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Entrevista aos Angelus Apatrida


Desta vez, a Metal Imperium traz-vos uma entrevista com Guillermo Izquierdo, da importante banda de Thrash Metal de Espanha: Angelus Apatrida. O icónico guitarrista e vocalista dá uma visão sobre o novo álbum que foi lançado pela Century Media, no dia 20 de outubro de 2023. Vale a pena a leitura!

M.I. - Olá, Guillermo! Espero que estejas bem! Obrigada por esta oportunidade única de te entrevistar!

Obrigado! Obrigado pelo teu tempo!

M.I. - O vosso novo álbum foi lançado a 20 de outubro de 2023, pela Century Media, e soa incrível. Parabéns!!! Como foi o processo de escrita, visto que é o vosso disco mais sincero e poderoso até à data?

Temos andado muito em digressão nos últimos dois anos e o álbum foi quase todo escrito durante a tournée. Na estrada! Por isso, não tivemos tempo suficiente para o escrever num estúdio ou em casa. Por isso, foi composto e escrito principalmente durante a tournée. Na estrada! Só tivemos dois meses antes de entrar no estúdio para preparar as músicas e fazer uma pré-produção adequada. É por isso que acho que o álbum é muito fresco e muito espontâneo, ao mesmo tempo. E digo que vais conseguir captar tudo o que é importante em Angelus Apatrida. Na totalidade, porque conseguimos juntar todos estes ingredientes nas canções.


M.I. - Em termos de música, podemos ouvir uma versão mais direta vossa, mais pesada. Como é que a criaram e que fórmulas foram importantes desta vez?

Não mudámos nada nesse sentido. Toda a experiência que fomos adquirindo durante todos estes anos, a fazer digressões e a produzir álbuns, todas as experiências que tivemos durante a pandemia e, depois disso, começámos a fazer digressões em 2021. Nada mudou na forma como o gravámos. Na verdade, o processo de gravação foi exatamente o mesmo: o mesmo local e a mesma pessoa. A masterização e a mistura foram feitas exatamente da mesma forma. Contámos novamente com o Zeuss nos Estados Unidos. Então, foram exatamente as mesmas pessoas, a fazer as mesmas coisas. Gravámos com o mesmo equipamento, com a mesma nota, de certa forma. Nada mudou na forma de o compormos, mas temos toda a experiência e profissionalismo que adquirimos ao longo dos anos.


M.I. - "Disposable Liberty" é muito direto: a nossa liberdade está a ser desperdiçada e não temos controlo total sobre a mesma. Quem é responsável por isso: os media ou nós? O que podemos fazer para recuperar a nossa liberdade?

Não somos responsáveis por isso. Eu diria que os media tiveram um papel muito, muito importante nesta situação. Quero dizer, os grandes meios de comunicação social, não os meios de comunicação social pequenos ou desse género! Os jornalistas e os meios de comunicação social levaram-nos a dizer a verdade, a dizer o que se passa no país ou no mundo, mas a maior parte deles, os poderosos, querem que se diga o que se passa no mundo. Por isso, sim! É mais uma responsabilidade dos media, dos poderosos e dos empresários do que das pessoas comuns. A nossa única responsabilidade, acreditem ou não, é a crítica que ganhamos e não acreditarmos em tudo o que lemos e vemos. Não estou aqui para dizer a ninguém o que fazer ou pensar. Cada um é responsável pelas suas próprias ações.


M.I. - "Vultures and Butterflies" é outra canção que tem outro significado. Queres explicar?

Sim, claro! "Vultures and Butterflies" é uma canção muito pessoal! É a última música do álbum! É como que uma balada poderosa, como fizemos antes, no passado. Falámos de uma relação passada, de emoções más, de uma relação má e do que aconteceu com ela. Como uma experiência pessoal! É tudo e estou muito feliz por termos tido a ajuda de Todd La Torre, dos Queensrÿche, para cantar comigo. Ele fez um trabalho incrível com essa música, e foi realmente impressionante!


M.I. - "Cold" é a música mais cativante deste ano, especialmente graças aos riffs e ao solo. Estamos muito frios? E como é que "o peso do mundo parece tão forte" para ti?

