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Entrevista a Bjørkø (Tomi Koivusaari - Amorphis)


O guitarrista dos Amorphis, Tomi Koivusaari, ganha destaque com Bjørkø, o seu tão aguardado projeto solo e álbum de estreia “Heartrot”, que será lançado em dezembro pela Svart Records. O álbum conta com convidados de luxo e tem temas em vários idiomas. O talento de Waltteri Väyrynen (Opeth, ex-Paradise Lost), Lauri Porra (Stratovarius) e Janne Lounatvuori (Hidria Spacefolk) adicionam uma base sólida à arte de Koivusaari.
A Metal Imperium conversou com o Tomi para descobrir todos os detalhes por trás deste interessante projeto solo.

M.I. - Olá! É um prazer conversar contigo! Como estás?

Estou bem, a preparar-me para começar uma tournée europeia amanhã. Tocaremos na Suíça e, por isso, hoje estou a fazer as malas.


M.I. - Sou fã há muitos anos... aliás, a primeira vez que vi os Amorphis ao vivo aqui em Portugal, vocês tocaram com os Kyyria e tu eras o vocalista! Lembras-te desse concerto?

Sim, eu lembro-me desses dias e desses concertos!


M.I. - Mas estamos aqui para falar sobre o teu projeto a solo! Como surgiu a ideia de dar o nome BJØRKØ à banda? Está de alguma forma relacionado com o teu apelido Koivusaari, certo?

Sim, pensei durante um tempo e pareceu-me um pouco estúpido usar o meu nome Tomi Koivusaari, então tive a ideia de traduzir o meu apelido para sueco, e fica como Birch Island. No começo, parecia-me bem, mas ainda soava um pouco idiota e todos conhecem a artista islandesa com um nome semelhante... então decidi traduzi-lo para norueguês e foi assim. Soava-me bem, portanto foi uma boa decisão.


M.I. - Por que sentiste necessidade de criar este projeto? Quando é que a ideia surgiu?

Bem, a primeira vez que me veio à mente foi há quase 15 anos, porque eu tinha muitas músicas, algumas ideias inacabadas que não podia usar com os Amorphis porque soavam demasiado diferentes e não sabia como usá-las. Às vezes, enquanto andava a mexer no meu disco rígido, pensava “Ok, devia fazer algo com isto um dia!” mas não conseguia decidir o que poderia ser. Então, tive a sensação de que talvez devesse lançar um álbum a solo, só por diversão, mas estivemos tão ocupados com os Amorphis nos últimos 15 anos, que não consegui encontrar tempo para isso e também não conseguia decidir que direção ou que tipo de música queria. Quando o Covid chegou, os Amorphis já tinham gravado o álbum “Halo” e a pandemia ainda continuava e eu comecei a verificar o material antigo e resolvi fazer 8/10 músicas e lançá-las... sem pensar musicalmente como deveria soar! Testei música por música e comecei a procurar os cantores para as músicas, e tudo começou a rolar como uma bola de neve! Sim, mas não sei se algum dia teria tido tempo para fazer isto sem a pandemia.


M.I. - Então, o covid foi uma coisa “boa” para ti, certo?

De certa forma, para este projeto, sim! Eu precisava de ter algo para fazer.


M.I. - Querias lançar este álbum quando completasses 40 anos, no entanto, vais lançá-lo este ano, que é o ano em que completaste 50 anos.

Sim, mas eu não tinha as músicas prontas naquela época. Originalmente, há 15 anos, eu pensava que seria fixe lançar algo quando fizesse 40 anos, mas isso nunca aconteceu e as músicas ainda não estavam prontas. Foi só uma ideia da primeira vez que pensei nisso!


M.I. – Se, de facto, tivesses lançado esse álbum quando completaste 40 anos, há dez anos, achas que o resultado final seria semelhante ao resultado atual ou completamente diferente?

Sim, tenho a certeza que seria diferente, porque naquela época eu estava a pensar mais na direção em que deveria ir, que deveria encaixar num género musical, mas desta vez eu nem quis pensar nisso, só preparei as músicas e lancei-as.


M.I. - Supostamente não querias uma abordagem tradicional que limitasse a tua expressão artística. Na tua opinião, esse objetivo foi alcançado? Os dois singles são completamente diferentes... o primeiro não, mas o segundo é completamente diferente do que se poderia esperar de um metal head.

