Pois bem, estes senhores são contemporâneos dos artistas acima mencionados e os seus dois primeiros trabalhos Strap It On e Meantime são considerados álbuns de referência do género.
Bandas celebradas como Deftones, Soufly, Queens of the Stone Age, Godsmack, Pantera, Mastodon, Sepultura, Korn e os supracitados Tool citam estes senhores liderados deste sempre pelo talentoso Page Hamilton (Guitarra, Voz), como influência.
As razões para estes senhores serem remetidos para o esquecimento são várias, começando pela perda de dois membros influentes da banda Peter Mengede (Guitarra), que formaria os incrivelmente subestimados Handsome depois de sair da banda, por desentendimentos com Page Hamilton e do fabuloso John Stanier (Bateria) que depois da banda se dissolver em 1997, não voltou para a reformação da banda em 2004 e é membro de Tomahawk de Mike Patton, desde o início desse projeto.
Helmet é também uma banda mais orgânica, menos imediata e não tem à partida o apelo comercial de bandas como Alice in Chains ou Soundgarden, embora em termos composicionais seja tão ou mais desenvolvido do que estas bandas. A questão é que os trabalhos destes senhores merecem a atenção que é devida a um bom disco de Jazz, este humilde escriba que numa das vezes em que os Helmet tocaram em Portugal, teve oportunidade para tirar uma fotografia com Page Hamilton e numa muito breve conversa, disse ser fã do fabuloso guitarrista Wes Montegomery.
Neste como em todos os trabalhos desta banda são necessárias múltiplas audições para conseguir discernir o que está a ser tocado, seja um pequeno apontamento de baixo, um riff ou uma melodia de guitarra, ou um solo cadenciado. Só descobrindo as várias camadas é que os pormenores se revelam e provam que estes senhores são executantes fenomenais, sempre pontificados pelo talento composicional de Page Halmilton.
A base composicional deste senhor não é 4/4 ou 3/4, os temas têm melodias cadenciadas, na maioria dos casos com tempos desconcertantes, ritmos de guitarra interpolados com melodias de baixo, uma bateria com uma presença forte a acentuar os riffs, e solos de guitarra que parecem numa escuta superficial parecem simples, mas que estão muito longe de o ser.
Nos dois trabalhos anteriores parecia que a banda estava a perder a contundência e a agressividade de outros tempos, mantendo uma toada mais constante e pouco dinâmica, mas neste trabalho a agressividade quer musical, quer lírica estão bem patentes o que torna este álbum mais apelativo para os apreciadores da fase inicial da banda, e prova que este projeto ainda tem a relevância necessária, para continuar a apresentar discos de qualidade e com excelente produção como este que aqui temos.
Nota: 8/10
Review por Nuno Babo