Eu considero que sobretudo os metaleiros realmente têm uma mente aberta o suficiente para aproveitar algumas mudanças, não algumas coisas do padrão hardcore, mas também para apreciar o estilo divertido e louco que criamos, especialmente por exemplo, em festivais quando as multidões estão a saltar, a fazer mosh e a celebrar connosco, é uma energia positiva que transmitimos e eles apreciam isso.
Dentro da banda, é claro, todos têm o seu próprio gosto, o seu próprio estilo, mas o que ele ou ela ouve na vida privada, digamos, e os géneros vão do pop ao Jazz, do Reggae ao Hard Rock, do claro, à música clássica. As influências que obtemos de tudo isto são, novamente, muito coloridas.


M.I. - Quais são as principais influências musicais dos Kontrust?

Manuel: Eu, pessoalmente, ouço principalmente rock e metal. As principais influências vão desde Korn, Rage Against the Machine ou Soulfly, coisas assim, mas também, quando eu estava no processo de composição de “Madworld”, ouvia muito, muito mais música eletrónica, e, na verdade, podes ouvir isso no “Madworld”, porque eu realmente experimentei sintetizadores, para criar as minhas ideias e trazê-las para o grupo. Acho que também há uma variedade de estilos e géneros diferentes. Provavelmente a Júlia tem alguns outros géneros que ela adora integrar na música, certo?
Julia: Sim, quero dizer, na verdade sou muito flexível na música e embora não tenha estado tão envolvida em algum processo de composição, para mim é mais fácil trabalhar com algumas ideias que o grupo fornece e a partir daí eu posso criar algumas variações, na minha opinião, melhores para as linhas vocais, o que foi parcialmente meu. Por exemplo, o mesmo aconteceu com a música “The End”, onde a voz para o refrão eu criei da minha cabeça, mas baseada um pouco na ideia que o Stefan acabou de concretizar. Todos gostaram e deixamos como está. É claro que também posso dizer que sou influenciada por muitos estilos musicais, como disse o Manuel. Adoro cantar Jazz, adoro cantar Rock, adoro cantar Pop, Soul e algumas outras coisas. Muitos, muitos músicos e grandes cantores do mundo também estão envolvidos nisso, como por exemplo a minha (banda) favorita, Queen, Freddie Mercury ou Tina Turner ou Christina Aguilera ou Adele ou Lady Gaga, ou mesmo Sebastian Bach, por exemplo. É uma mistura de tudo, difícil dizer quem é quem.


M.I. - Parece-nos que alguns membros da banda têm uma formação em História. Quem é o fã de história e por que razão os temas históricos?

Manuel: História, eu acho que foi o Gregor quem realmente estudou história, mas acho que toda a gente se interessa por história dentro da banda. Na verdade, não sei de onde vem essa informação, mas acho que foi apenas o Gregor que estudou História.
Interessante. Na verdade, eu não sabia que dávamos a impressão de haver alguém que tinha estudado história, e se te referes às letras, o Gregor não está muito envolvido na composição, então acho que é apenas uma coincidência.


M.I. - Lederhosen é tradicionalmente o vosso traje. Isto é uma homenagem ao vosso país de origem?

Manuel: Sim, claro. Quero dizer, atualmente, Lederhosen tornou-se na nossa marca registada. Não é só o nosso traje de palco, mas sim tudo desenvolvido e trabalhado, claro, como no vídeo “Bomba” do álbum “Time to “Tango”, que publicamos em 2009. Esse vídeo foi uma espécie de progresso para nós. Tornou-se viral e expandiu-se em toda a Europa e foi assim que demos o passo para, digamos, uma indústria musical mais profissional, e como conseguimos uma posição internacional. Então, Lederhosen simplesmente singrou.


M.I. - Estamos no ano de 2023. Até agora, qual é o ponto alto da vossa carreira?

Manuel: Para mim, pessoalmente, foi o concerto Woodstock, na Polónia, diante de 300.000 pessoas. Foi definitivamente o maior concerto que já fizemos e uma experiência incrível ter uma multidão tão grande na nossa frente, e as pessoas a celebrar, a fazer mosh ao som da nossa música. Eu simplesmente nunca vou esquecer isto.


M.I. - O X-Factor foi a tua ascensão ao estrelato. Olhando para trás, foi esta a carreira que sempre quiseste?

Julia: Sim, digamos que o X-Factor acabou por ser o meu principal lançamento para o mundo, porque aquele vídeo tornou-se viral, e embora tenha acontecido três anos depois da minha apresentação, ainda funciona assim para mim. As pessoas ainda me conhecem naquele vídeo e posso dizer que acho que no final do ano escolar eu queria ser cartoonista. Então, tudo bem. Acho que sou cantora, sou música, e gosto da pessoa que sou, mas a resolução desse facto veio apenas depois. Não sei se ainda posso dizer que este é o meu plano principal, o meu objetivo principal. Vou seguir o meu sonho, seguir o meu coração e seguir aquilo para o que nasci. Apenas um caminho.


M.I. - O vosso último vídeo “The End” é bastante político e transmite uma poderosa mensagem ao mundo. Sentiram a necessidade de criar e partilhar este vídeo devido aos conflitos que têm acontecido na Europa de Leste e mais recentemente na Faixa de Gaza?

Manuel: Definitivamente há uma relação, é claro, por causa do facto da Julia ter vivido na Ucrânia, mais de uma década ou algo assim.
Julia: 11 anos.
Manuel: Sim, 11 anos. O vídeo, ou a música, na verdade, também aborda muitos outros assuntos, não só políticos, que são sérios, que são uma parte da vida de todos. Digamos que é uma preocupação de todos, e acho que toda a faixa realmente se encaixa no álbum “Madworld”, e o título fala por si. Quando escrevemos o álbum nos últimos anos, tentamos resumir todas as nossas impressões e experiências que tivemos na última década desde o nosso último álbum. Foi assim que toda a história se desenvolveu e agora está resumida em “Madworld”, e considero que “The End” é definitivamente uma das faixas mais sérias que transmite esse tipo de mensagem ao mundo, que não tem andado muito bem desde a última década.


M.I. - O vosso primeiro concerto de apresentação do novo álbum será em Viena. Algum concerto próximo ou tour europeia durante o próximo ano?

Manuel: Sim, na Áustria, realizámos vários concertos selecionados este ano e depois do concerto de lançamento no dia 2 de novembro, também faremos um pequeno concerto, também na Áustria e as marcações para o próximo ano estão em alta. Não sei como dizer, mas estão ainda em processo. Ainda não podemos dizer nada sobre isso, porque ainda estamos, neste momento, no meio do processo de agendamentos.


M.I. - Vocês têm de vir a Portugal! Gostariam de partilhar alguma mensagem com os nossos leitores e os vossos fãs?

Manuel: Pessoalmente, adoro Portugal. Estive aí algumas vezes em férias e estamos muito, muito ansiosos por finalmente atuarmos aí. Quanto mais cedo melhor, porque recebemos muitos pedidos de Portugal, por isso esperamos ver-vos em breve no palco.
Julia: Eu gostaria de dizer: Pessoal, permaneçam positivos, continuem a arrasar, continuem com os Kontrust, ouçam os Kontrust, comprem o nosso novo álbum, vão a um concerto dos Kontrust.
Manuel: Partilhem os vídeos, no Spotify e com toda a gente!

For English version, click here

Ouvir Kontrust, no Spotify
Entrevista por André Neves