Estas variam desde a ansiedade romântica em “The Attic” (I don’t think I can Stand it”/“There’s Panic in the Attic”) à irreverência em “Church Outift” (“This is the dress I want to be buried in”) e “Flicker” (“Get the fuck out of my car”).
O início de “Church Outfit” lembra “Ligature Wounds” dos Gost, o que afasta Poppy dos lançamentos anteriores em que se mergulhara na sonoridade metal, quase voltando ao pop de onde surgiu, mas mantendo uma sonoridade negra. Aqui, lá está, o som tem a agressividade do rock industrial de bandas de industrial como os Gost ou até os alemães Project Pitchfork (o uso de guitarras distorcidas misturado com produção electrónica em “Zig”).
Temas como “Church Outfit” e “Hard” em que Poppy grita como fizera anteriormente em temas como “Say Cheese”, contrastam com “Knockoff”, que é pop mais directo. Assim, o álbum flui naturalmente, com “What it Becomes” com um instrumental negro e pesado que quase lembra os temas mais negros de Billie Eillish, como “Bury a Friend”. O recurso a guitarras acústicas em “Linger” é outro tema que soa quase a um de Billie Eillish, mas quando entra o beat irregular ao fim de um minuto, temos surpresa interessante. Por sua vez, “Motorbike” é o tema mais radio-firendly, quase soando a “Break my Heart” de Dua Lipa. Animado, sim, mas tenso.
A identidade musical de Poppy passou por várias fases, tendo começado com o pop simples, sedutor e directo do EP de estreia Bubble Bath onde, por exemplo, “Lowlife” tinha um ritmo e instrumentação pop-ska no estilo dos No Doubt. Posteriormente, a sonoridade mudou radicalmente para metal em “I Disagree”, mas sempre com uma ligação ao pop, um pouco na veia das japonesas Babymetal. Com Zig temos aqui mais uma mudança de “pele”, passo a expressão.
É interessante ser testemunha desta trajectória tão peculiar, onde encontramos músicas como o desconcertante “1s+0s” e “Linger” com uma pulsação irregular, que seria normal num disco de Nine Inch Nails, mas não num disco pop. E por sua vez, temos “What it Becomes” e “Flicker” (com um apontamento de cordas no final) com uma dinâmica mais regular que não destoaria num lançamento dos Ulver (da fase de “Death of Julius Caesar” e Flowers of Evil”). Ouve-se bem do princípio ao fim, com pormenores que podem ser descobertos com novas audições: a bateria digital quase jungle de “Attic”, as texturas de teclados ao longo de temas como “Linger” e o recurso a guitarras e voz distorcida em outros temas. Por fim, são de destacar: “Church Outfit”, “Knockoff” e “Hard”.
Nota: 8/10
Review por Raúl Avelar