"Cold" é uma sensação, é apenas um sentimento. A canção que a maioria das pessoas com depressão e ansiedade compreenderá perfeitamente: por vezes, estamos a combater com um sentimento de persistência e, sim, claro, há muitas, muitas vezes, na minha vida, que me sinto muito "Cold". Sinto-me perdido. Sinto-me sozinho e às vezes sinto que o mundo é muito, muito forte. Às vezes é muito, muito difícil chorar, continuar com tudo na tua vida. Acho que muita gente se identifica com este sentimento, especialmente depois da pandemia. Este é outro significado com uma grande letra. Só para emocionar!


M.I. - "To Whom It May Concern" é como se fosse uma carta. E a quem pode interessar esta faixa, na tua opinião?

Esta é outra canção muito pessoal e emocional, tal como "Bleed". Também fala sobre a luta contra a ansiedade, a depressão e essas coisas. Penso que é muito importante prestar atenção à saúde mental, como toda a gente. Cuidamos da nossa saúde: vamos ao psicoterapeuta e, o que é ainda mais importante, prestamos atenção à saúde mental e vamos ao psicoterapeuta para tirar toda a merda da nossa cabeça. Espero que tenhamos alguém com quem falar, que tenta ajudar-nos e todas essas coisas. Por isso, sim! Gosto muito do conceito de tentar escrever a letra de "To Whom It May Concern". Como já disse antes, seria uma honra se as pessoas se identificassem com estas palavras e situações. O mais difícil é perceber que se está a sofrer com esse tipo de situação e também é muito difícil explicar e tentar encontrar ajuda para alguém. Procurar ajuda! Esta é outra canção para tentar encorajar as pessoas e dizer: "É normal sentirmo-nos assim e é muito normal sentirmo-nos assim! Também há alguém à tua espera para te ajudar! Há uma mão amiga! Alguém preparado para o ouvir e ajudar!". É sobretudo essa a intenção da canção! Era isso que eu queria: pôr estas coisas cá fora e tirá-las dentro de mim. Por outro lado, quero dizer às pessoas que não estão sozinhas, claro. Nunca se está sozinho nesta situação!
O melhor que se pode fazer, é tentar procurar alguém, tentar procurar ajuda, falar sobre o que está a acontecer e tentar curar-se. Informar as pessoas do que se está a passar!


M.I. - Zeuss mais uma vez ajudou na mistura e masterização do álbum. Não podemos esquecer Gyula Havancsák (Annihilator, Destruction e Stratovarius), o responsável pela capa. Falem-nos mais sobre esta equipa de sonho, por favor.

Como disse, estamos a trabalhar novamente com a mesma equipa do último álbum. Contámos novamente com o Zeuss (o produtor do Rob Zombie, Overkill e muitas outras bandas) e digo que ambos fizeram um trabalho incrível. A nossa capa é, novamente, um trabalho do Gyula Havancsák. Ele é o tipo que está a fazer a nossas capas dos últimos cinco álbuns! Quatro álbuns! Ele já fez quatro álbuns! Começámos a trabalhar com o Gyula em 2015, com o "Hidden Evolution". Depois, já está a fazer todas as nossas capas. Ele é realmente um tipo fixe, um artista realmente talentoso! Como já te disse antes, queríamos repetir a mesma equipa, porque todos estão muito envolvidos na banda. Toda a gente quer melhorar e toda a gente tem algo a dizer. Foi uma boa oportunidade para melhorar tudo, não só a música, mas o nosso trabalho e tudo o resto. E, até agora, acho que vamos repetir a mesma equipa no próximo!


M.I. - A lista de convidados especiais é notável: Jamey Jasta, dos Hatebreed, Pablo García dos Warcry, Todd La Torre dos Queensrÿche e o rapper Sho-Hai. Quão importantes eram estes músicos e como é que pensaste que as faixas se adequariam às suas vozes?

