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Reportagem: Master, Sisters of Suffocation e Mass Disorder @ R.C.A. Club, Lisboa – 07.11.2023


O senhor Speckman tem de ter algo especial. Facilmente encontramos nos seus concertos quem faça questão de não perder nenhum dos seus espetáculos no nosso país. Talvez seja isto que transforma os Master numa banda de culto em terras lusas. O mérito é dele, pois ao longo dos anos, nunca se esqueceu de dar um salto a Portugal para visitar os seus fãs e desta vez para duas datas. Os Sisters of Suffocation, que iniciaram recentemente a sua digressão, juntaram-se à banda americana para os concertos no nosso país - e mais alguns em Espanha -, valorizando ainda mais um cartaz que contava também com os Mass Disorder.

Foram mesmo estes últimos a darem início a esta noite musical. Algum público mais distraído pode ter ficado surpreendido com a energia da banda de Almada, mas não quem assistiu ao recente concerto dado com Besta e Crypta. O novo vocalista, Sandro Martins, confere bastante energia à banda o que, alicerçado ao facto de tocarem temas novos, faz com que os Mass Disorder pareçam estar a viver uma segunda vida. Poucas interrupções na atuação, apenas as necessárias para os habituais agradecimentos e para anunciar um novo EP, que sairá lá para janeiro. Foram 35 minutos rasgadinhos de thrash metal de enorme qualidade, que terminaram com um tema em português, “Sem Ossos”.

Os Sisters of Suffocation não são “as” Sisters of Suffocation, pois têm dois elementos masculinos na sua formação. Para além das guitarristas Simone e Emmelie e da vocalista Linn, completam a banda neerlandesa o baixista Tim e o baterista Fons. O ritmo aumentou com a sua atuação, principalmente com a deste último, autêntica máquina atrás do kit de bateria. Era a estreia no nosso país e o momento foi aproveitado para percorrer a discografia da banda, que conta já com quase 10 anos de existência. Houve um pequeno circle pit ao som do death metal dos Sisters of Suffocation e a vocalista ainda dividiu o público em dois, pedindo a ambos os lados para a acompanharem a cantar, alternadamente. Com as senhoras sempre em primeiro plano em cima do palco, houve oportunidade para o baixista ter também o seu momento no tema “Thick Red Meat”. Foi um bom concerto, com a energia habitual de uma banda que arrancou recentemente com a digressão, mas houve também simpatia e agrado pela reação mostrada pelo público que se encontrava na sala do R.C.A.

Enorme descontração dos Master. São muitos quilómetros de estrada, muitos concertos dados e este era mais um, como se estivessem a tocar para amigos. A banda americana não precisa de álbuns novos para ter motivo para as suas tournées, pois é em palco que eles se sentem bem. O início da sua atuação dificilmente poderia ter sido melhor. Fizeram-no com o tema “Master”, originalmente gravado na demo de 1985 e ainda lá voltaram mais à frente para tocarem “Terrorizer”. Microfone bem erguido, como é sua imagem de marca, Paul Speckman não precisou de esforçar muito para que o público reagisse ao death metal dos Master. No seu habitual formato trio, os músicos percorreram a rica discografia da banda, brincando com o facto de que se fossem levadas umas cervejas ao palco, a banda continuaria a tocar. Desejo rapidamente concretizado e assim, acabaram por tocar todos os temas que tinham planeados na sua setlist. Antes de abandonar o palco, o vocalista perguntou se poderia tocar ainda mais uma música. A resposta foi a esperada, tendo o final do concerto sido feito com “Mangled Dehumanization”.

Quase apetece dizer “até já”, pois os Master já nos habituaram às suas visitas periódicas. Não vai passar muito tempo sem que a banda americana regresse para contentamento do seu fiel público, para mais um concerto semelhante ao de hoje, ou seja, com nota alta. Primeira parte com duas bandas muito boas, que enriqueceram ainda mais o evento.


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Sabena Costa
Agradecimentos: Metals Alliance