É já uma certeza este Pesadelo Antes do Natal, promovido pela Hell Xis. Outra certeza passa também pela qualidade das bandas escolhidas para integrar o evento, onde encontramos algumas que já não têm nada a provar, mas também outras que procuram o seu espaço na cena punk/hardcore.
Foram os Deadly Mind a darem início a esta noite de música. Casa já muito bem composta para receber a banda do Seixal. Muita energia em cima de um palco também muito preenchido por seis elementos que se esforçaram por promover algo mais que um aquecimento para o que aí vinha. E conseguiram-no, efetivamente, muito por culpa dos dois vocalistas que foram incansáveis a puxar pelo público. “Elected For War”, que teve recentemente direito a um vídeo foi uma das que não podiam faltar nestes trinta minutos de atuação.
Os Crab Monsters são das bandas nacionais mais vigorosas em palco. Os seus concertos são sempre explosivos, com temas curtos, violentos e diretos a serem debitados pelo quarteto nortenho. Com o novo álbum Shovel Headshot ainda fresquinho, os Crab Monsters não deixaram por isso de interpretar malhas como “Rock n Roll” e “Naked Alive”, enquanto o vocalista, Granada, flagelava a sua testa com o microfone. Mais um fantástico concerto de 35 minutos que foi uma autêntica descarga de punk hardcore onde não faltou atitude.Como já vem sendo habitual, foi ao som de uma sirene que os Trinta & Um foram subindo ao palco. Ainda estava presente na cabeça de muitos o concerto de apresentação de Granada No Charco, sensivelmente há um mês atrás.
Para o espetáculo desta noite o quarteto de Linda -A-Velha continuou essa mesma apresentação para uma sala que se encontrava cheia, mas sem nunca esquecer aquelas malhas que os cimentaram como banda incontornável dentro do hardcore nacional. Com João Pinto no baixo, a banda de Zé Goblin foi então ao baú para buscar “O Cavalo Mata” e “Devo Ódio ao Mundo”, por exemplo. Visivelmente cansado, o vocalista lembrou os seus 59 anos e anunciou “Plano de Fuga” num concerto onde não podia ainda faltar “Será Assim Até ao Fim”. Muito stage diving durante todo o espetáculo, o que já é habitual nos seus concertos.
Faltavam os Mata-Ratos para terminarem este evento. O que me apetece dizer sobre esta banda é que ela é mais do que apenas música, Mata-Ratos é festa completa. Esta quatro décadas de existência proporcionaram um relacionamento com o público que se torna difícil de explicar por palavras, é mesmo necessário assistir a um dos seus concertos para tentar perceber. Cada tema parece um hino que todos querem cantar, fazendo mesmo uso do microfone de Miguel Newton que o cede com todo o prazer. “Quem Nós Somos” foi a música de abertura que serviu para apresentar a banda e dizer ao que vinham: confusão e cerveja na mão. Extremo Ocidente, o novo álbum, marcou presença com 5 músicas, de onde destaco “2023” e “Besta Humana” (esta última com forte mensagem), mas foram “C.C.M.”, “Raça Humana, Raça Superior” e “Xu-Pa-Ki” que levaram todos à loucura. Apenas uma paragem no concerto, perfeitamente legitimada pelo facto de Miguel ter de ir buscar cerveja, num concerto que foi literalmente aquilo que escrevi no primeiro parágrafo, uma festa.Texto por António Rodrigues
Fotografia por Hugo Andrade
Agradecimentos: Hell Xis