Certo! Eu sei! Bem, o último single é facilmente a música mais lenta do álbum! Eu acho que todas as músicas são muito diferentes entre si, mas ainda assim encaixam mais ou menos num tipo de música mais pesada. Mas este single ficou mais suave, porque, no início, era para ser instrumental. Era um instrumental de 10 minutos com várias partes, mas depois pedi à Mariska para cantar nele e tivemos que fazer mudanças muito radicais na música, torná-la mais simples e curta e torná-la mais parecida com uma canção. E foi assim que saiu, mas sim, o meu objetivo não era fazer tipos de músicas muito diferentes. Eu estava a pensar numa música de cada vez e em quem poderia ser o cantor adequado para ela e coisas assim. Quando eu tinha 8/10 músicas prontas, parei e ouvi tudo junto e comecei a pensar qual poderia ser a ordem das músicas e foi muito difícil, claro, porque tem muitos tipos diferentes de músicas e três diferentes idiomas, como o islandês, finlandês e inglês, por isso não foi um trabalho fácil de fazer! O meu objetivo era fazer tudo sem pensar muito e seguir a intuição!


M.I. - O álbum reflete a tua personalidade? Achas que mostra ao ouvinte a verdadeira essência do Tomi?

Sim, claro, acho que sim! Não é um álbum feliz ou música alegre, é bastante melancólico, como eu também sou. Nunca pensei sobre isso dessa forma, mas sim, claro, toda a música vem de mim, portanto diz algo sobre mim!


M.I. - É o teu primeiro álbum como artista a solo, mas estás muito bem acompanhado, nomeadamente pelo Jeff Walker (Carcass), Waltteri Väyrynen (OPETH, ex-PARADISE LOST), Lauri Porra (STRATOVARIUS) e Janne Lounatvuori ( HIDRIA SPACEFOLK). Estes convidados estiveram sempre na tua mente ou surgiram com o passar do tempo? Como é que eles reagiram ao convite? Disseram “sim” imediatamente?

Bem, na época em que preparei isto, passava muito tempo no campo, na minha cabana, em pleno inverno. Eu estava a trabalhar com uma música de cada vez e comecei a imaginar o tipo de voz que deveria ter, que tipo de linguagem deveria ter. Pensei “Ok, isto parece ser perfeito para este cantor ou esta cantora”. Alguns cantores eu já conhecia antes e outros não, portanto mandei-lhes uma mensagem pelo Instagram “Olá, eu tenho este projeto! Estás interessado?" e todos disseram que sim. Foi muito rápido também, porque quando cantava a versão demo da música, alguns dias ou talvez algumas semanas depois, eles enviavam-na de volta com os vocais completos. Não dei muitas instruções nem nada parecido, mas dei-lhes mãos livres para fazerem o que quisessem. Para alguns vocalistas, eu enviei as letras e os arranjos prontos, mas alguns fizeram isso sozinhos e foi engraçado, porque soava muito parecido com o que eu imaginei. Fiquei muito feliz por tê-los a todos neste projeto!


M.I. – Mas tu cantas alguma das músicas?

Sim, canto uma a meias com o Tomi Joutsen.


M.I. - E nunca foi uma opção tu cantares todas as músicas? Quero dizer, já foste o vocalista principal dos Amorphis!

Sim, durante um tempo ainda brinquei com esse pensamento, mas logo percebi que talvez fizesse duas, três músicas com uma voz gutural... é que eu não consigo cantar, cantar de verdade, e não pensei nisso porque é demais para mim, e nunca experimentei cantar sozinho no chuveiro! (Risos) Mas eu cantei numa música com o Tomi Joutsen, vocalista dos Amorphis. Ele disse “Vamos fazer um dueto” e eu disse “Ok, assim será!”.


M.I. - Só quero dizer que “Tales from the Thousand Lakes” é um dos meus álbuns favoritos e tu cantas nele, portanto consegues cantar, bem é mais gutural, mas é ótimo, por isso se o fizesses nas músicas deste álbum, seria fantástico! O Jeff Walker dos CARCASS parece ser a escolha adequada para uma das faixas mais pesadas do álbum “The Heartroot rots”. Ele (e os outros convidados) deixaram a sua marca pessoal nas faixas ou disseste-lhes como querias que as faixas soassem? O Jeff escreveu essa música ou foste tu?