Não somos uma banda que está habituada a contar com quantos convidados colaborámos na nossa carreira. Tem de ser algo que surge naturalmente ou porque somos amigos ou algo do género. Desta vez, a situação foi assim: tivemos a oportunidade de trabalhar com estas pessoas, que na sua maioria são nossos amigos, amigos de longa data, amigos mais recentes, como o Todd La Torre, ou amigos de longa data, como o Pablo García. Aconteceu a situação de podermos er algumas participações especiais neste álbum. Os artistas estavam disponíveis e queriam fazê-lo por uma questão de amor e amizade entre nós, de respeito por cada homem, cada artista. Estamos muito, muito felizes com isso! E acho que as músicas mais antigas, ganharam algo muito especial com as partes dos convidados! Não só o solo do Pablo García, a secção de Rap do Sho-Hai (que tornou essa canção muito especial) ou o Jamey Jasta, que é o vocalista dos Hatebreed, uma das minhas bandas preferidas de sempre. Tê-lo no meu álbum é incrível! E, claro, ter alguém como o Todd La Torre, que é uma das vozes mais incríveis do momento! Saber que estas colaborações surgiram, por causa do respeito que sentimos uns pelos outros com a banda e a amizade que temos dentro da banda, torna-se realmente especial!


M.I. - Vocês lançaram "28 Months Later": A Post-Apocalyptic Metal Documentary", que aborda o período entre a preparação do último álbum, o seu lançamento durante a pandemia e o caminho para o próximo lançamento. Foi dirigido por Mike Casey. Como surgiu a ideia do documentário e que novidades é que o Mike trouxe para a vossa nova música?

Queríamos, sobretudo, mostrar como a pandemia afetou a banda e a nós próprios. Por isso, já trabalhávamos com o Mikey há quatro anos, que gravou muitos espetáculos e está a fazer muitos vídeos que aconteceram em Portugal. Por isso, decidimos fazer algo maior. Algo especial e tentar contar às pessoas tudo o que aconteceu com a banda, na pandemia. Por isso, tentámos fazer este documentário para explicar como tudo começou, como passámos por isso, como tentámos seguir em frente, gravando um novo álbum. Como lutamos com toda a situação em 2021, com as reações à pandemia. Não podermos sair para tocar, fazer digressões, porque não conseguimos sobreviver sem tocar e como tudo acabou, como tudo mudou no verão de 2021. As coisas tornaram-se melhores e melhores e melhores.. até agora! Até ao dia em que entrámos em estúdio! Portanto, é quase uma história de dois anos, o que aconteceu durante os últimos dois anos da banda! Acho que é um documentário muito, muito bom. Foram dois anos de filmagens com o Mikey. Ele fez um trabalho incrível! E muito aberto também! Estamos a explicar todas as situações e com todas as pessoas envolvidas, como a equipa, o engenheiro de luz, o engenheiro de som, o tipo que edita os videoclipes. Toda a gente envolvida durante os últimos dois anos com os Angelus Apatrida!
Acho que é um documentário muito bom! Vai ajudar muito a perceber como é que uma banda como nós sobreviveu a algo tão terrível como uma pandemia. A próxima experiência que eu gostaria de repetir num futuro próximo, seria um documentário, não a pandemia, claro! E acho que é algo que torna a banda mais próxima dos fãs, sabes? Talvez o possamos fazer num futuro próximo!


M.I. - O DVD ao vivo "Hidden LIVEvolution" pode ser adquirido se as pessoas comprarem uma cópia do vosso álbum no vosso site. Foi gravado entre os dias 27 e 28 de janeiro de 2017, nas cidades de Madrid e Barcelona. O que é que recordas das gravações?

