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Nervosa - "Jailbreak" Review


2020 foi um annus horribilis para toda a gente, mas para a guitarrista Prika Amaral foi ainda mais difícil. De um momento para o outro, Fernanda Lira, baixista e vocalista, e Luana Dametto, baterista, deixaram o power trio por diferenças criativas (vindo, posteriormente, a formar as Crypta, que já vão no seu segundo álbum), deixando a guitarrista sozinha com a banda e o seu legado. Rapidamente, Prika recrutou três novas membras no circuito internacional e reergueu a banda das cinzas, publicando o aclamado Perpetual Chaos, em 2021. 

2022 foi um ano de intensa atividade, com mais de 100 concertos em 28 países, incluindo concertos bem-sucedidos em Lisboa e Porto. No entanto, a distância entre Prika e as restantes membras veio a tornar-se um problema e, conforme entraram, assim saíram, deixando Prika novamente sozinha. Desta vez, assumiu definitivamente as vozes e recrutou apenas instrumentistas – Helena Kotina para a segunda guitarra, Hel Pyre para o baixo e Michaela Naydenova para a bateria. É neste contexto que é editado Jailbreak, o quinto álbum da banda.

À primeira audição, percebe-se que a veia da banda se manteve inalterada – é thrash metal old school, com laivos de death, na linha de Destruction e do thrash teutónico dos anos 80. O disco abre fortíssimo, com Endless Ambition, que será com certeza um tema sempre presente nas apresentações ao vivo. A voz de Prika encaixa bem no estilo da banda, embora não pareça tão versátil quanto a voz de Fernanda Lira e de Diva Satanica, as anteriores donas do microfone da banda. Os temas vão se sucedendo a um ritmo furioso, sem pausas, sem misericórdia, sem fazer prisioneiros. São 46 minutos de uma descarga contínua de adrenalina, riffs poderosos e uma secção rítmica implacável. Há ainda tempo para a participação de Gary Holt (Exodus, Slayer) no tema When the Truth is a Lie e de Lena Scissorhands (Infected Rain/Death Dealer Union) no tema Superstition Failed. 

A temática lírica é a do costume – questões sociais e políticas da sociedade ocidental, com as suas contradições e fraquezas. A execução técnica é irrepreensível, ao nível do melhor que se faz no género. A produção esteve novamente a cargo de Martin Furia, guitarrista de Destruction, que volta a fazer um excelente trabalho a realçar a robustez e a ferocidade da banda.

Em jeito de resumo, pode dizer-se que as boas notícias são… que nada mudou. As más notícias são… que nada mudou. Jailbreak é um álbum muito aceitável e que pode ser o início de um capítulo de maior estabilidade da banda. É um disco que vai agradar aos fãs da banda e que demonstra que as Nervosa são um caso sério no thrash. No entanto, não é o tiro na mouche que Prika provavelmente quereria nem o álbum que vai elevar a banda para outros patamares. É um disco bom de ouvir mas não traz nada de novo. 

Nota: 7/10

Review por Renato Conteiro