Metade das músicas são feitas pelos próprios cantores e metade das músicas são escritas por mim e pelo meu amigo de infância Jussi que toca comigo nos Abhorrence. Enquanto fazíamos as letras, falávamos sobre que tipo de letra eu queria, e essas músicas, aquela música em particular,o Jussi já sabia que seria o Jeff a cantá-la, e fez a letra um pouco para se encaixar no estilo do Jeff e soa um pouco a Carcass.


M.I. - E o vídeo é um pouco assim também!

Sobre essa música ainda me lembro muito bem, porque o Jeff mandou-me uma mensagem a dizer “Estarei no estúdio dentro de 1 hora! Podes enviar-me uma orientação de como devo cantar?”. Eu estava em casa, o meu filho de 12 anos estava a tomar o pequeno-almoço ao meu lado e eu estava a fazer a demo das vozes guturais na mesa da cozinha e ele olhou para mim tipo “Ok, o pai está a trabalhar!”.


M.I. - Se metade das letras foram escritas por ti e pelo teu amigo Jussi “Juice” Ahlroth, e alguns dos cantores (Mariska, Ismo Alanko, Jessi Frey e Addi Tryggvason) escreveram as suas próprias letras, como é que transformaste estas faixas em faixas do Tomi? Como podes considerar este o teu álbum a solo se não o fizeste inteiramente?

Sim, a música em si e o arranjo de cada faixa, como está no álbum, é muito parecido com o que estava nas minhas próprias demos. Mas é verdade nesse sentido, não é totalmente o meu álbum a solo porque alguns dos cantores fizeram as linhas vocais, arranjos, letras e também algumas melodias sozinhos, mas eu queria que fosse assim também, porque mesmo sendo um álbum a solo, eu gosto que BJØRKØ seja tipo uma banda, porque gosto de tocar em bandas e já toco há...


M.I. - ...eternidades...

Eternidades! Gosto quando as pessoas de fora têm o seu jeito de fazer as coisas e como isso muda, é mais rico e completo do que se tivesses apenas uma cabeça a pensar. Mas sim, é verdade que não são músicas completamente minhas quando outras pessoas fazem as letras e os vocais, mas elas fazem parte disto!


M.I. - Eu sei que este álbum trata de emoções, provavelmente apenas emoções tristes! O segundo single é tão triste... não entendo uma palavra, mas faz-me chorar, nem sei porquê! Que tipo de sentimento desejas que o ouvinte sinta ao ouvir as músicas?

Não quer dizer que eu estou sempre triste, mas é verdade que, quando se trata de música, gosto mais de coisas tristes e melancólicas do que de músicas alegres e animadas, sinceramente odeio isso! Se ouço músicas tristes, isso deixa-me feliz! Não é que eu vá ficar triste por causa de uma música triste, mas é isso que procuro na música. Quando começo a escrever música ou a testar algumas coisas, penso no que me atrai na música e se soa muito feliz ou muito... nem sei a palavra... então simplesmente abandono. Estas músicas foram compostas no meio da noite, no meio da floresta, em pleno inverno e não é como se estivesses a pular e a dançar ao mesmo tempo, é mais como ir para um lugar mais profundo dentro da tua cabeça e sentir emoções mais profundas ao mesmo tempo.


M.I. - Qual é a tua faixa favorita do álbum? Por quê?

Hum, não é fácil! Eu nem queria escolher as músicas do single, por ser muito difícil para mim, porque gosto de todas! Todas têm o seu lugar mas há uma ou outra que merecem um destaque especial! Todas as músicas são importantes e todos os cantores são importantes, mas principalmente a música “Värinvaihtaja”, que é em finlandês, e é cantada pelo Ismo Alanko. Tenho ouvido a música e respeitado o modo de fazer música do Ismo desde os 12 anos, já que ele tem feito muitas coisas diferentes com diferentes tipos de bandas e com a sua carreira a solo. Eu não tinha a certeza se ele faria isto, porque normalmente não faz muitas coisas como “convidado”. Quando ele me disse “Ok, eu alinho”, fiquei muito satisfeito, portanto essa é a música que vem em primeiro lugar à minha mente agora.


M.I. - Falando em exposição... fala-nos sobre a capa do álbum... de quem foi a ideia de estares tu ali coberto de flores mortas? Quer dizer, tu pareces ser tímido, e ver uma capa como esta é muito interessante porque estás “nu”, como se estivesses realmente a expor-te e à tua verdadeira essência, metafórica e literalmente!

