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Reportagem: Fear Factory, Butcher Babies, Ignea e Ghosts Of Atlantis @ L.A.V. Lisboa – 12.11.2023


O regresso dos Fear Factory a Portugal foi um espetáculo grandioso. Sala principal do L.A.V. praticamente esgotada, a provar que Burton C. Bell não era o elo mais forte. A acompanhá-los nesta tour, encontram-se outras bandas de respeito, como são os Ignea, os Butcher Babies e até os Ghosts Of Atlantis, estes últimos adicionados recentemente ao cartaz.

Foram os ingleses a apresentarem-se em primeiro lugar ao público português nesta tarde/noite. Com um metal sinfónico cantado por dois vocalistas, o quinteto tem um álbum lançado no decorrer deste ano, Riddles Of The Sycophants, do qual tocou três, dos cinco temas que interpretou. Foram uma agradável surpresa e encontraram uma sala já muito bem composta.


Seguiram-se os Ignea que faziam o seu regresso a Portugal, também com um novo álbum na bagagem. A banda ucraniana toca igualmente metal sinfónico, mas conta com uma vocalista nas suas fileiras, de seu nome Helle Bogdanova. Com uma voz que tanto era cristalina, como capaz de poderosos guturais, Helle rapidamente conquistou a audiência. Foi ao seu mais recente trabalho, Dreams Of Lands Unseen que os Ignea foram buscar os temas para esta noite, tendo ainda prestado agradecimento a Portugal por todo o apoio que tem prestado ao povo ucraniano, sobretudo desde que a guerra com Rússia teve início. “Leviathan”, cover dos Ultra Sheriff, encerrou os quarenta minutos de atuação a que tiveram direito, tendo a banda deixado o palco sob fortes aplausos.

Os Butcher Babies faziam a sua estreia em Portugal e para azar de todos os presentes, sem Carla Harvey, uma das vocalistas. Uma recente cirurgia ocular afastou-a desta tour, o que aconteceu pela primeira vez em mais de quinze anos, segundo Heidi Shepherd explicou. Foi assim esta última a arcar com a responsabilidade de todas as vocais e saiu-se bem. Super enérgica, não parou quieta um só momento nem se cansou de puxar pelo público, tendo mesmo nomeado alguém como seu pit master. O que é um pit master? Alguém escolhido entre a assistência para que fique encarregue de iniciar os circle pits, e houve uns tantos. Eye For An Eye…/… Til The World´s Blind de 2023 é o álbum que dá o mote para os concertos desta tour, mas houve oportunidade para “Last December”, uma balada que foge ao groove metalcore da banda americana, mas que tem uma forte carga simbólica, pois foi o primeiro tema escrito por Heidi após ultrapassar os problemas de saúde que a fustigaram. O final da sua atuação foi já no registo habitual, com “Magnolia Blvd.”.

Foi chegada a vez dos Fear Factory atuarem e a sala estava praticamente esgotada. Muitos fãs em Portugal da banda de metal industrial que não quiseram saber do facto de Burton C. Bell não fazer mais parte do projeto. Coube a Milo Silvestro preencher essa vaga e desde cedo se percebeu que era uma tarefa à sua altura. “Shock” foi a primeira de muitas malhas que a banda tocou, passando em revista a sua longa carreira que conta já com mais de trinta anos. O quarteto deu um concerto de encher as medidas, pujante, com circle pits na sala logo desde o início da sua atuação. Todos aqueles temas que ajudaram a construir e cimentar a carreira dos Fear Factory foram interpretados esta noite e houve ainda lugar para “Slave Labor”, música que andava afastada das suas setlist desde 2006. Foi mesmo após esse tema que se entrou num bloco final de luxo com “Archetype” e “Martyr”, por exemplo, mas sobretudo com a incontornável “Replica” que quase deitou a casa abaixo. “Resurrection” pôs um ponto final a oitenta minutos de música num concerto que foi muito para além de bom.

Foram quatro bandas que fizeram as delícias de quem esteve presente. Um evento que valeu pelo seu todo, mas que serviu, sobretudo, para assistir (finalmente) à estreia dos Butcher Babies no nosso país e para matar saudades dos Fear Factory. Vamos aguardar pelo regresso destes últimos, pois percebeu-se que enquanto Dino Cazares quiser, os Fear Factory continuarão a dar cartas.


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Graziela Costa
Agradecimentos: Prime Artists