About Me

Reportagem: Blame Zeus, Allgema e Reverent Tales @ R.C.A. Club, Lisboa – 11.11.2023


Era então chegado o dia da sala lisboeta receber os Blame Zeus e os Allgema para a apresentação dos seus álbuns Laudanum e Find The Way Out. À semelhança do que tinha acontecido no Porto, na semana anterior, houve espaço para incluir mais uma banda no cartaz. Desta vez a escolha recaiu sobre os Reverent Tales.

Esta banda de Lisboa encontra-se a trabalhar no seu próximo álbum, que sucederá a Visceral. Enquanto isso não acontece, continua a ser esse lançamento de 2020 a fornecer os temas para os seus concertos. Desde logo com o single “Above Me” que é um belo cartão de apresentação. Um metal progressivo responsável por um ambiente instrumental que contrasta muitas vezes, com as vozes guturais de Raquel Nunes. “Your Future Died” é faixa nova e foi um cheirinho do que está para breve. Meia hora de atuação bem aproveitada pelos Reverent Tales, neste que foi apenas o segundo concerto com o seu novo baterista.

Todas as palavras aqui escritas poderão não ser suficientes para adjetivar a excelente atuação dos Allgema. Lembremos que este foi apenas o segundo concerto da banda - terceiro, se contarmos com o do Padrão dos Descobrimentos - e todos os elementos se apresentaram bastante tranquilos e confiantes. O vocalista Edgar Alves provou mais uma vez ser um grande frontman, detentor de uma grande voz, versátil e pujante. Para além disso, encarna na perfeição a personagem que representa. O som desta noite ajudou e os solos de guitarra fizeram-se ouvir sobre uma sonoridade bastante forte e ritmada. Desde “Bad Moon Rising”, passando pela “dançável” “Spit Fire” ou até a mais antiga Eyes Without Soul”, o público reagiu bastante bem à atuação dos Allgema. Parecia mesmo que nada poderia estragar esta atuação. Nem sequer quando Sandra Oliveira subiu ao palco para cantar “Home” e o seu microfone não funcionou. Os dois vocalistas cantaram o tema abraçados, dividindo o microfone de Edgar, transformando o que poderia ter sido um problema, num dos momentos mais belos da noite. O tema “Find the Way Out” trouxe ao palco o produtor Ricardo Fernandes para juntar a sua guitarra à de Hernâni e à de Milhais e terminarem assim, sobre fortes aplausos, uma atuação que os Allgema certamente não iram esquecer.

Os Blame Zeus vinham também apresentar o seu novo álbum ao público lisboeta. Laudanum é já o quarto álbum da banda do Porto e continua o seu trajeto, sempre em crescendo, consolidando-os como grande banda que são. O objetivo passava por dar a conhecer o novo álbum e ele foi cumprido de uma assentada e de forma fiel ao alinhamento do disco. “Stitch” marcou o início de um concerto onde sobressaíram ainda temas bastante fortes como “Left For Dead” e “Lust”, por exemplo. Algumas pessoas entre o público a ver um concerto de Blame Zeus pela primeira, muito possivelmente vão querer repetir. Era chegada a altura de visitar alguns dos temas clássicos da banda e o início deu-se com “The Apprentice”. O primeiro tema composto pelos Blame Zeus também não foi esquecido e ainda bem, pois “Accept” é uma fantástica malha, tal como era há quase dez anos atrás, quando saiu. De resto, uma atuação muito bem conseguida - como habitual -, com a inquietude do baixista Bruno Branco a contrastar com a serenidade dos dois guitarristas e com Ricardo Silveira, sempre muito certinho na bateria e Sandra Oliveira, com a sua magnifica voz a contribuírem muito para isso. Não nos podemos esquecer de Maggie All que também foi muito importante nas vozes de apoio e que por isso recebeu uma merecida ovação por parte do público. O final do concerto foi com um tema agressivo, intitulado “Burning -fucking- Fields”, como referiu a vocalista.

Foi mais uma noite memorável feita apenas com bandas nacionais. Um espetáculo dos Allgema que deixou vontade de os voltar a ver num qualquer outro palco. Quanto aos Blame Zeus, deu a impressão de que saíram da sala com mais fãs do que tinham quando entraram. Os Reverent Tales estiveram à altura e também fizeram parte desta fantástica noite que contou com a presença de muito público.

Texto por António Rodrigues
Agradecimentos: Allgema & Notredame Productions