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Reportagem: Blame Zeus, Allgema e Ionized @ Hard Club, Porto – 04.11.2023


A apresentação de um novo álbum é, sem dúvida, um momento importante na carreira de qualquer artista/banda. Tocar os temas pela primeira vez e sentir o feedback positivo gerado pelo público deve ser muito gratificante. Nesta noite houve lugar não a uma, mas sim a duas apresentações, pois tanto os Allgema como os Blame Zeus têm trabalhos lançados recentemente. O lugar escolhido para os apresentar foi o Hard Club e a responsabilidade de dar início a esta noite musical ficou a cargo dos Ionized, banda de Santa Maria da Feira.

Os Ionized foram uns ilustres convidados e desde cedo se percebeu que não estavam ali por acaso. Com um rock que tem o seu quê de gótico, a banda tocou meia dúzia de temas, na sua maioria extraídos do seu álbum de 2021, Denary Breath. A sala ainda se estava a compor, no que respeita a público, mas quem lá estava aplaudiu fortemente todas as músicas e teve oportunidade ainda de ouvir uma nova. Trata-se de “Subterranean Cooperative Broken Dreams”, uma faixa que tem qualidade à proporção do tamanho do seu nome. Os Ionized lembraram o STOP e tocaram “Corporate Aggression”, convidando todos a verem o vídeo para assim perceberem melhor a mensagem.

Seguiram-se os Allgema que, pese embora a experiência de todos os seus integrantes, davam aqui um dos seus primeiros concertos. A expetativa era alta, não só por ser a apresentação do álbum Find the Way Out – que tem recebido críticas muito positivas-, mas também porque iria ser a primeira oportunidade para muitos de assistirem a esta pujante banda ao vivo. O espetáculo dos Allgema tem também uma forte componente visual, com todos os elementos a envergarem um fato, com exceção do vocalista Edgar Alves, que usava uma camisa de forças e que surgiu em palco numa cadeira de rodas. Tudo isto foi feito com o intuito de passar a mensagem que dá nome ao álbum e Edgar conseguiu-o na perfeição, puxando pelo público e pedindo a sua participação. 70 minutos de atuação permitiram interpretar todo o álbum, com a curiosidade de a primeira e a última música desse trabalho, terem sido também a primeira e a última do concerto. Pelo meio, todos os singles e claro, “Home”, com a presença de Sandra Oliveira nas vozes e com Hernâni Carapinha a trocar a sua guitarra elétrica por uma viola de caixa. O concerto não ficaria por aqui, no que respeita a convidados. Também Ricardo Fernandes, o produtor de Find the Way Out, foi chamado ao palco para tocar guitarra no último tema da noite, precisamente o que dá nome ao álbum.

Chegou então a vez de os Blame Zeus apresentarem o seu novíssimo Laudanum, um álbum que tem sido muito elogiado pela critica. A opção para o alinhamento desta noite de sábado passou por apresentar o trabalho na integra e reação do público foi muito boa. Todos os temas são facilmente identificáveis como sendo de Blame Zeus e não só por causa da belíssima voz de Sandra, também instrumentalmente, está lá esse cunho. São já 4 álbuns e muitos concertos. Os suficientes para que Ricardo Silveira toque a sua bateria - literalmente - de olhos fechados. Sempre muito simpática, Sandra deixou que fosse o baixista Bruno Branco a saudar o público e a resposta foi a esperada, os Blame Zeus jogavam em casa e são uma banda muito acarinhada. Com uma carreira com mais de 10 anos, é natural que alguns temas se tornem obrigatórios e tinha então chegado a altura de os interpretar. Falamos de “The Apprentice”, “Speechless”, “Accept” -onde o baixo de Bruno se torna preponderante- e “No”. O tempo como que voou durante a atuação dos Blame Zeus e quando demos por nós era anunciada a última música da noite. Mais um saltinho a Laudanum com “Burning Fields” que encerrou este fantástico evento.

Ligeiros problemas de som que afetaram os Ionized num ou noutro tema - e também o início do concerto dos Allgema -, foram eficazmente ultrapassados, tornando esta noite num verdadeiro tributo ao heavy/rock nacional. Dia 11, a dose vai ser novamente servida com a festa a ser levada ao R.C.A., em Lisboa, desta vez sem os Ionized, mas com os Reverent Tales a terem as honras de abertura.

Texto por António Rodrigues
Agradecimentos: Allgema e Notredame Productions