Existem bandas que fazem álbuns que ficam na história. Depois temos aquelas que o conseguem por diversas vezes. Os Paradise Lost encontram-se entre estas últimas. Gothic, Draconian Times e até o controverso Host, tornaram-se incontornáveis dentro do death/gothic metal. Mas o motivo para o concerto de hoje eram os trinta anos que se passaram sobre o lançamento de Icon, outra pérola.
Um concerto desta dimensão pedia uma banda de abertura à altura do evento. Esse privilégio recaiu, de forma merecida, sobre os Seventh Storm. A banda de Mike tem-se esforçado por dar a conhecer o seu Maledictus ao maior número de ouvintes e nesta noite teve a oportunidade de tocar para quase quatro mil pessoas. Foram somente trinta e cinco minutos, mas foram bem aproveitados, com a banda a desfrutar em palco num concerto que certamente não iram esquecer, pese embora terem ficado momentaneamente sem som por duas vezes. Para terminar a sua atuação, a incontornável “Saudade”, cantada em português, claro.
A Embers of Europe Tour, a celebrar os trinta anos de Icon foi motivo suficiente para esgotar a Sala Tejo. Muitos fãs da banda de Greg Mackintosh e Nick Holmes a não quererem perder esta oportunidade de assistirem à interpretação, na integra, deste mítico álbum. A ordem dos temas foi respeitada, única exceção feita a “Deus Misereatur” que deixou de ser outro, para passar a ser intro. Igual a si própria, a banda foi percorrendo o álbum, começando com “Embers Fire”, mas cada tema anunciado era sublinhado com um coro de aplausos. Não preciso de vos recordar que este trabalho contém malhas como “Widow” e “True Belief”, só para assinalar algumas. Num ambiente em palco que tinha luzes bastante densas e onde predominava o vermelho, os holofotes brancos pareciam ser exclusivos de Mackintosh, sempre que executava um solo de guitarra. “Christendom” colocou um ponto final naquele que era o principal motivo para este concerto, tendo a banda deixado o palco logo de seguida. Ninguém parecia estar ainda satisfeito e por isso os Paradise Lost foram chamados de volta ao palco por mais de três mil vozes que entendiam que a banda inglesa ainda tinha mais para dar. Não se enganaram. “Sweetness”, logo seguida da inevitável, “Pity the Sadness” trouxeram ainda mais energia à sala. Ao meu lado pedia-se insistentemente por “As I Die”, eu também queria, mas a escolha para os dois últimos temas acabou por recair sobre trabalhos mais recentes com “No Hope in Sight” e “Ghosts”.
Foi um belo concerto, pese embora o som, que podia ter estado um pouco melhor. Para o ano de 2024, os EPs “Gothic” e “Seals the Sense” também celebram trinta anos. Pode ser que os Paradise Lost se lembrem de fazer uma tour comemorativa destes dois trabalhos. Eu marcaria presença, garantidamente.
Texto por António Rodrigues
Fotografias por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Prime Artists