Já se passaram uns seis anos desde então. Não me consigo lembrar de tudo que se passou nesse fim de semana, porque foi um fim de semana muito, muito intenso. Esses concertos foram os últimos concertos da "Hidden LIVEvolution Tour" e, depois disso, começámos a compor o "Cabaret de la Guillotine", em 2017. Por isso, sim! Lembro-me muito bem deles e estivemos a ver o DVD, durante o último dia. Acho que é um material muito, muito bom, mas acho que o melhor é que a banda estava a crescer muito e seria ótimo fazer este tipo de concertos ao vivo hoje em dia, mas muito maior e melhor. O DVD é um espetáculo muito, muito bom: soa muito bem e muito cru! As pessoas ficaram loucas e é muito bom! Penso que podes obtê-lo oficialmente quase de graça, acho que por mais um euro, recebes o DVD, que é um bónus muito, muito bom. Não sei o que vai acontecer no futuro. Não sei se vamos voltar a fazer algo deste género. Talvez o façamos, mas apenas como uma coisa digital, não um DVD, não um Blu-Ray, mas isto é algo que prometemos aos nossos fãs de longa data. Prometemos, há seis anos, que lançaríamos um DVD. Durante estes seis anos, tentamos encontrar o momento certo para o fazer e foi em 2020. E, claro, veio a pandemia. Portanto, é algo que sempre quisemos para os fãs e decidimos fazê-lo de graça. Para o dar de graça! Gastámos muito dinheiro, a gravar, a editar e a fazer tudo. Por isso, finalmente, decidimos dá-lo de graça! Para todos os que queiram encomendar o álbum em Espanha. Claro que também o podem fazer fora de Espanha, especialmente em Portugal, porque é enviado para todo o mundo. É muito fácil enviar para Portugal. Ficamos perto do território. É algo que quisemos fazer para os fãs durante todos estes anos.


M.I. - Parabéns por estarem em primeiro lugar nas tabelas do vosso país. Qual é a vossa sensação?

É algo realmente importante e penso que é a primeira vez que acontece, na história de Espanha. Normalmente, os primeiros lugares vão para as bandas mainstream e para a música mainstream e todas essas coisas. Claro que houve muitas outras bandas como os Iron Maiden, AC/DC ou outras bandas de Rock ou Metal que chegaram ao número 1, mas acho que é a primeira vez que uma banda de Metal espanhola está a fazer isto. Por isso, é importante, porque obtemos muito mais reconhecimento e, claro, significa que mostramos o nosso álbum. Os artistas mais antigos e outra música mainstream que é maioritariamente de streaming, como o Spotify, o Tidal ou outros serviços, significa que roubam muitos, muitos, muitos discos físicos. Penso que é muito importante para a cena do Rock e do Heavy Metal em Espanha. Por isso, não sei o que vai acontecer com este álbum. O álbum é muito, muito bom, mas isto está sempre a mudar. Não é impossível. Não é algo que estejamos à procura, foi algo que aconteceu! Se voltar a acontecer, será mais do que bem-vindo! Mas não é o nosso objetivo principal! Não é algo que estejamos a procurar! O mais importante para nós, é continuar a vender álbuns, tentar divulgar a nossa música o mais possível, tentar vender o maior número de discos possível em todo o mundo, especialmente aqui em Espanha. Claro que, de vez em quando, é muito bom estar no topo!


M.I. - Bandas e músicos favoritos para ouvir em qualquer altura e em qualquer disposição.

A minha banda favorita de sempre são os Iron Maiden. É a banda que eu ouço desde que era miúdo. As minhas outras 5 bandas preferidas seriam Pantera, talvez Megadeth, Testament, por exemplo. Os meus guitarristas preferidos serão sempre Dimebag Darrell, Randy Rhoads, Zakk Wylde. Tentei ouvir tipos de música muito diferentes e bandas diferentes. Algo que nem sequer é Metal! Por exemplo, estou a ver que tens posters dos Placebo no teu quarto e eu gosto muito, muito de Placebo, por exemplo! Gosto de coisas fora do Metal. Gosto de Hip-Hop, Punk Rock, Hardcore. Oiço sobretudo Hip-Hop, Deathcore, Nu Metal. Eu ouço Metal, nada de Metal, mas a minha banda favorita será sempre os Iron Maiden.


M.I. - Obrigada Guillermo, por esta entrevista! Algumas palavras finais para os fãs e leitores portugueses?

Obrigada pelo teu tempo, paciência e por teres feito esta entrevista. Espero realmente ver-vos a todos no futuro. Para todos os fãs portugueses, faz muito tempo sem nos vermos, mal podemos esperar para estar aí novamente. Mantenham-se seguros por aí! Estamos a chegar com um novo álbum. Espero mesmo que gostem!

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Entrevista por Raquel Miranda