Sim! Acho que sei o que queres dizer! Tive a ideia de não fazer uma capa de álbum de metal tradicional em cinzento e preto. Eu queria fazer algo “fora da caixa”. Há um fotógrafo finlandês, eu vi a arte dele, e ele fotografa flores mortas com uma luz muito estranha e fica muito assustador. Perguntei-lhe se ele poderia fazer a capa, mas isso nunca aconteceu! Ele fez algumas artes para este álbum, mas não a capa propriamente dita. Um dia, fui tirar fotos minhas com o Sam Jansen e, por acidente, a esposa dele tinha umas flores mortas que estava a usar num projeto, e o Sam perguntou-me se deveríamos tirar algumas fotos com as flores e eu pensei “Bling! Essa é a ideia original!” e ele nem sabia disso! Só por diversão, ele disse “Tire a camisa!” e as fotos ficaram tão engraçadas e completamente diferentes do que eu esperava, por isso decidimos usar uma na capa. Alguns podem achar que é uma capa muito feliz, porque há flores e eu estou relaxado, mas ao mesmo tempo são flores mortas e não se sabe se o tipo na capa está vivo ou morto. Tem vários significados! Quem vir este disco numa loja, na secção de música pesada, vai reparar nele por ser muito colorido!


M.I. - O título “Heartrot”... por que o escolheste? É porque estás a apodrecer por dentro?

Veio da música “The Heartrot roots”. Essa foi provavelmente a parte mais difícil: o nome do álbum! Fui nadar três dias por semana, durante três meses e, sempre que ia nadar, tentava apenas escolher um nome/título para o álbum e não conseguia... Eu pensei em nomes longos muito estranhos e nada me soava bem, por ser algo muito artístico ou muito simples ou algo assim. Portanto veio daquela música. Ao mesmo tempo, o meu apelido é Birch Island, e existem as bétulas e a podridão é o nome da doença que começa a apodrecer a árvore por dentro. E veio daí... não tem um significado mais profundo... não estou a apodrecer... acho que não!


M.I. – Se tivesses que categorizá-lo de acordo com o género, como o definirias? Em termos sonoros, irá agradar aos fãs de que bandas?

Acho que todas as bandas que já ouvi, portanto não sei! Acho que todas as músicas de que gosto de alguma forma “afetaram” estas músicas, e não consigo categorizar o som! Algumas músicas são old school death metal, muito primitivo, do final dos anos 80, e algumas são muito melódicas e também há muitas influências do rock dos anos 70, e de algumas bandas finlandesas, portanto, não sei! Isso é difícil, mas para mim também é mais rico ter estilos diferentes! Ok, se fosse uma banda normal, poderia ser muito estranho, mas não é, são apenas algumas músicas que podes imaginar como sendo a banda sonora da minha vida e eu coloquei diferentes tipos de músicas sob o mesmo nome: BJØRKØ!


M.I. - Então este é um projeto de um único álbum ou planeias lançar mais?

Bem, foi muito divertido, e gostaria de um dia ter tempo e energia para fazer isto de novo, mas não sei quando. Na verdade, não tenho planos porque agora estou apenas concentrado nos Amorphis, mas, sim, se houver outra pandemia, então definitivamente farei o segundo! Ou sem pandemia, não sei! Ainda tenho muitas músicas por terminar, por isso talvez, mas não sei é se vou ter tempo!


M.I. - O álbum foi produzido pelo teu amigo de longa data, Nino Laurenne. Por que o escolheste? Quão envolvido estiveste na produção? Estiveste presente e apresentaste as tuas ideias o tempo todo ou deixaste isso para ele?

Não, o álbum foi produzido por nós os dois. Fui eu quem produziu todas as músicas e arranjos e quando o convidei para se juntar a mim, ele tratou mais da gravação e da mistura. Eu diria que nós dois produzimos, mas ele não participou muito na composição da música porque às vezes não concordávamos em algumas decisões. Eu perguntava “De quem é este álbum a solo?” e ele dizia “É teu!”, portanto eu é que decidia tudo. Foi divertido trabalhar com o Nino porque nos conhecemos há muito tempo e ele é um tipo fixe e foi muito fácil. Se algum dia eu lançar um segundo álbum de BJØRKØ, com certeza vou convidar o Nino para se juntar a mim.


M.I. - Além de “The Heartroot rots” e “Magenta”, sairá outro single antes do lançamento do álbum no dia 1 de dezembro?

Ah, acho que sairá uma música no mesmo dia em que o álbum for lançado. Será o tema com o Marco Hietala. E um mês ou algumas semanas após o lançamento, sairá o single com o Addi Tryggvason, que é a última das músicas finlandesas.


M.I. - Considerando que todos os músicos envolvidos em BJØRKØ também estão em outras bandas, existe alguma hipótese de vocês fazerem uma tournée para promover “Heartrot”?

Bem, é quase impossível! Claro que poderia ser possível, porque BJØRKØ é tipo uma banda, mas quando tem tantos músicos de bandas diferentes, é impossível colocar toda a gente no mesmo dia, no mesmo lugar para fazer um concerto. Poderia ser divertido, mas não sei! Na verdade tudo o que posso fazer é dar entrevistas e, claro, é problema da editora a forma como vai promover BJØRKØ e o álbum!


M.I. - Mas poderiam fazer pelo menos um concerto de lançamento!

É impossível ter todos no mesmo lugar! É muito difícil! Todos somos músicos profissionais que viajamos o tempo todo.


M.I. – A editora Svart Records parece ser bastante eclética e especializada em vinil. Estou errada?

Não, estás certa! Eles fazem muitas coisas importantes, culturalmente também, porque estão a lançar trabalhos de alguns artistas com menos visibilidade, assim como estão a lançar novas edições em vinil. Conheço os tipos da Svart e eles moram na Finlândia... conheço alguns deles desde os 15 anos, quando tocava nos Abhorrence, e é fácil trabalhar com eles. Estou feliz que a Svart esteja a fazer isto e eu definitivamente queria ter um vinil, especialmente hoje em dia acho que é mais importante do que um CD.


M.I. - Mas acredito que um músico como tu, provavelmente, recebeu ofertas de muitas editoras, mas escolheste a Svart. Porquê? Porque a tua banda Abhorrence também assinou contrato com eles? Porque eles apoiam bandas finlandesas?

Não, porque as outras editoras estavam a fazer muitas perguntas, a dizer que não sabiam como promover o álbum, não sabiam como o rotular musicalmente e que era muito difícil. A Svart disse: “Ok, nós conseguimos!”, e essa foi uma das coisas mais importantes para mim.


M.I. - O vinil verde do álbum inclui um pequeno saco de folhas secas de bétula (para ser usado para trazer o aroma de uma manhã fresca de verão finlandês para qualquer sauna). Quem teve esta ideia? Achas que vai vender mais por causa disto? A sauna é muito importante na Finlândia!

Bem, na verdade, eu estava na minha cabine, recebi um e-mail da Svart a dizer “Vamos fazer uma promoção amanhã, temos de decidir algumas coisas. Normalmente temos packs com uma T-shirt ou o que quer que seja do álbum. Tens algo especial em mente?” e eu disse “ok”. Vi na minha frente uma árvore muito parecida com a bétula e, quando é inverno, não há folhas nas árvores e podes colocá-las em água e quando estás na sauna vem aquele cheiro gostoso de verão fresco, e é essa a história. Eu sugeri “Deveríamos fazer assim e colocar o logotipo” e foi só isso que me veio à cabeça, por ser mais original do que uma simples t-shirt. Mas não sei quão fácil será na alfândega quando enviarmos o álbum com aquele pacote de folhas verdes! Pode ser muito suspeito!


M.I. - Amanhã os Amorphis vão em tournée, por isso não ocupo mais o teu tempo. Só quero agradecer por teres respondido à minha mensagem, o que eu nunca esperava, porque às vezes artistas “pequenos” não me respondem e depois ver que tu respondeste, foi tipo “uau!”

É assim que estou a lidar com a promoção deste álbum, apenas com mensagens no Instagram e funciona, portanto...


M.I. - Quero agradecer muito por todas as músicas e por tudo que já fizeste pelo underground, por seres um grande músico! Espero falar contigo novamente um dia! Desejo-te uma ótima tournée e que este álbum seja um grande sucesso! Podes deixar uma mensagem aos fãs portugueses e aos nossos leitores?

Muito obrigado! Espero ver-te em Portugal!
Olá aos nossos fãs portugueses! Seria bom ir aí tocar novamente, pois divertimo-nos sempre muito e adoraríamos rever os nossos amigos dos Moonspell também. Espero ver-vos a todos em breve, talvez em festivais no próximo ano.

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Entrevista por Sónia Fonseca